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CulturaItália

Festival de Veneza de 2024 traz de Almodóvar a Walter Salles

Scott Roxborough | Luisa Frey
28 de agosto de 2024

Com vários representantes do Brasil, inclusive na busca pelo Leão de Ouro e no júri, festival de cinema tem entre pontos altos sequência de "Coringa", Angelina Jolie como Maria Callas e estreia de Almodóvar em inglês.

Leão de Ouro do Festival de Veneza
A 81ª edição do Festival de Cinema de Veneza vai de 28 de agosto a 7 de setembroFoto: Keystone USA/dpa/picture alliance

A 81ª edição do Festival de Cinema de Veneza, um dos mais importantes eventos da sétima arte, começa nesta quarta-feira (28/08) e vai até 7 de setembro. Além de reunir celebridades e servir como plataforma de lançamento para possíveis vencedores do Oscar, neste ano o evento conta com documentários de peso e uma presença forte do Brasil.

Ainda estou aqui, de Walter Salles, concorre ao Leão de Ouro

Ainda estou aqui, dirigido por Walter Salles, concorrerá ao prêmio máximo de Veneza, o Leão de Ouro. O longa brasileiro traz no elenco Fernanda Torres, Selton Mello e Fernanda Montenegro.

Ambientado no início dos anos 1970, o filme se baseia no livro autobiográfico homônimo do escritor Marcelo Rubens Paiva sobre sua mãe, Eunice Paiva, que precisou se reinventar após o marido, o político Rubens Paiva, ser preso durante a ditadura militar.

Esta será a segunda participação de Walter Salles em Veneza. Na primeira, em 2001, o cineasta concorreu ao Leão de Ouro com Abril despedaçado.

Walter Salles: com "Ainda estou aqui", cineasta retorna à Veneza após levar "Abril despedaçado" ao festival, em 2001Foto: picture-alliance/Geisler-Fotopress/C. Niehaus

Fora da competição, o Brasil será representado neste ano por Petra Costa, diretora de Democracia em vertigem, com o documentário Apocalipse nos Trópicos, sobre o fundamentalismo religioso no Brasil no contexto da pandemia de covid-19 e do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro.

Manas, da cineasta brasileira Marianna Brennard, vai concorrer na mostra Giornate degli Autori, que busca novos talentos. O filme aborda a temática da violência contra a mulher e conta com Jamilli Corrrea, Dira Paes e Rômulo Braga no elenco.

A hora e a vez de Augusto Matraga, adaptação da novela de Guimarães Rosa dirigida por Roberto Santos, será exibido na mostra Veneza Clássicos. A seção Horizontes Curtas, contará com o brasileiro Minha mãe é uma vaca, de Moara Passoni e que se passa no Pantanal. E a animação em realidade virtual 40 dias sem o sol, de João Carlos Furia, integrará a seção Veneza Imersiva.

O Brasil também estará presente no júri principal do festival deste ano, do qual o cineasta Kleber Mendonça Filho, diretor de Bacurau e Aquarius, fará parte.

A atriz e diretora Bárbara Paz integrará o júri do prêmio Luigi De Laurentiis, dedicado ao melhor longa-metragem de estreia de um diretor.

Estrelas de Hollywood estão de volta

Após o tapete vermelho ficar mais vazio no ano passado devido a greves de roteiristas e atores de Hollywood, o festival deste ano receberá uma longa lista de estrelas.

Brad Pitt e George Clooney marcarão presença como parte do elenco da comédia de ação Lobos (Wolfs), dirigida por Jon Watts.

Tilda Swinton e Julianne Moore retornam à Veneza para a exibição de The Room Next Door, ainda sem título em português, de Pedro Almodóvar.

Lady Gaga e Joaquin Phoenix devem brilhar da cidade italiana como os vilões Harley Quinn e Coringa, de Coringa: Delírio a dois. Trata-se da sequência de Coringa, de 2019, dirigido por Todd Phillips e lançado em Veneza, onde levou o Leão de Ouro, o prêmio máximo do festival.

Lady Gaga e Joaquin Phoenix em cena de "Coringa: Delírio a dois"Foto: Warner Bros.

Tem ainda Daniel Craig, que fez uma interpretação bem diferente da de seu James Bond em Queer, de Luca Guadagnino; Angelina Jolie, que estrelou Maria, de Pablo Larraín; Nicole Kidman e Antonio Banderas, de Babygirl, da diretora holandesa Halina Reijn; e o elenco do filme de abertura, Beetlejuice - Os Fantasmas Ainda se Divertem, de Tim Burton " – que inclui os astros do filme original de 1988, Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara, ao lado dos novatos Jenna Ortega, Willem Dafoe e a lenda italiana Monica Bellucci.

"Parece que será o tapete vermelho mais lotado que tivemos na última década", disse o diretor artístico do festival, Alberto Barbera.

Angelina Jolie interpreta a lenda da ópera Maria Callas em "Maria"Foto: Pablo Larrain

Plataforma para o Oscar

Veneza há muito ultrapassou Cannes como plataforma de lançamento para vencedores do Oscar. Os vencedores da estatueta de Melhor Filme Birdman, Spotlight, A forma da água e Nomadland estrearam em Veneza, assim como os campeões de suas temporadas de premiações A Favorita, Duna, A Baleia e Pobres Criaturas, entre muitos outros.

Este ano, apostadores do Oscar descobrirão se Angelina Jolie alcança notas altas interpretando a lenda da ópera Maria Callas em Maria; se a magia dos filmes espanhóis de Almodóvar premiados com o Oscar (Volver e Fale com ela) se perde na tradução em The Room Next Door, sua estreia em língua inglesa; e se Joaquin Phoenix, que ganhou o Oscar de Melhor Ator em 2020 por Coringa, pode novamente deslumbrar a Academia como o príncipe palhaço do crime.

Festival politizado

Nem tudo será brilho e glamour no Lido, a ilha veneziana que hospeda o tradicional festival. A seleção de Veneza inclui alguns dos filmes e documentários mais relevantes deste ano.

Entre eles está September 5, drama documentário do cineasta alemão Tim Fehlbaum que recria os ataques terroristas nos Jogos Olímpicos de Munique de 1972 — nos quais atletas israelenses foram feitos reféns. O filme conta a história a partir da perspectiva de jornalistas esportivos americanos que estavam lá para cobrir os jogos.

Em Riefenstahl, Andreas Veiel, um dos documentaristas mais aclamados da Alemanha, retrata Leni Riefenstahl, diretora dos filmes de propaganda nazistas O Triunfo da Vontade e Olympia.

Riefenstahl, que morreu em 2003, aos 101 anos, sempre negou ter tido conhecimento sobre os campos de concentração de Adolf Hitler e o Holocausto. Veiel, no entanto, que teve novo acesso aos arquivos pessoais da cineasta para o documentário, encontrou evidências que sugerem que Riefenstahl era uma nazista devota.

Cena de "Riefenstahl", documentário sobre Leni Riefenstahl, cineasta da era nazistaFoto: Bayrische Staatsbibliotek Bildarchiv

Além da aula de história, Veiel define Riefenstahl como um exemplo da "sedução do fascismo" que, com a ascensão da extrema direita na Europa, mostra uma atualidade assustadora.

Joe Wright, diretor de Desejo e reparação e O destino de uma nação, examina as origens do fascismo em M. Son of the Century (M. Filho do século, em tradução literal), série de TV que estreia em Veneza e aborda a ascensão do ditador italiano Benito Mussolini.

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