Datafolha: Lula abre 14 pontos de vantagem sobre Bolsonaro
23 de setembro de 2022
Candidato do PT foi de 45% a 47% e ampliou chance de vencer no primeiro turno. Bolsonaro permanece estagnado com 33%. Petista também aparece pela primeira vez na liderança entre eleitores da região Sul do país.
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A dez dias do pleito presidencial, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ampliou sua chance de vencer já no primeiro turno, segundo pesquisa Datafolha divulgada nesta quinta-feira (22/09).
O petista oscilou dois pontos percentuais para cima, aparecendo agora com 47%. Jair Bolsonaro (PL), por sua vez, permanece estagnado com 33%.
A nova pesquisa sinaliza novamente que a série de manobras eleitorais que Bolsonaro colocou em prática nos últimos meses não surtiram o efeito desejado pela sua campanha. Entre as manobras estão a expansão de benefícios sociais neste ano eleitoral, o desvirtuamento das celebrações de 7 de Setembro - que acabaram virando comícios pró-Bolsonaro - e as viagens que o presidente realizou ao exterior para tentar demonstrar que não está isolado.
O levantamento ainda indica que o giro do ex-presidente Lula pelo Sul do Brasil na última semana rendeu frutos: o petista variou de 34% para 40% dos votos na região, e agora está tecnicamente empatado com Bolsonaro, que aparece com 39%.
No novo levantamento, Bolsonaro só continua a liderar no Centro-Oeste, onde aparece com 41% dos votos, contra 38% de Lula.
O levantamento desta quinta-feira ainda mostrou que Ciro Gomes (PDT) oscilou negativamente de 8% para 7%, Simone Tebet (MDB) ficou com os mesmos 5%, e Soraya Thronicke (União Brasil) oscilou de 2% para 1%.
Felipe D'Ávila (Novo), Sofia Manzano (PCB), Vera Lúcia (PSTU), Leo Péricles (UP), Constituinte Eymael (DC) e Padre Kelman (PTB) não pontuaram.
Eleitores indecisos somam 2%, enquanto brancos e nulos representam 7%.
Considerando apenas os votos válidos, que excluem brancos e nulos, Lula teria 50%, contra 35% de Bolsonaro. Para vencer no primeiro turno, são necessários 50% dos votos mais um. Na pesquisa anterior, Lula somava 48% dos votos válidos.
No caso de um eventual segundo turno, o petista aparece novamente como favorito na disputa direta com o atual presidente. Segundo o Datafolha, Lula venceria com 54% dos votos, contra 38% de Bolsonaro.
Na pesquisa espontânea, em que não são apresentados nomes de candidatos aos entrevistados, Lula aparece com 42% da preferência do eleitorado; e Bolsonaro, com 31%. Ciro foi citado por 4% dos eleitores.
A pesquisa ouviu 6.754 eleitores em 343 municípios entre os dias 20 e 22 de setembro. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos.
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Ipec
A nova sondagem do instituto Datafolha está em linha com outra divulgada na segunda-feira (19/09) pelo Ipec, que também mostrou ampla vantagem de Lula sobre Bolsonaro. Nela, o petista apareceu com 47% das intenções de voto, contra 31% do atual presidente. Em relação à penúltima pesquisa Ipec, Lula osiclou um ponto para cima, enquanto Bolsonaro permaneceu estagnado com os mesmos 31%.
Os números do Ipec sugerem que uma vitória de Lula no primeiro turno das eleições seria possível. Nos votos válidos, que não consideram brancos e nulos, o ex-presidente aparece com 52%, contra 34% de Bolsonaro.
jps (ots)
A história das eleições presidenciais no Brasil
A história das eleições presidenciais no Brasil
Foto: Adriano Machado/REUTERS/Nelson Almeida/AFP
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.