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De campeão de impedimentos a artilheiro

mw21 de dezembro de 2002

Atacante atravessa sua melhor fase no Werder Bremen. É a principal estrela do time e sente-se bem na cidade do norte alemão. Mesmo assim, o brasileiro de 29 anos pensa em trocar de clube para seu último contrato.

Aílton fez 40% dos gols de seu time no campeonato alemãoFoto: AP

"Aaaaaaaílton", grita o locutor do Weserstadion toda vez que anuncia a presença em campo da principal estrela do Werder Bremen. Depois que Rost, Frings, Pizarro e Marco Bode tomaram outros rumos, o brasileiro brilha quase sozinho no terceiro colocado do Campeonato Alemão. Depois de amargar o título de campeão de impedimentos na temporada passada, terminou o primeiro turno da Bundesliga como artilheiro, com 13 gols, 40% dos marcados por toda a equipe.

"Estou mais experiente. Não fico mais impedido com tanta freqüência. E estou acertando os chutes melhor que antes", diz o atacante, que divide o mérito de sua boa fase com um de seus novos colegas. "A principal razão chama-se Johan Micoud. Nunca tivemos um jogador de meio-campo tão inteligente quanto ele. Seus passes são o elixir da minha vida", elogia Aílton o francês, que faz sua primeira temporada no Werder.

Banido para as arquibancadas

Tornar-se estrela no campeão alemão de 1993 não foi fácil. O ex-atacante do Guarani (SP) foi contratado em 1998, num período em que o clube buscava reencontrar o caminho do sucesso, após anos de decadência. Chegou sob a benção do treinador Wolfgang Sidka, que, para azar de Aílton, foi substituído pouco depois pelo linha-dura Felix Magath (hoje no Stuttgart), que baniu o brasileiro para as arquibancadas por considerá-lo "impróprio para a Bundesliga".

Durante quase dois anos, o atacante esperou sua chance. "Eu era novo. Tinha que morder a língua", recorda-se. Quando Magath cedeu seu lugar a Thomas Schaaf, por igualmente não trazer os resultados esperados, o Werder redescobriu Aílton. Explorando sua velocidade e seu físico parrudo do brasileiro, passou-se a apostar em contra-ataques. Desde sua contratação, Toni – como é chamado pelos colegas – já marcou 57 gols na Bundesliga. Aílton é grato à oportunidade que Schaaf lhe deu de firmar-se em Bremen. "É o melhor treinador que já tive, honrado e confiável. Um cara fino", diz.

Desentendimentos freqüentes

O temperamental atacante comemora mais um golFoto: AP

Engana-se, porém, quem acha que os elogios são sinônimo de relação tranqüila. Volta e meia o temperamental Aílton protagoniza conflitos no clube, seja por freqüentar boates, chegar atrasado para treinos ou reclamar por ficar no banco. "Nestas horas ele age como uma criança, mas a gente já aprendeu a lidar com ele", assegura o diretor de esportes, Klaus Allofs.

Em meados de novembro, jogador e cartola revelaram ter uma relação de amor e ódio. Na partida contra o Kaiserslautern, o Werder perdia em casa no primeiro tempo. No intervalo, o ex-jogador da Seleção Alemã cobrou rispidamente maior empenho de Aílton, que no segundo tempo fez dois gols, garantindo a virada.

"Às vezes ele fala demais. Allofs tem de saber que faço meus gols para mim, minha família e a equipe, não para ele", desabafou numa entrevista, antes de completar: "O que ocorreu naquele dia foi insuportável. Não posso aceitar uma crítica individual do Allofs. Críticas à equipe eu aceito, pois sou parte de um time."

Seleção e Bayern, sonhos

Aílton acha às vezes que seu trabalho não é devidamente reconhecido pelo clube. "Já provei o quanto valho. No momento, todos estão felizes comigo. Mas ainda estou aborrecido por não ter jogado um minuto sequer contra o Bayern", admite o atacante, que ameaça nestas horas com uma transferência, inclusive pensando na Seleção Brasileira.

"Tenho sinais da CBF que posso ser convocado no ano que vem", garante o atacante. "Mas no Brasil ninguém mostra jogos do Werder", lamenta. "No fim da temporada, o clube pode ganhar muito dinheiro comigo. Se me liberar somente em 2004 (quando termina o contrato), o Werder não ganha nada." O clube parece não estar interessado em vendê-lo. Muito pelo contrário, gostaria de renovar seu contrato, já agora no recesso de inverno. "Só converso com os dirigentes no fim do campeonato. Meu próximo contrato será o último e tudo tem de ser perfeito", afirma.

Aílton gostaria de jogar no Bayern de Munique. "Eles são os melhores", justifica o brasileiro ao palpitar quem se sagrará campeão da atual temporada. Ele não acredita que teria o mesmo destino de seu ex-companheiro Pizarro: a reserva no maior clube alemão. "Só vou para um time destes se me considerar bem o suficiente para ser titular, tal como Élber e Santa Cruz. No momento, me considero assim. Estou pronto para me medir com Raul, Henry, van Nistelrooy e Ronaldo", declara, já se imaginando em jogos da Liga dos Campeões da Europa.

Fã de um prato típico regional (salsichas Brühwurst com batatas assadas), o recém-casado sente-se bem adaptado em Bremen, mas não teme ter se submeter-se a uma mudança. "Aqui é muito, muito agradável, mas como saber se não há lugar ainda mais agradável?", pergunta o atacante, que, apaixonado por cavalos, que transformar-se em fazendeiro quando pendurar as chuteiras.

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