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Imigrantes

8 de junho de 2009

Nos últimos anos, aumentou o número de imigrantes ilegais vietnamitas que vivem em países da UE. Os governos da Alemanha e Polônia resolveram deportar 104 destes imigrantes, gerando protestos em Berlim.

Vários dos imigrantes vietnamitas legais na Europa se dedicam ao comércioFoto: picture-alliance/dpa

No bairro berlinense Marzahn, surgiu uma espécie de gueto vietnamita, onde estão instaladas pequenas lanchonetes, floriculturas e lojas de roupas, em sua maioria propriedades de imigrantes que migraram do Vietnã para a antiga Alemanha Oriental. São pessoas que lutaram por muito tempo para garantir a sobrevivência e conseguiram se estabelecer no país de forma simples, mas honesta.

Por outro lado, existe também no mesmo bairro da capital alemã outro grupo de vietnamitas, que vive principalmente do comércio ilegal de cigarros nas estações de trem e estacionamentos da cidade. Eles pertencem, em sua maioria, a uma nova geração de imigrantes que vieram do Vietnã e se encontram ilegais no país, diz Tamara Hentschel, da associação Reistrommel, de ajuda aos imigrantes vietnamitas.

Comércio ilegal de cigarros em Berlim: prática comum entre imigrantes que chegaram recentementeFoto: AP

"Depois da abertura no Vietnã, mas também após o fim da Cortina de Ferro, chegaram à Europa muitos vietnamitas que antes nunca haviam deixado seu país. Em princípio, seria melhor se essas pessoas tivessem ficado em casa, sem se aventurar por tais caminhos, em parte muito perigosos, e que acabam provocando dívidas e danos", diz Hentschel.

Tráfico humano

Atraídos pelas promessas de quadrilhas ligadas ao tráfico humano, os vietnamitas costumam pagar altas somas em dinheiro para financiar a viagem até a Alemanha, com o objetivo de entrar no país e requerer asilo político. Esses pedidos de asilo, porém, acabam sendo negados na maioria dos casos.

Passando por enormes dificuldades financeiras e impedidos de trabalhar, muitos acabam se envolvendo em negócios ilícitos, até serem deportados. O número de imigrantes vindos do Vietnã cresce não apenas na Alemanha, como também em países vizinhos como a Polônia e a República Tcheca.

A agência europeia de controle de fronteiras externas (Frontex) financiou, pela primeira vez nesta segunda-feira (08/06), a deportação conjunta de 104 vietnamitas que se encontravam na Alemanha e na Polônia.

Onda de protestos

O transporte coletivo a partir do aeroporto berlinense de Schönefeld desencadeou uma série de protestos de organizações de ajuda humanitária. O Conselho de Refugiados de Berlim cita até mesmo um relatório da Anistia Internacional sobre "a prática intensa de tortura, prisões políticas e pena de morte no Vietnã".

"A situação dos direitos humanos no Vietnã é com certeza completamente insatisfatória com relação aos direitos de participação e liberdade políticas. Acho que as pessoas ameaçadas de perseguição ou detenção no país não deveriam ser deportadas", observa Günter Nooke, encarregado de questões de direitos humanos do governo em Berlim.

Poucos casos de asilo político

No entanto, pelo menos na opinião das autoridades e de tribunais alemães, são muito poucos os refugiados vietnamitas que precisam temer represálias políticas. Volker Piening, encarregado de questões de imigração em Berlim, menciona que, embora os vietnamitas sejam hoje o terceiro maior grupo de requerentes de asilo – depois de iraquianos e turcos –, são muito poucos os casos em que o governo os reconhece como perseguidos.

"As cotas de reconhecimento giram em torno de zero, ou seja, dentro deste grupo de requerentes de asilo há um grande número de pessoas que não têm mais permissão de residência no país. Por isso, o número de vietnamitas deportados nos últimos meses subiu consideravelmente", diz Piening.

Especialmente integrados

Embarcação vietnamita: 'boat people'Foto: dpa

Hoje, vivem legalmente na Alemanha aproximadamente 85 mil vietnamitas. Não se sabe exatamente o número de ilegais. Ao contrário daqueles que chegaram recentemente, os que migraram nos anos 1970 e 1980 conseguiram se estabelecer no país, após chegarem com contratos de trabalho na antiga Alemanha Oriental ou como boat people (imigrantes que deixam o país usando pequenas embarcações) na ex-Alemanha Ocidental.

Os descendentes desses imigrantes são considerados – da mesma forma como acontece nos EUA – especialmente aplicados e ambiciosos. Mais da metade dos estudantes filhos de imigrantes vietnamitas consegue seguir a vertente do sistema escolar na Alemanha que conduz ao ingresso numa universidade. Um percentual maior do que entre os grupos de imigrantes de outras nacionalidades e maior até do que entre os próprios escolares alemães.

Autor: Bernd Grässler

Revisão: Roselaine Wandscheer

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