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Mais carros para a Ásia

3 de julho de 2010

Após o fim do bônus governamental de sucateamento de veículos, as previsões para a indústria automotiva alemã em 2010 não eram das melhores. Mas a grande demanda na China, Índia e Japão pegou o setor de surpresa.

Ruas de Pequim têm cada vez mais automóveis alemãesFoto: Xiao Xu

Os mercados asiáticos estão contribuindo para o grande surto econômico da indústria automobilística alemã. Graças a essa demanda, as exportações de veículos alemães de passeio no primeiro semestre de 2010 aumentaram 44% em comparação com o mesmo período do ano passado, anunciou nesta sexta-feira (02/07) a Federação da Indústria Automotiva Alemã (VDA, em alemão).

Segundo o presidente da VDA, Matthias Wissmann, o mercado chinês de carros de passeio cresceu mais de 50% nos primeiros cinco meses deste ano. Na Índia, essa demanda cresceu aproximadamente 30%, e no Japão, 25%. Para este ano, a VDA prevê que o número de carros exportados pela Alemanha ultrapasse os 4,15 milhões.

Também no mercado interno a produção de automóveis teve um aumento de 23% no primeiro semestre. As previsões para o ano inteiro apontam um crescimento de pelo menos 10%.

Já a demanda interna diminuiu em comparação com 2009. No ano corrente, o número de veículos de passeio licenciados diminuiu 29%, para 1,47 milhão de unidades. Em 2009, as vendas dentro da Alemanha haviam aumentado sensivelmente por causa do bônus de sucateamento de carros, criado pelo governo para proteger a indústria automobilística da crise.

Mesmo assim, a VDA elevou seus prognósticos, prevendo que o número de novos carros licenciados possa chegar a 2,9 milhões em 2010.

Sem repasse para os trabalhadores

Os efeitos desse aumento de demanda já se fazem sentir sobre o mercado de trabalho. A jornada de trabalho reduzida praticamente desapareceu do setor, que ao mesmo tempo está se aproximando de sua capacidade máxima de produção.

Mesmo assim, a VDA adverte que – após a nítida queda de faturamento e lucro do ano passado – a indústria automobilística alemã ainda não se recuperou totalmente, por mais que esteja no bom caminho.

Essa recuperação rápida e surpreendente não deixa de causar tensão no setor, segundo informou o jornal econômico Automobilwoche. Enquanto grandes produtores e subsidiárias voltam a ambicionar lucros altos e utilizam a crise para medidas de racionalização, os trabalhadores se sentem cada vez mais perdedores.

"Temos que voltar a fazer mais pressão", declarou Frank Iwer, do sindicato IG Metall e responsável pelas negociações salariais no estado de Baden-Württemberg, onde ficam as sedes da Porsche e da Daimler. Segundo o jornal, o sindicato pretende elaborar um plano nesse sentido até o terceiro trimestre deste ano.

Iwer adverte que a classe trabalhadora não pode continuar a subvencionar as empresas. "Se a conjuntura se mantiver em alta, temos que repensar nossas reivindicações salariais", declarou ele.

Trabalho de emergência

Como o setor foi surpreendido pelo aumento da demanda, as empresas tiveram que abolir de imediato a jornada de trabalho reduzida. Isso começou a gerar descompassos no setor, confirma o sindicato IG Metall. Enquanto muitas empresas ainda estão implementando cortes consideráveis de emprego, outras começam a trabalhar em sistema de hora-extra. A fim de dar conta da demanda, muitas fábricas empregam funcionários temporários no verão, quando grande parte dos funcionários sai de férias.

Autor: Rolf Wenkel (sl)
Revisão: Roselaine Wandscheer

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