Datafolha: Reprovação de Lula sobe para 34% na cidade de SP
12 de março de 2024
Números da capital paulista refletem tendência nacional, com alta de 9 pontos percentuais entre os que consideram gestão do presidente ruim ou péssima. Avaliação positiva do petista cai 7 pontos desde dezembro.
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Uma pesquisa do Datafolha divulgada nesta segunda-feira (12/03) revelou uma queda acentuada da popularidade do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cidade de São Paulo, refletindo números de avaliações realizadas em todo o território nacional.
Entre os paulistanos, 38% consideram a gestão de Lula como boa ou ótima, enquanto 34% a avaliam como ruim ou péssima. O índice dos que consideram regular a atuação do presidente ficou em 28%, e 1% não soube responder.
Os números revelam um forte contraste em relação ao levantamento do Datafolha de agosto do ano passado, quando Lula teve a aprovação de 45% dos entrevistados, sendo reprovado por 25%, com 29% que consideravam sua atuação como regular. Não soube responder 1% do total.
No levantamento mais recente, Lula é melhor avaliado pelos eleitores com 60 anos ou mais (45%), que compõem 23% da amostra, e entre os que cursaram até o ensino fundamental (47%), que são 21% dos entrevistados.
A reprovação ao presidente é mais alta entre os evangélicos (25%), segmento fortemente ligado ao ex-presidente Jair Bolsonaro, no qual a reprovação a Lula é 12 pontos percentuais maior do que o registrado em agosto de 2023, chegando a 49%, enquanto a aprovação teve queda de 16 pontos percentuais.
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Números refletem desempenho nacional
O Datafolha avalia que, com os novos números, a aprovação de Lula em São Paulo praticamente se igualou à mais recente da pesquisa nacional, de dezembro de 2023. No levantamento, Lula teve a aprovação de 38% dos brasileiros, contra 30% que consideravam seu trabalho regular, número igual aos que o avaliaram como ruim ou péssimo.
Uma pesquisa do Ipec divulgada em 8 de março também revelou uma queda de 5 pontos percentuais na popularidade de Lula em relação ao levantamento anterior, de dezembro do ano passado, sendo este o pior número registrado pelo instituto desde março de 2023.
Segundo o Ipec, Lula é avaliado com ótimo ou bom por 33% dos brasileiros – mesmo número dos que o avaliam como regular –, com 32% que o consideram ruim ou péssimo.
O presidente comentou a queda de popularidade registrada em pesquisas recentes durante uma entrevista ao SBT News nesta segunda-feira, afirmando que não há "nenhuma razão do povo brasileiro me dar 100% de popularidade, porque ainda nós estamos muito aquém daquilo que prometemos".
Lula disse que os frutos do seu terceiro mandato à frente da Presidência deverão aparecer nos próximos meses. "Nós preparamos a terra, aramos a terra, adubamos a terra e colocamos a semente. Cobrimos a semente. Agora, este é o ano em que a gente vai começar a colher aquilo que nós plantamos."
Impacto nas eleições paulistanas
A queda de popularidade do presidente pode prejudicar a campanha de Guilherme Boulos (PSol) à prefeitura de São Paulo. O deputado federal é apoiado pelo PT na disputa contra o atual prefeito, Ricardo Nunes (MDB), candidato do bolsonarismo.
Segundo a pesquisa do Datafolha, ambos estão virtualmente empatados na disputa pela prefeitura paulistana – Boulos tem 30% e Nunes, 29%. Os dois candidatos estão isolados na linha de frente da corrida municipal. A terceira colocada, Tabata Amaral (PSB), possui apenas 8% das intenções de votos, segundo o levantamento.
O Datafolha entrevistou 1.090 pessoas de 16 anos ou mais na capital paulista entre os entre os dias 7 e 8 de março. A margem de erro é de 3 pontos para mais ou para menos.
rc/as (ots)
As declarações polêmicas de Lula na política externa
As declarações polêmicas de Lula na política externa
Foto: REUTERS
Comparação com o Holocausto
Em fevereiro de 2024, Lula irritou Israel. Ele foi declarado "persona non grata" pelo governo israelense após fazer uma analogia entre o Holocausto e mortes de civis palestinos em ataques israelenses na Faixa de Gaza. "O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus."
Foto: REUTERS
"É um genocídio"
Não foi a primeira vez em que Lula provocou polêmica ao se posicionar sobre o conflito entre Israel e o Hamas. Em outubro de 2023, ele chamou de "genocídio" os ataques em Gaza. "Não se trata de discutir quem está certo e errado, quem deu o primeiro tiro, quem deu o segundo, o problema é que não é uma guerra, é um genocídio que já matou quase 2.000 crianças que não têm nada a ver com essa guerra"
Foto: Ton Molina/NurPhoto/picture alliance
"Israel também está cometendo terrorismo"
Em novembro de 2023, Lula reiterou sua condenação aos atos terroristas do Hamas, mas disse que os ataques israelenses em Gaza também são terroristas. "Nunca vi uma violência tão brutal, tão desumana contra inocentes. Se o Hamas cometeu um ato de terrorismo, o Estado de Israel também está cometendo um ato de terrorismo", afirmou.
Foto: Michele Tantussi/AFP
"Zelenski tão responsável quanto Putin pela guerra"
Quando ainda era pré-candidato à Presidência, Lula irritou o governo de Kiev e incomodou parceiros ocidentais ao dizer que o presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, é "tão responsável quanto Putin" pela invasão lançada por Moscou contra seu país. Foi durante uma entrevista à revista americana "Time" publicada em maio de 2022.
Foto: Ricardo Stuckert/DW
"Rei da cocada"
Na mesma entrevista, o brasileiro insinuou que o ucraniano aproveita o conflito para buscar destaque pessoal. "Você fica estimulando o cara [Zelenski] e ele fica se achando o máximo. Ele fica se achando o rei da cocada, quando na verdade deveriam ter tido conversa mais séria com ele: 'Ô, cara, você é um bom artista, você é um bom comediante, mas não vamos fazer uma guerra para você aparecer'."
Foto: president.gov.ua/en
"A Rússia está errada"
Em janeiro de 2023, durante visita ao Brasil do chanceler alemão, Olaf Scholz, Lula se retratou sobre o que disse à "Time". "Naquela época eu disse uma coisa que eu ouvi a vida inteira. Quando um não quer, dois não brigam", declarou. "Hoje eu tenho mais clareza da razão da guerra; e eu acho que a Rússia cometeu o erro clássico de invadir o território de outro país; portanto, a Rússia está errada."
Foto: Kay Nietfeld/dpa/picture alliance
"Decisão por conflito foi dos dois países"
Em abril de 2023, Lula voltou culpar tanto Kiev como Moscou, em visita a Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos. "Putin não toma a iniciativa de parar. Zelenski não toma a iniciativa de parar. A Europa e os EUA continuam contribuindo para a continuação desta guerra. Temos que sentar à mesa e dizer para eles: 'Basta'", disse, acrescentando que a "decisão pelo conflito foi tomada por dois países".
Foto: Ryan Carter/UAE Presidential Court/Handout/REUTERS
"Putin não vai ser preso se vier ao Brasil"
Durante a cúpula do G20 em Nova Déli, em setembro de 2023, Lula disse que ignoraria o mandado de prisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) contra o líder russo, Vladimir Putin. "Se eu for presidente do Brasil, e se ele [Putin] vier para o Brasil, não tem como ele ser preso. Não, ele não será preso. Ninguém vai desrespeitar o Brasil." Dias depois, ele recuou: "Quem toma a decisão é a Justiça".
Foto: Alexander Zemlianichenko/REUTERS
"Venezuela tem mais eleições do que o Brasil"
Em junho de 2023, durante entrevista à Rádio Gaúcha, Lula afirmou que "a Venezuela tem mais eleições do que o Brasil", ao responder uma pergunta de um repórter sobre a resistência da esquerda em se reconhecer que o presidente daquele país, Nicolás Maduro, é um ditador. E acrescentou: "O conceito de democracia é relativo para você e para mim."