Defensores do 'kit covid' condenados a pagar R$ 55 milhões
26 de maio de 2023
Grupo divulgou peça de publicidade que defendia medicamentos ineficazes contra a covid-19, como a hidroxicloroquina. Entre os punidos está uma fabricante de ivermectina, que financiou material.
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O Ministério Público Federal (MPF) informou nesta quinta-feira (25/05) que os defensores do chamado "tratamento precoce" contra a covid-19 foram condenados pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul a pagar indenizações no valor R$ 55 milhões por danos morais coletivos e à saúde.
O MPF ajuizou ações contra o grupo que divulgou um material publicitário intitulado "Manifesto pela vida", que incluía a indicação de médicos para que pessoas contaminadas pelo coronavírus utilizassem o chamado "kit covid" com medicamentos comprovadamente ineficazes contra a doença.
No manifesto assinado por um grupo chamado "Médicos do Tratamento Precoce Brasil", os signatários defendiam o uso de medicamentos como hidroxicloroquina e ivermectina, apesar de estudos científicos comprovaram a ineficácia desses remédios contra a covid-19.
Além de estimular a automedicação, o material publicitário não indicava os possíveis efeitos adversos desses medicamentos.
A decisão da Justiça gaúcha condenou em duas ações a Associação Dignidade Médica de Pernambuco (Médicos Pela Vida) e as empresas Vitamedic Indústria Farmacêutica, Centro Educacional Alves Faria (Unialfa) e o Grupo José Alves (GJA Participações).
De acordo com o MPF, a Vitamedic, que fabrica ivermectina, financiou o material de publicidade, com investimento de R$ 717 mil. A empresa foi alvo da CPI da Pandemia no Senado.
O faturamento da Vitamedic em 2020 com a venda de ivermectina foi de R$ 469,4 milhões, segundo dados fornecidos pela própria empresa à CPI. O valor é 2.925% superior ao faturamento de 2019 da farmacêutica.
Na decisão, a Justiça Federal reconheceu ainda a atuação equivocada da Anvisa, que se esquivou a todo tempo de aplicar a sua própria norma sobre publicidade de medicamentos.
rc (Agência Brasil)
Empresas que lucraram com o coronavírus
Medo da covid-19 dominou mercado financeiro. Mas nem toda empresa sofreu com o coronavírus: para algumas, os negócios nunca foram tão lucrativos.
Foto: picture-alliance/B. Kammerer
Quarentena diante da TV
Quando as ações caíram em todo o mundo na última semana de fevereiro de 2020, os títulos do serviço de streaming de vídeos resistiram com sucesso à queda. O cálculo dos corretores é simples: quanto mais os cidadãos precisarem ficar em casa devido ao vírus, mais assistem a séries e filmes na Netflix e outras plataformas.
Foto: picture-alliance/AA/M.E. Yildirim
Pedalando juntos – sem contato
A startup do setor de fitness Peloton Interactive, que oferece bicicletas ergométricas e aulas de ginástica online, não pode reclamar da cotação de suas ações: como cada vez mais adeptos do fitness evitam a academia por medo do vírus, muitos usam a bicicleta de última geração da Peloton, que permite conectar-se em rede para pedalar em conjunto.
Foto: picture-alliance/AP Photo/M. Lennihan
Bilionários do vírus
O chefe da companhia farmacêutica Moderna, Stephane Bancel (dir.), tornou-se bilionário da noite para o dia, quando sua empresa anunciou uma nova vacina contra o coronavírus para testes clínicos em humanos, fazendo disparar o valor de suas ações na Bolsa. Lim Wee-Chai, da Malásia, proprietário majoritário do fabricante de luvas médicas Top Glove, também entrou para o clube de bilionários.
Ferramentas para escritório em casa
As ações da startup Zoom Video Communications, que oferece software de comunicação para videoconferências e reuniões online, aumentaram quase 50% desde fevereiro. Quanto mais gente trabalha em casa, melhor para os negócios da empresa californiana: com 2,2 milhões de novos clientes, a Zoom já conquistou mais usuários nos primeiros dois meses de 2020 do que em todo o ano anterior.
Foto: zoom.us
Estocando para a grande crise
As compras por precaução em grandes redes de supermercados da Europa, como Rewe ou Carrefour, esvaziaram as prateleiras de massas e enlatados em alguns locais. A corrida aos supermercados fez com que investidores aplicassem em ações de fabricantes de alimentos embalados. Devido ao medo de sair de casa, também prosperam varejistas online, como Amazon ou a chinesa Alibaba.
Os fabricantes de máscaras de proteção, desinfetantes e lenços higiênicos vivenciam grande aumento da demanda, pois os consumidores procuram formas de se proteger do vírus que se dissemina. A companhia americana 3M, que fabrica máscaras anticontágio, entre outros artigos, é uma das mais beneficiadas.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/Yichuan Cao
Cooperação a distância segura
Na empresa alemã TeamViewer, que disponibiliza software para manutenção remota de compartilhamento de tela, videoconferência, transferência de arquivos e VPN, o número de usuários vem aumentando desde o surto de covid-19, especialmente na China, o epicentro da epidemia. O valor das ações subiu mais de 20% em poucos dias.