Datafolha: Lula tem 45% dos votos e Bolsonaro, 32%
2 de setembro de 2022
Na primeira pesquisa após as sabatinas do Jornal Nacional e o debate entre os candidatos na Band, Ciro Gomes e Simone Tebet crescem nas intenções de voto, dificultando a vitória do ex-presidente do PT em primeiro turno.
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O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) continua na liderança da disputa pela Presidência nas eleições de outubro, na primeira pesquisa do Datafolha divulgada após as sabatinas no Jornal Nacional, na semana passada, e do debate entre os candidatos transmitido pela Band no último domingo.
Segundo a sondagem divulgada nesta quinta-feira (01/09), Lula está à frente com 45% das intenções de voto, contra 32% de Jair Bolsonaro (PL). Em terceiro lugar aparece o ex-ministro Ciro Gomes (PDT), com 9%, seguido da senadora Simone Tebet (MDB), com 5%.
Pablo Marçal (Pros), Soraya Thronicke (União Brasil) e Felipe D'Ávila (Novo) somaram 1%. Vera Lúcia (PSTU), Constituinte Eymael (PDC), Sofia Manzano (PCB), Roberto Jefferson (PTB) e Leonardo Péricles (UP) não pontuaram. Brancos e nulos somam 4% e não sabem/não opinaram, 2%.
Em relação à última pesquisa Datafolha, publicada em 18 de agosto, Lula perdeu dois pontos e Bolsonaro permaneceu com o mesmo índice. O crescimento de Ciro Gomes (+2%) e de Tebet (+3%) dificulta a vitória do ex-presidente petista em primeiro turno.
Considerando apenas os votos válidos – cálculo que exclui brancos e nulos –, Lula teria 48%, contra 34% de Bolsonaro. Para vencer no primeiro turno, são necessários 50% dos votos mais um.
Na pesquisa espontânea, ou seja, quando uma lista de candidatos não é apresentada, Lula também é o mais citado, com 40%. Bolsonaro vem em seguida, com 29%.
Segundo turno
No caso de um eventual segundo turno, Lula aparece novamente como favorito na disputa direta com Bolsonaro. De acordo com o Datafolha, o petista venceria com 53% dos votos, e Bolsonaro ficaria com 38%.
O Datafolha ouviu 5.734 eleitores em 285 municípios nestas quarta e quinta-feira. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
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Rejeição
A pesquisa Datafolha também questionou os eleitores em quem eles não votariam nas eleições de outubro. Bolsonaro segue sendo o candidato mais rejeitado: 52% dos entrevistados responderam que não votariam no atual presidente.
Em seguida no índice de rejeição aparecem Lula (39%) e Ciro (24%).
Segundo o levantamento, 31% dos entrevistados avaliam o governo Bolsonaro como ótimo ou bom, enquanto 42% consideram a gestão ruim ou péssima.
Na sondagem, o petista aparece com 12 pontos percentuais à frente de Bolsonaro: enquanto Lula tem 44% das intenções de voto, o presidente tem 32%. Ambos mantiveram as mesmas porcentagens alcançadas na última pesquisa do Ipec, publicada em 15 de agosto.
Em seguida aparecem Ciro Gomes (PDT), com 7%, Simone Tebet (MDB), com 3%, e Felipe D'Ávila (Novo), com 1%. Vera Lúcia (PSTU), Pablo Marçal (Pros), José Maria Eymael (DC), Roberto Jefferson (PTB), Soraya Thronicke (União Brasil), Sofia Manzano (PCB) e Leonardo Péricles (UP) não chegaram a 1% cada um.
Eleitores indecisos somam 6%, enquanto brancos e nulos representam 7%.
No caso de um eventual segundo turno, Lula venceria com 50% dos votos, contra 37% de Bolsonaro. Outros 9% votariam em branco ou anulariam, e 4% não sabem ou não responderam.
As duas pesquisas ainda contavam com o nome de Roberto Jefferson (PTB) como candidato. No entanto, na sessão desta quinta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) negou o registro do candidato do Partido Trabalhista Brasileiro. Para o Plenário, Jefferson está inelegível para disputar qualquer eleição até 24 de dezembro de 2023, devido aos efeitos secundários da condenação criminal imposta pelo Supremo Tribunal Federal (STF) ao ex-deputado federal no julgamento do mensalão. O PTB pode apresentar outro candidato a presidente em até 10 dias.
rc/le (ots)
A história das eleições presidenciais no Brasil
A história das eleições presidenciais no Brasil
Foto: Adriano Machado/REUTERS/Nelson Almeida/AFP
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.