Candidato do PSL sobe quatro pontos percentuais em nova pesquisa de intenção de voto à Presidência. Em segundo lugar, com 21%, Haddad estagna e vê rejeição crescer. Os dois empatam em eventual segundo turno.
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O candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro (PSL) chegou a 32% das intenções de voto, segundo revelou uma nova pesquisa Datafolha nesta terça-feira (02/10). O militar reformado ganhou quatro pontos percentuais em relação à sondagem anterior, de 28 de setembro.
O levantamento – o primeiro realizado pelo instituto após os protestos contra Bolsonaro realizados por mulheres em todo o Brasil no fim de semana – reflete a pesquisa Ibope divulgada na véspera, na qual o presidenciável apareceu com 31% das intenções.
Segundo o Datafolha, Fernando Haddad (PT) continua em segundo lugar na disputa à Presidência, mas perdeu um ponto percentual e aparece agora com 21%. É a primeira vez que ele cai nas pesquisas desde que foi lançado substituto do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O candidato Ciro Gomes (PDT) manteve seus 11%, enquanto Geraldo Alckmin (PSDB) caiu de 10% para 9%. Os dois estão tecnicamente empatados em terceiro lugar.
Marina Silva (Rede), por sua vez, que chegou a disputar a segunda posição em pesquisas, também segue uma trajetória de queda: ela tem agora 4%, um ponto percentual a menos do que na semana passada.
Em seguida aparecem João Amoêdo (Novo), com 3% das intenções, e Henrique Meirelles (MDB), Alvaro Dias (Podemos) e Cabo Daciolo (Patriota), com 2% cada um. Entre esses quatro candidatos, o único que oscilou foi Daciolo, crescendo um ponto percentual ante a sondagem anterior.
Já Guilherme Boulos (Psol), João Goulart Filho (PPL), Eymael (DC) e Vera Lúcia (PSTU) não pontuaram, ou seja, atingiram menos de 1% das intenções.
Além disso, os votos brancos ou nulos somaram 8% dos entrevistados – na semana passada, esse índice foi de 10%. Outros 5% não souberam ou não quiseram responder, mantendo o mesmo percentual da pesquisa anterior.
Segundo turno
Se as intenções de voto se refletirem nas urnas no próximo domingo, Bolsonaro e Haddad seguem para o segundo turno, mas aparecem empatados nesse cenário. Segundo o Datafolha, o militar reformado tem 44% das intenções de voto contra 42% para o petista. Essa mesma simulação na semana passada mostrou Haddad vencendo o segundo turno com 45% a 39%.
Bolsonaro empata também com Alckmin e Ciro numa eventual disputa isolada em 28 de outubro. Contra o candidato tucano, que atinge 43% das intenções, o deputado teria 41%. Já contra o presidenciável do PDT a desvantagem é maior: Ciro alcança 46% e Bolsonaro, 42%.
Em outras simulações de segundo turno, o ex-governador do Ceará venceria Alckmin (42% a 37%) e, com larga vantagem, Haddad (46% a 32%). O candidato petista perderia também para o tucano, com um resultado de 43% a 36%.
Rejeição
Embora lidere a corrida presidencial, Bolsonaro segue em primeiro lugar na lista de candidatos em quem os eleitores não votariam de jeito nenhum. A rejeição ao militar reformado caiu um ponto percentual em relação ao fim de setembro e foi a 45%.
Em segundo lugar aparece Haddad, rejeitado por 41% do eleitorado, nove pontos percentuais a mais do que na semana passada, apontando que um eventual segundo turno deve contar com os dois candidatos com maior índice de rejeição.
Marina, por sua vez, aparece com 30%, Alckmin, com 24%, e Ciro, com 22%. Em seguida vêm Meirelles e Boulos, com 15% cada um; Cabo Daciolo, com 14%; Alvaro Dias e Vera Lúcia, com 13% cada; Eymael e Amoêdo, com 12%; e João Goulart Filho, com 11%.
Eleitores convictos
Bolsonaro e Haddad lideram também a lista dos presidenciáveis cujos eleitores são mais convictos: 84% dos entrevistados que disseram votar no candidato do PSL não pensam em mudar de voto, enquanto 82% dos apoiadores do petista afirmam o mesmo.
Em comparação com outros concorrentes ao Planalto, 57% dos eleitores de Ciro e 52% dos eleitores de Alckmin se dizem convictos. Por outro lado, 62% dos entrevistados que declararam apoio a Marina afirmam que podem mudar de ideia até o próximo domingo.
O Datafolha ouviu 3.240 eleitores em 225 cidades brasileiras. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos. A pesquisa, encomendada pelo jornal Folha de S. Paulo, foi realizada nesta terça-feira, a cinco dias das eleições.
Treze candidatos se apresentaram para disputar o Planalto. O líder das pesquisas acabou fora da corrida, e vários nomes tentam contornar isolamento partidário. Veja os principais episódios da disputa.
Foto: Reuters/A. Machado
Bolsonaro é eleito presidente
Em segundo turno, os brasileiros elegeram Jair Bolsonaro (PSL) como presidente. Após uma campanha eleitoral polarizada, o militar reformado de extrema direita recebeu 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). Com bandeiras do Brasil e vestidos nas cores verde e amarelo, eleitores comemoram pelo país. No discurso da vitória, Bolsonaro prometeu um governo constitucional e democrático.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S.Izquierdo
TSE abre investigação contra Bolsonaro
A pouco mais de uma semana do segundo turno, o Tribunal Superior Eleitoral abriu uma ação para investigar suspeitas de compra de disparos de mensagens antipetistas no WhatsApp por parte de empresários aliados a Bolsonaro. O pedido de investigação foi feito pelo PT, após uma reportagem do jornal "Folha de S. Paulo". A PF também abriu inquérito para investigar a disseminação em massa de "fake news".
Foto: Reuters/R. Moraes
Bolsonaro e Haddad vão ao segundo turno
Numa das eleições mais polarizadas da história, em 7 de outubro os brasileiros levaram ao segundo turno os dois candidatos que, segundo sondagens, são também os mais rejeitados: Bolsonaro (PSL) e Haddad (PT). Favorito no Sul e Sudeste, o ex-militar teve 46% dos votos válidos contra 29% do petista, que foi o mais votado em oito estados do Nordeste e no Pará. Em terceiro, Ciro Gomes (PDT) teve 12%.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
Bolsonaro cresce nas pesquisas
Já líder nas pesquisas, o candidato do PSL ampliou sua vantagem no início de outubro, ultrapassando pela primeira vez a marca de 30% em sondagens do Ibope e do Datafolha. Ao longo da semana que antecedeu as eleições, o ex-capitão foi subindo e, na véspera do pleito, cruzou a barreira de 40% dos votos válidos. Após ser esfaqueado, a campanha do candidato se concentrou nas redes sociais.
Foto: Reuters/P. Whitaker
A troca de Lula por Haddad
Após meses de suspense e com aval de Lula, Fernando Haddad foi oficializado candidato à Presidência pelo PT em 11 de setembro, a menos de um mês do primeiro turno, após se esgotarem as chances de o ex-presidente concorrer. Preso e virtualmente inelegível pela Ficha Limpa, Lula era líder nas pesquisas de intenção de voto. O desafio agora será transferir votos para o ex-prefeito.
Foto: Agencia Brasil/R. Rosa
Ataque a Bolsonaro
O candidato do PSL foi esfaqueado durante um ato de campanha em Juiz de Fora, um ataque que prometia mudar os rumos da corrida presidencial. Seus adversários condenaram a agressão, e alguns chegaram a mudar o tom da campanha. Não houve, contudo, um impacto decisivo sobre o eleitorado. Ele segue líder das intenções, mas com percentual praticamente igual. A rejeição a ele, por outro lado, aumentou.
Foto: picture-alliance/dpa/Agencia O Globo/A. Scorza
O "plano B" do PT
Com Lula virtualmente inelegível, a escolha do seu vice passou a ser encarada como um trampolim para um candidato substituto. No início de agosto, o PT acabou indicando Fernando Haddad, que desde o início do ano era cotado como "plano B". Manuela D'Ávila (PCdoB) ficou com a curiosa posição não oficial de "vice do vice", assumindo a posição com Lula candidato ou não.
Foto: Agência Brasil/F.Rodrigues Pozzebom
A novela dos vices
A fase de convenções começou no fim de julho sem que a maioria dos pré-candidatos tivesse um vice. Bolsonaro teve três convites recusados até fechar com o general Mourão (PRTB). Henrique Meirelles (MDB) e Ciro Gomes (PDT) se contentaram com nomes do próprio partido. Alckmin teve convite recusado pelo empresário Josué Alencar, cuja família é ligada a Lula, antes de optar por Ana Amélia (PR).
Foto: Agência Brasil/F.Frazão
Os candidatos isolados
A jogada de Alckmin com o "centrão" acabou isolando outros candidatos. Jair Bolsonaro (PSL) tentou negociar com o PR, mas teve que se contentar com o nanico PRTB. Ciro Gomes (PDT) também viu suas investidas no grupo naufragarem. Marina Silva (Rede) e Ciro também não conseguiram apoio do PSB, que ficou neutro numa manobra do PT. Os três terminaram a fase de convenções com pouco apoio e tempo de TV.
Alckmin fecha com o "centrão"
Em julho, o tucano Geraldo Alckmin ainda patinava nas pesquisas, mas criou um fato novo na campanha ao conseguir o apoio do "centrão", as siglas que costumam emprestar seu apoio a governos em troca de cargos e verbas. Ao se aliar com PR, PP, PSD, DEM e SD, Alckmin passou a dominar 44% da propaganda eleitoral na TV. Sua coligação também recebe 48% do novo fundo de campanhas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Candidaturas descartadas
A eleição de 2018 parecia destinada a superar o número de candidatos de 1989, quando 22 disputaram. Em abril, 23 manifestavam interesse em concorrer, entre eles o presidente Michel Temer, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e o ex-presidente Fernando Collor. Mas eles logo desistiram ou foram abandonados por seus partidos. Outros aceitaram ser vices. Em agosto, só 13 permaneciam na corrida.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Os "outsiders" saem de cena
A possibilidade de Lula ficar de fora e o sentimento antipolítico entre a população sinalizavam que esta seria a eleição dos "outsiders". O ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa e o apresentador Luciano Huck chegaram a ser incluídos em pesquisas. O empresário Flávio Rocha anunciou candidatura. Em julho, todos já haviam desistido, e a disputa ficou restrita a velhos nomes da política.
Foto: Imago/ZUMA Press/M. Chello
Lula é condenado e preso
Quando anunciou, em 2016, a intenção de disputar a eleição, Lula se tornou o líder nas pesquisas. Em janeiro, porém, sua situação se complicou após uma condenação em segunda instância que o deixou virtualmente inelegível. Em abril, foi preso. Com a possibilidade de a candidatura ser barrada, o PT passou a ter dificuldades em formar alianças, e o desfecho do pleito ficou ainda mais imprevisível.
Foto: Reuters/L. Benassatto
Entra em cena o fundo de campanhas
Diante da proibição das doações por empresas, o Congresso criou em outubro de 2017 um novo fundo de R$ 1,7 bilhão para financiar candidaturas, já definindo a capacidade financeira de várias campanhas. Quase 60% do valor ficou concentrado em seis legendas: MDB, PT, PSDB, PP, PSB e PR, deixando candidatos à Presidência de pequenas e médias siglas com menos recursos na largada.