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Denúncia de fraude eleitoral eleva tensões no Quênia

9 de agosto de 2017

Seis pessoas são mortas pela polícia em distúrbios em várias cidades, desencadeados após líder da oposição acusar governo de hackear sistema de contagem de votos para garantir vitória do presidente Uhuru Kenyatta.

Manifestantes montaram barricadas em Mathare, na capital Nairóbi, e polícia revidou com tiros e gás lacrimogêneoFoto: Reuters/T. Mukoya

Ao menos seis pessoas foram mortas a tiros pela polícia do Quênia nesta quarta-feira (09/08) em meio a protestos desencadeados por denúncias de fraude eleitoral feitas pela oposição.

O estopim dos confrontos foi o anúncio feito pelo líder e candidato da oposição, Raila Odinga, de que hackers do partido do governo se infiltraram no sistema digital de contagem de votos que gerou uma vantagem constante de 11 pontos a favor do atual presidente do país, Uhuru Kenyatta.

De acordo com resultado de 96% do centros de votação, Kenyatta venceu a eleição presidencial realizada nesta terça-feira com 54% dos votos.

A denúncia da oposição gerou incidentes violentos em várias cidades do país. Em Mathare, uma favela da capital Nairóbi, dezenas de manifestantes montaram barricadas com pedras e fogueiras. Policiais dispersaram jovens com gás lacrimogêneo e tiros ao ar.

Dois manifestantes foram alvejados e morreram. As duas pessoas foram atingidas após "tentarem atacar a polícia no subúrbio de Mathare", afirmou o comandante da polícia de Nairóbi, Japeth Koome, à rádio local Citizen.

Uma pessoa foi morta num ataque com machete no condado de Tana River, no sudeste do país e dois agressores foram mortos a tiros pela polícia.

Em Kisii County, outro reduto da oposição, uma pessoa morreu depois de a polícia abrir fogo contra os manifestantes. A polícia também fez uso de gás lacrimogêneo para dispersar um pequeno grupo de manifestantes que saiu às ruas em apoio a Odinga em Kisumu, no oeste do Quênia.

Apoiador da oposição segura cartaz com imagem de OdingaFoto: Reuters/G. Tomasevic

Autoridade eleitoral nega fraude

Segundo o líder da coligação opositora Super Aliança Nacional (Nasa, na sigla em inglês), as interferências no sistema de contagem de votos teriam sido realizadas com a identidade do ex-diretor de telecomunicações da comissão eleitoral queniana, Chris Msando, que foi encontrado morto há dez dias, com um braço amputado.

"As eleições gerais foram uma fraude. Kenyatta disse que não necessitava de eleitores para ganhar. Tudo isso afetou de uma forma definitiva os resultados. É uma tragédia de proporções monumentais, um desastre absoluto. Não o queremos como líder", afirmou Odinga.

O presidente da comissão eleitoral, Wafula Chebukati, afirmou que as denúncias feitas pela oposição seriam investigadas, e o governo queniano pediu responsabilidade aos cidadãos diante da grave tensão vivida no país. Horas depois, a comissão afirmou que o sistema informático de contagem de votos não foi comprometido "nem antes, nem durante, nem depois" da eleição. O resultado oficial deve ser anunciado em até uma semana.

"Por favor, devemos nos abster de qualquer atividade que ponha em perigo a vida dos demais ou a estabilidade do país", pediu o ministro do Interior, Fred Matiang'i.

Apoiadores da oposição aguardam um novo pronunciamento de Odinga sobre o caso, o que pode resultar em mais protestos nas ruas do Quênia. 

Apesar de a calma ter sido restabelecida nas principais cidades, a sombra da violência pós-eleitoral vivida em 2007 ameaça a estabilidade no país. Naquele ano, o Quênia mergulhou em dois meses de violência que deixaram mais de 1.100 mortos e 600 mil deslocados depois de Odinga, que é ex-prisioneiro político e filho do primeiro vice-presidente do Quênia, ter rejeitado os resultados da eleição presidencial, alegando fraude eleitoral.

Nos últimos dias, o governo destacou mais 180 mil membros das forças de segurança para evitar a repetição do cenário pós-eleitoral de 2007.

KG/efe/ap/afp

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