Daniel Barenboim inaugura Sala Pierre Boulez em Berlim
5 de março de 2017
Projeto do arquiteto Frank Gehry e do engenheiro acústico Yasuhisa Toyota será palco para mais de 100 apresentações por ano. Organizadores querem reunir clássicos, modernos e contemporâneos em concertos ecléticos.
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O renomado maestro Daniel Barenboim apresentou neste sábado (04/03) o concerto inaugural da nova sala de música de câmara de Berlim, a Pierre Boulez Saal.
O programa de três horas incluiu Initiale e Sur incises, de Boulez, prestigiado compositor, morto em janeiro de 2016 aos 90 anos, assim como peças de câmara de Franz Schubert, Wolfgang Amadeus Mozart, Alban Berg e Jörg Widmann, nascido em 1973.
Com essa seleção eclética, a intenção dos organizadores foi dar "expressão audível" à filosofia da casa, onde "clássicos, obras primas do século 20 e música de nosso tempo devem soar lado a lado, estimulando e inspirando tanto o público quanto os intérpretes".
Segundo o presidente da Alemanha, Joachim Gauck, presente no concerto, "a capital deve esta casa à boa relação entre Berlim e Barenboim". O músico argentino-israelense é diretor musical da Staatsoper e maestro titular da Staatskapelle Berlin.
Na noite de sábado, além de reger, ele tocou piano, acompanhado pela soprano Anna Prohaska, pelo pianista Karim Said, natural da Jordânia, pelos instrumentistas de cordas Michael Barenboim, Yulia Deyneka e Kian Soltani e pelo Boulez Ensemble.
Espaço modular de 360 graus
A pedido de Barenboim, o arquiteto americano Frank Gehry projetou a Sala Pierre Boulez, baseado na ideia do compositor francês de "salle modulable", um espaço modular de 360 graus, envolvendo músicos e ouvintes durante as apresentações.
O custo total foi de 21,4 milhões de euros, sendo 13,7 milhões de euros de doadores e patrocinadores privados, e o restante, do governo alemão. O local será palco para mais de 100 concertos por ano.
O prédio, situado próximo à casa ópera Staatsoper Berlin, também abrigará a Academia Barenboim-Said, que visa "unir jovens músicos talentosos do Oriente Médio, Norte da África e de todo o mundo". O nome da instituição é uma homenagem ao literato palestino-americano Edward W. Said (1935-2003), cofundador, em 1999, da West-Eastern Divan Orchestra.
Os berlinenses já apelidaram a Pierre Boulez Saal de "pequena Elbphilharmonie". Trata-se de uma alusão à Filarmônica do Elba, de Hamburgo, inaugurada em 11 de janeiro último, com sete anos de atraso e um orçamento mais de quatro vezes superior ao original.
O engenheiro acústico japonês Yasuhisa Toyota, responsável tanto pela sala de concertos da Elbphilharmonie como pelo Walt Disney Concert Hall, em Los Angeles, e o Suntory Hall de Tóquio, projetou a acústica da nova sala de concertos berlinense de 682 lugares, cujo diretor geral é o dinamarquês Ole Bækhøj.
AV/epd/dpa
As salas de concerto mais espetaculares da Europa
Modernas casas de espetáculos não só se destacam por uma acústica perfeita, mas também chamam a atenção por sua arquitetura.
Foto: picture alliance/Arcaid/S. Ellingsen
Centro de Artes Performáticas Kilden, Noruega
O teatro ultramoderno com uma fachada de vidro de 100 metros de comprimento e madeira de carvalho fica no porto de Kristiansand. Desde 2012 o centro cultural com capacidade para 1.170 espectadores abriga em seus 16.500 metros quadrados o teatro Agder, a ópera Sør e uma orquestra sinfônica. O prédio foi projetado por arquitetos noruegueses e finlandeses.
Foto: picture alliance/Arcaid/S. Ellingsen
Filarmônica de Paris, França
Dois artistas célebres, maestro Pierre Boulez e arquiteto Jean Nouvel, foram os idealizadores da casa de espetáculos aberta em 2015. A principal sala de concertos recebe 2.400 espectadores. A estrutura de aço e alumínio da fachada tem 340 mil pássaros recortados, que à distância brilham como escamas de peixe. O prédio de formas sinuosas tem área de 20 mil metros quadrados e 37 metros de altura.
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Sage Gateshead, Inglaterra
Sete pontes sobre o rio Tyne ligam Gateshead a Newcastle. A sala de concertos que leva o nome de um patrocinador foi inaugurada em 2004 pelo arquiteto Norman Foster. O centro de música fica aberto aos visitantes 364 dias por ano e 16 horas por dia.
A sala de concertos com capacidade para 1.300 espectadores, concebida pelos arquitetos Rem Koolhaas e Ellen van Loon, parece uma gigantesca caixa amassada. A fachada é dominada por concreto branco e vidro. Por dentro, predominam as cores e formas suaves, e os típicos azulejos portugueses. O teto de vidro pode abrir-se, dando vista por sobre os telhados das casas do Porto, até o Atlântico.
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Palau de les Arts Reina Sofia, Valência, Espanha
Em sua cidade natal, Valência, o arquiteto Santiago Calatrava criou a Cidade das Artes e das Ciências. O complexo abriga um aquário marítimo, um planetário, um museu de ciência e uma casa de ópera. O arrojado prédio é todo branco. As duas estruturas de aço em forma de concha que formam o telhado pesam cerca de 3 mil toneladas. É um prédio ou uma escultura? Um cisne gigante ou uma baleia?
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Ópera de Oslo, Noruega
O telhado acessível tem 36 mil blocos de mármore carrara. O prédio em si é envolto por paredes de vidro. Para garantir uma boa acústica, o interior é revestido com madeira de carvalho pintada com óleo. Os balcões foram lixados por construtores de barcos noruegueses. Nas pausas das apresentações, pode-se apreciar a vista dos fiordes.
Na época da inauguração, a arquitetura incomum e o fato de o palco ficar no meio da sala geraram controvérsia. Mesmo assim, o prédio virou modelo para outras salas de concerto no mundo. O arquiteto Hans Scharoun concretizara ali seu ideal de sala de espetáculos. O concerto inaugural da casa da orquestra Filarmônica de Berlim, em 1963, foi regido por Herbert von Karajan.
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Aalto Theater, Essen, Alemanha
Para projetar as sinuosas fileiras de poltronas diante do palco e a forma assimétrica do auditório, o arquiteto finlandês Alvar Aalto se inspirou no antigo teatro de Delfos, na Grécia. Embora o projeto já estivesse pronto no fim dos anos 1950, a construção só começou em 1983. O prédio é considerado um ícone do modernismo clássico.
Foto: Bernadette Grimmenstein
Sala de concertos Harpa, Reykjavik, Islândia
O artista dinamarquês-islandês Ólafur Elíasson projetou a fachada da sala Harpa com elementos em vidro parcialmente coloridos em forma de favos de mel, que refratam a luz solar e a refletem em cores. À noite, o prédio é iluminado por um jogo de luzes caleidoscópico. Além de designar o instrumento e ser um nome feminino, em islandês "Harpa" é o primeiro mês de verão.
A Filarmônica do Elba, no norte da Alemanha, é a união de um armazém histórico com uma estrutura de vidro que parece flutuar. A ideia é dos arquitetos Herzog & De Meuron. O telhado ondulado remete à água e às ondas sonoras. A sala de concertos é desacoplada do resto da construção, isolando assim os ruídos da área portuária.