Daniel Dias sobra e conquista sua 16ª medalha paralímpica
Philip Verminnen9 de setembro de 2016
Maior medalhista brasileiro nas Paralímpiadas, nadador é tricampeão paralímpico dos 200m livres na categoria S5. Na prova dos 100m costas S7, Ítalo Pereira leva o bronze.
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Daniel Dias, principal atleta da delegação paralímpica do Brasil, faturou sua primeira medalha de ouro nos Jogos Paralímpicos do Rio de Janeiro. Nesta quinta-feira (08/09), no Parque Aquático Maria Lenk, o nadador foi o mais rápido nos 200m livres S5 – categoria para atletas com deficiência que atinja o tronco e duas ou mais extremidades – completando a prova em 2min27s88.
O paulista repetiu Pequim e Londres e conquistou assim o tricampeonato da prova. A prata ficou com o americano Roy Perkins, mais de dez segundos atrás do brasileiro, com 2min38s56; e o bronze com o britânico Andrew Mullen, com 2min40s65.
Esta foi a primeira de nova provas nas quais Daniel competirá nos Jogos Paralímpicos de 2016. Somando os quatro ouros de Pequim, em 2008, e outros seis ouros em Londres, em 2012, Daniel possui agora 11 medalhas douradas e é o maior atleta paralímpico do Brasil na história. O paulista conquistou ainda quatro pratas e um bronze – todas em Pequim.
Eleito o melhor atleta paralímpico do mundo por três vezes (2009, 2013 e 2016), Daniel tem a chance de se tornar o maior campeão paralímpico entre os homens nos Jogos de Verão. Caso vença todas as provas restantes, Daniel chegará a 19 medalhas de ouro, ficando assim com duas medalhas a frente do atirador Jonas Jacobsson – o sueco, no entanto, participa de três provas no Rio de Janeiro.
O recorde geral de pódios, porém, é inalcançável: a aposentada nadadora americana Trischa Zorm conquistou 55 medalhas – 41 de ouro, nove de prata e cinco de bronze – nos Jogos de 1980 até 1992.
Ítalo Pereira busca o bronze nos 100m costas S7
Também nesta quinta-feira, o nadador Ítalo Pereira conquistou a medalha de bronze nos 100m costas na categoria S7 (quanto maior a deficiência, menor o número da classe). O nadador brasileiro completou a prova em 1m12s48 e ficou atrás do campeão paralímpico Ievgenii Bogodaiko (1m10s55), da Ucrânia, e do britânico Jonathan Fox (1m10s78).
Ítalo repetiu, desta forma, a sua terceira colocação nesta prova no Mundial de Glasgow, na Escócia, em 2015.
Dados e fatos sobre os Jogos Paralímpicos
Pouco mais de duas semanas após os Jogos Olímpicos, o Rio recebe a 15ª Paraolimpíada. Em alguns aspectos, a competição tem números ainda maiores do que as Olimpíadas. Os problemas, porém, são parecidos.
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Mais disputas por medalhas de ouro
Nos Jogos Olímpicos do Rio houve disputa por 306 medalhas de ouro em 17 dias. Já nos Paralímpicos, que vão até 18 de setembro, serão 528 disputas em 12 dias. Isso ocorre porque existem diferentes classificações funcionais dentro de cada esporte, dependendo do grau e tipo de deficiência. São disputadas 23 modalidades esportivas e, entre elas, pela primeira vez, estão a canoagem e triatlo.
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Novos recordes
No Rio estão presentes 4.350 atletas, número é 11 vezes maior que na estreia dos Paralímpicos de 1960, em Roma. Há um recorde também no número de delegações: 176 países. E mais um recorde será batido: o Comitê Paralímpico Internacional (IPC) prevê que 4 bilhões de telespectadores vão assistir aos jogos.
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Múltiplas classes podem confundir
Nos Paralímpicos, não é muito fácil ter uma visão geral de todas as modalidades. Isso porque existem dez classificações nas chamadas classes funcionais. Somente na corrida de 100 metros livres para homens, por exemplo, houve, nos Jogos de 2012, em Londres, 15 campeões paralímpicos. O detentor do recorde na classe T43 é o brasileiro duplo amputado Alan Oliveira, com sensacionais 10,57 segundos.
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Batalha técnica
Cada vez mais as Paralimpíadas se parecem com uma corrida armamentista. Pois os atletas paralímpicos precisam de muito mais equipamentos e suporte técnico que os olímpicos. São 18 toneladas de equipamentos, um total de 15 mil itens, como 1.100 pneus para cadeiras de rodas e 300 pés protéticos. Cem mecânicos de 31 países deverão receber, diariamente, 2 mil pedidos de consertos.
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A vantagem dos países ricos
Além do esporte para pessoas com deficiência nem sempre ser considerado igual em todas as nações, muitas federações nacionais não têm condições de comprar os equipamentos mais caros. É por isso, também, que atletas de países ricos conquistam o maior número de medalhas. A prótese do atleta de salto com vara alemão Markus Rehm, que detém o recorde mundial de 8,40 m, custa cerca de 8 mil euros.
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Falta de dinheiro
Os Jogos Paralímpicos também são caros para os anfitriões. O Brasil, que passa por uma crise econômica, teve que injetar cerca de 215 milhões de reais de recursos públicos no evento, já que o orçamento previsto não era suficiente. O número de voluntários, que era de 25 mil, foi reduzido significativamente. O presidente do IPC, Philip Craven, diz que este momento é o "pior" da história paralímpica.
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Arquibancadas vazias
Um motivo para o rombo no orçamento é a baixa venda de ingressos. Após o fim dos Jogos Olímpicos, o número de entradas vendidas era de apenas 300 mil. Uma campanha nas redes sociais, porém, fez o número saltar para 1,6 milhão na semana da abertura da Paralimpíada. Segundo o IPC, há ainda cerca de 1 milhão de ingressos disponíveis. A Paralimpíada também sofre o risco de ter arquibancadas vazias.
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Doping também nas Paralimpíadas
Karl Quade, chefe da delegação alemã, acredita no trabalho dos atletas, mas diz que "não pode colocar as mãos no fogo quando se trata de doping". Existe o doping físico e também de equipamentos esportivos ("doping tecnológico"). Alguns chegam a trapacear quanto à classe do tipo e grau de deficiência. Ao banir a Rússia por doping estatal, o IPC mostrou um claro sinal de que não tolera o doping.
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Anéis olímpicos?
Em muitos locais do Rio, os anéis olímpicos foram desmontados e substituídos por outra construção: os semiarcos chamados Agitos, o símbolo dos Jogos Paralímpicos. Em vez dos cinco anéis olímpicos, desde 2004 os três Agitos ("Eu movo", em latim) são os símbolos para a competição dos atletas paralímpicos.