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Datafolha: democracia tem apoio de 79% dos brasileiros

21 de outubro de 2022

É a taxa mais alta desde o início da série, em 1989. Apoio a essa forma de governo cresce com escolaridade e renda. Apesar do recorde, especialistas apontam que Brasil enfrenta erosão da democracia liberal.

Meninos sentados em zona eleitoral ao lado de adulto votando em cabine de votação
Brasil vem perdendo pontos no índice de democracia liberal elaborado pelo V-DEMFoto: Alejandro Zambrana/Secom/TSE

O apoio dos brasileiros à democracia atingiu seu patamar mais alto desde 1989, quando começa a série histórica do Datafolha. Pesquisa divulgada nesta quinta-feira (20/10) aponta que 79% dos eleitores consideram a democracia a melhor forma de governo.

Para outros 11% dos entrevistados, tanto faz se o regime de governo é democracia ou ditadura. Para 5%, em certas circunstância é melhor uma ditadura, o menor percentual da série, e 5% não opinaram.

O Datafolha entrevistou 2.912 pessoas, em 181 municípios, entre os dias 17 e 19 de outubro. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.

O menor apoio à democracia na série histórica foi registrado em fevereiro de 1992, no último ano do governo Fernando Collor, quando apenas 42% a consideravam o melhor regime de governo.

Em setembro de 1995, no governo Fernando Henrique Cardoso, era de 50%, em dezembro de 2008, no governo Luiz Inácio Lula da Silva, subiu para 61%, e em dezembro de 2014, no governo Dilma Rousseff, chegou a 66%.

A taxa recuou para 56% em setembro de 2017, na gestão Michel Temer, e voltou a subir em outubro de 2018, na eleição vencida por Jair Bolsonaro, quando era de 69%. Em janeiro de 2020, a taxa havia recuado para 62%.

Apoio à democracia sobe com escolaridade e renda

O apoio à democracia cresce de acordo com a escolaridade e a renda do eleitor, segundo a última pesquisa Datafolha.

Ela foi considerada a melhor forma de governo por 62% dos respondentes que tinham estudado até o Ensino Fundamental, 82% dos que haviam completado o Ensino Médio e 92% daqueles com Ensino Superior.

No corte por renda, o apoio à democracia é de 72% entre os que ganham até 2 salários mínimos, 86% entre os que ganham de 2 a 5 salários mínimos, 89% entre aqueles que recebem de 5 a 10 salários mínimos, e 93% entre os que ganham mais de 10 salários mínimos.

Diferença entre eleitores de Lula e Bolsonaro

Entre os eleitores que pretender votar em Lula no segundo turno, 78% consideram a democracia como a melhor forma de governo, 3% dizem que a ditadura é o melhor regime em alguns casos e 13% responderam que tanto faz.

Já entre os eleitores de Bolsonaro, 80% consideram a democracia a melhor forma de governo, 7% responderam que a ditadura é o melhor regime em alguns casos e 9% disseram que tanto faz.

Conceitos em jogo

A democracia é o regime político no qual todos os cidadãos podem eleger seus representantes, que irão governar e criar leis.

Nas democracias liberais, além da possibilidade de eleger representantes, o exercício do poder é limitado pela Constituição e dividido entre Executivo, Legislativo e Judiciário, com sistemas de freios e contrapesos e órgãos de controle. Também são garantidas diversas liberdades para seus cidadãos, como liberdade de expressão e de imprensa, além do respeito aos direitos humanos.

Durante o governo Bolsonaro, um apoiador da ditadura militar que comandou o Brasil de 1964 a 1985, o Brasil retrocedeu no índice de democracia liberal elaborado pelo Instituto Variedades da Democracia (V-Dem), grupo de pesquisa independente sediado na Universidade de Gotemburgo, na Suécia. 

Segundo o V-Dem, o Brasil é um dos 12 países no mundo cujo sistema democrático está no momento pendendo para a autocracia. Nesses países, a erosão democrática é promovida por líderes democraticamente eleitos, que aos poucos vão minando as instituições de controle do poder e as liberdades civis.

Diversas entidades de defesa da democracia e dos direitos humanos apontaram ao longo do governo Bolsonaro que o presidente ameaça pilares da democracia liberal, como ao tentar intimidar o Supremo Tribunal Federal, mentir que há fraudes no processo eleitoral, restringir a atuação de órgãos de controle e atacar a liberdade de imprensa.

Bolsonaro, por sua vez, nega que seja contrário à democracia e busca manejar o uso do conceito a seu favor.

No final de agosto, durante evento de campanha em Vitória da Conquista, na Bahia, ele disse por exemplo que "não admitirá ações contra a democracia e a liberdade" e que "tudo fará contra aqueles que querem roubar a democracia", em referência às suas mentiras de que haveria fraude no sistema eleitoral.

bl (ots, DW)

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