Em solicitação a Fachin, advogados destacam "absoluta impossibilidade" de presidente responder a perguntas antes de gravação de Joesley Batista ser examinada. Caso contrário, defesa pede que PF não questione sobre áudio.
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A defesa de Michel Temer pediu nesta quarta-feira (31/05) ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), que o interrogatório do presidente seja feito apenas depois de concluída a perícia sobre a gravação feita pelo empresário Joesley Batista, da JBS.
O áudio revela uma conversa entre Temer e o executivo no Palácio do Jaburu em março passado. No diálogo, são discutidos possíveis crimes de corrupção por parte de agentes públicos. O presidente se tornou alvo de um inquérito no STF com base no áudio e nas delações de empresários da JBS.
Após suspeitas de que a gravação tenha sido editada, Fachin determinou que a Polícia Federal (PF) faça uma perícia técnica no áudio e no gravador usado por Batista. Não há prazo para que ela seja concluída.
O pedido de reconsideração enviado ao Supremo, assinado pelos advogados Antônio Cláudio Mariz de Oliveira e Sérgio Eduardo Mendonça de Alvarenga, afirma que o presidente "é o maior interessado na rápida elucidação dos fatos". Contudo, há "absoluta impossibilidade" de que Temer preste depoimento antes da conclusão da perícia, destaca o documento.
Segundo a defesa, seriam "especialmente impossíveis de ser respondidos eventuais quesitos que digam respeito a uma gravação que, de antemão, já se sabe fraudada". "É como querer dar o segundo passo sem antes dar o primeiro", escreveram os advogados.
Nesta terça-feira, Fachin autorizou a PF a interrogar Temer no âmbito do inquérito baseado nas delações da JBS. O depoimento será prestado por escrito, ratificando um pedido feito pela defesa na semana passada no caso de um eventual interrogatório. Após a entrega das perguntas, ainda sem data definida, o presidente terá 24 horas para enviar suas respostas.
Caso Fachin não acate o pedido de reconsideração enviado nesta quarta-feira, a defesa de Temer pede pelo menos que o ministro do Supremo ordene que os policiais não façam perguntas ligadas ao conteúdo da gravação. O presidente vem contestando a validade do áudio.
O interrogatório de Temer havia sido solicitado pela Procuradoria Geral da República com intuito de esclarecer a conversa mantida entre o presidente e Joesley Batista. A investigação contra o peemedebista, autorizada pelo próprio Fachin em 18 de maio, apura se, nesse diálogo, Temer deu aval ao empresário para o pagamento de propina ao ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), preso desde outubro no âmbito da Operação Lava Jato.
EK/abr/ots
A "cédula" da eleição indireta no Brasil
Com o governo Michel Temer sob pressão e, para muitos, com os dias contados, já circulam nomes no meio político e empresarial para sucedê-lo. Veja os principais.
Foto: picture alliance/AP Photo/E. Peres
Fernando Henrique Cardoso
Foi o primeiro nome colocado nas conversas no PSDB. A favor estaria a experiência e capacidade de conduzir uma espécie de pacto social para acalmar o país. Mas sua idade (85 anos) e resistência da família fizeram FHC e PSDB buscarem outras opções. Seu nome seria alvejado por partidos de esquerda e movimentos sociais ligados ao PT, o que criaria obstáculos à retomada de votações no Congresso.
Foto: imago/GlobalImagens
Tasso Jereissati
O senador cearense, que governou o Ceará por duas vezes, foi convocado às pressas para assumir o comando do PSDB diante da decadência política de Aécio Neves. Empresário bem-sucedido, ele já foi muito próximo dos ex-presidentes Sarney e Collor. Tasso é visto com simpatia no PSDB e, sobretudo, pelo mercado. Porém, é forte a resistência do PMDB, que não aceita dar o comando do país a um tucano.
Foto: Getty Images/AFP/E. Sa
Nelson Jobim
Jobim aparece como possível candidato em 2018 desde que ficou evidente a queda de Dilma. Jobim é filiado ao PMDB e foi ministro da Justiça de FHC e da Defesa de Lula. De todos os nomes mencionados, é o único que não sofreria tanta resistência interna do PT. O obstáculo central é sua ligação com o banco de André Esteves, preso na Lava Jato, e também com empreiteiros investigados na operação.
Foto: picture-alliance/AP Photo/F. Dana
Rodrigo Maia
Presidente da Câmara e filiado ao DEM, Maia chegou ao cargo com aval de Temer. Seu nome conta com a simpatia do chamado Centrão, que era ligado a Eduardo Cunha e que migrou à base aliada de Temer. Maia não é réu, porém, é investigado na Lava Jato. Mas a instabilidade política e extensão das investigações recomendam que se evite colocar como presidente um nome sobre o qual pairam mínimas suspeitas.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Henrique Meirelles
Ministro da Fazenda, seu nome aparece como fiador do mercado e da possibilidade de manter a economia minimamente sob controle. O problema central é sua ligação com o grupo J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista. Em 2012, ele foi contratado para presidir o conselho consultivo da holding. A ligação com Joesley, o delator que implicou Temer, torna inviável o apoio de setores do PMDB e do PSDB.
Foto: Getty Images/AFP/A. Anholete
Pedro Simon
Ex-senador, do PMDB, Simon sempre foi visto como um exemplo de ética dentro do Congresso, onde permaneceu por quase três décadas. Seu nome começou a ser aventado dentro do PSDB e do PMDB nos últimos dias. O peemedebista, porém, também teria a idade a seu desfavor: Simon tem hoje 87 anos.
Foto: imago/Fotoarena
Cármen Lúcia
Presidente do Supremo Tribunal Federal, o nome da mineira apareceu logo nas primeiras horas após a bomba contra Michel Temer estourar. A ministra do STF, porém, não é filiada a nenhum partido político (o que pode se tornar um impeditivo para que possa concorrer) e já deixou claro que não pretende abandonar a magistratura.