Datafolha: 81% dos brasileiros apoiam passaporte vacinal
18 de janeiro de 2022
Das mais de 2 mil pessoas ouvidas pelo instituto em todos os estados, somente 18% mostraram-se contrárias à exigência. Mulheres e idosos são os que mais apoiam a iniciativa. Empresários são os menos favoráveis.
Anúncio
Em vigor há alguns meses em muitos países da Europa, o chamado "passaporte vacinal" é aprovado por ao menos 81% dos brasileiros para ingresso em lugares fechados, como bares, restaurantes e repartições públicas. O dado é de uma pesquisa divulgada nesta segunda-feira (17/01) pelo Instituto Datafolha, que também aponta que 18% são contrários à exigência, enquanto 1% não tem opinião formada sobre o tema.
O passaporte vacinal é um documento que comprova que a pessoa foi completamente vacinada contra o coronavírus. No Brasil, ele é emitido por sites e aplicativos das secretarias estaduais da Saúde ou pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
A pesquisa foi feita entre os dias 12 e 13 de janeiro, por telefone, com pessoas acima de 16 anos, de todos os estados, e tem margem de erro de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
Com 87% a favor, as mulheres e os idosos acima de 60 anos são os dois grupos que mais apoiam a obrigatoriedade de apresentação do comprovante. Eles são seguidos pelas pessoas que têm ensino fundamental completo (86%) e pelas que ganham até dois salários mínimos mensais (85%).
Em contrapartida, os grupos que mais rejeitam a medida são homens, com 24%, seguidos pelas pessoas de 25 a 34 anos (22%) e pelas que recebem mais de 10 salários mínimos por mês (28%).
Dentre as diferentes regiões do país, o Sudeste é a que apresenta a maior aprovação ao passaporte vacinal, com 84%. Já o Sul tem o menor índice de aceitação, com 75%.
Em termos religiosos, os espíritas (87%) e os católicos (85%) são os que mais apoiam a iniciativa, enquanto os evangélicos (76%) são os menos favoráveis.
Os empresários são a categoria profissional que menos aprova a ideia (60%). Já as donas de casa são as mais favoráveis (90%). Junto com os aposentados (47%), as donas de casa também formam o grupo que mais tem medo de contrair covid-19 (50%). Os empresários são os que menos temem (28%).
Apenas 4% dos entrevistados acreditam que a pandemia esteja totalmente controlada. Para 48%, ela está controlada em parte. Há um mês, esse percentual era de 68%, ou seja, cresceu o número de pessoas que acreditam que a pandemia está menos controlada: de 20%, em dezembro, para 45% em janeiro.
Anúncio
Maioria acredita que presidente dificulta vacinação de crianças
Enquanto a maioria (81%) respondeu que usa máscara fora de casa - apenas 3% usam raramente e 2% não usam -, o levantamento também indicou que 25% acreditam que o presidente Jair Bolsonaro censura o uso de máscaras e questiona a eficácia de vacinas.
Para 58% dos brasileiros, Bolsonaro "age mais para atrapalhar do que para ajudar" na campanha de imunização contra a covid-19 em crianças de 5 a 11 anos.
Ao menos 79% dos entrevistados são favoráveis à vacinação de crianças contra o coronavírus, enquanto 17% se opõem e 4% não responderam.
Mais de 74 mil novos casos no país
Nesta segunda-feira (17/01), o Brasil registrou mais de 74 mil novos casos de coronavírus, segundo levantamento feito pelo Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), nas últimas 24 horas. Também foram contabilizadas 121 mortes.
Ao todo, o país já computou mais de 23 milhões de casos da doença. O número oficial de mortes passa de 621 mil. Já o índice de pessoas completamente vacinadas, ou seja, que receberam ao menos duas doses, está próximo de 70%.
gb (lusa, reuters, ots)
As variantes do novo coronavírus
Para evitar a estigmatização e a discriminação dos países onde as variantes do Sars-Cov-2 foram detectadas pela primeira vez, a OMS padronizou seus nomes conforme letras do alfabeto grego.
Foto: Sascha Steinach/ZB/picture alliance
Várias denominações para uma cepa
A Organização Mundial da Saúde (OMS) definiu que as novas variantes do coronavírus passam a ser chamadas por letras do alfabeto grego e não devem mais ser identificadas pelo local onde foram detectadas pela primeira vez. Cientistas criticavam ainda que estavam sendo usados vários nomes para a cepa descoberta na África do Sul, como B.1.351, 501Y.V2 e 20H/501Y.V2.
Foto: Christian Ohde/CHROMORANGE/picture alliance
Nomes científicos continuam válidos
A OMS pediu que os países e a imprensa passem a adotar a nova nomenclatura das variantes e evitem associar novas cepas aos locais de origem. A organização acrescentou, porém, que as novas denominações não substituem os nomes científicos, que devem continuar sendo usados em trabalhos acadêmicos.
Foto: Reuters/D. Balibouse
Variante alfa
A variante B.1.1.7 foi detectada em setembro de 2020 no Reino Unido e se espalhou pelo mundo. Segundo um estudo publicado em março na "Nature", há evidências de que a variante alfa seja 61% mais mortal do que o vírus original. Entre homens com mais de 85 anos, o risco de morte aumenta de 17% para 25%. Para mulheres da mesma faixa etária, de 13% para 19%, nos 28 dias posteriores à infecção.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante beta
Pesquisadores identificaram a variante B.1.351 em dezembro de 2020 na África do Sul. A cepa atinge pacientes mais jovens e é associada a casos mais graves da doença. Os cientistas sequenciaram centenas de amostras de todo o país desde o início da pandemia e observaram uma mudança no panorama epidemiológico, "principalmente com pacientes mais jovens, que desenvolvem formas graves da doença".
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante gama
A variante P.1 foi detectada pela primeira vez em 10 de janeiro de 2021 pelo Japão em passageiros vindos de Manaus. Originária do Amazonas, ela se espalhou pelo Brasil e outros países vizinhos. A cepa possui 17 mutações, três das quais estão na proteína spike. São provavelmente essas últimas que fazem com que o vírus possa penetrar mais facilmente nas células para então se multiplicar.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante delta
A variante B.1.617, detectada em outubro de 2020 na Índia, causa sintomas diferentes dos provocados por outras cepas, é significativamente mais contagiosa e aparentemente aumenta o risco de hospitalização, segundo sugeriram estudos. "O vírus se adapta de forma inteligente. Muitos doentes recebem resultados negativos nos testes, mas desenvolvem sintomas graves", explicou um médico de Nova Déli.
Foto: Christian Ohde/imago images
Variante ômicron
A nova variante B.1.1.529, batizada de ômicron pela Organização Mundial da Saúde, foi descoberta em 11 de novembro de 2021 em Botsuana, que faz fronteira com a África do Sul, onde a cepa também foi encontrada. A ômicron contém 32 mutações na chamada proteína "spike" (S), número considerado extremamente alto. Cientistas avaliam que essa variante se dissemina mais rapidamente do que as anteriores.
Foto: Andre M. Chang/Zuma/picture alliance
A busca pela padronização
O novo padrão foi escolhido após "uma ampla consulta e revisão de muitos sistemas de nomenclatura", afirma a OMS. O processo durou meses e entre as sugestões de padronização estavam nomes de deuses gregos, de religiões, de plantas ou simplesmente VOC1, VOC2, e assim por diante.
Foto: Ohde/Bildagentur-online/picture alliance
Nomes e apelidos polêmicos
Desde o início da pandemia, os nomes utilizados para descrever o Sars-Cov-2 têm provocado polêmica. O ex-presidente americano Donald Trump costumava chamar o novo coronavírus de "vírus da China", como forma de tentar culpar o país asiático pela pandemia. O vírus foi detectado pela primeira vez na cidade chinesa de Wuhan.
Foto: picture-alliance/AA/A. Hosbas
Novas cepas podem ser mais perigosas
Mutações em vírus são comuns, mas a maioria delas não afeta a capacidade de transmissão ou de causar manifestações graves de doenças. No entanto, algumas mutações, como as presentes nas variantes do coronavírus originárias do Reino Unido, da África do Sul e do Brasil, podem torná-lo mais contagioso.
Foto: DesignIt/Zoonar/picture alliance
Associação ao local de origem
Historicamente, vírus novos costumam ganhar nomes associados ao local de descoberta, como o ebola, que leva o nome de um rio congolês. No entanto, esse padrão pode ser impreciso, como é o caso da gripe espanhola de 1918. As origens desse vírus são desconhecidas, mas acredita-se que os primeiros casos tenham surgido no estado do Kansas, nos Estados Unidos.
Foto: picture-alliance/National Museum of Health and Medicine