Deputado russo critica "propaganda gay" em "A Bela e a Fera"
4 de março de 2017
Político conservador pede que governo analise se filme viola lei que veta distribuição de informação sobre "relações sexuais não tradicionais". Diretor do longa fala de primeiro "momento exclusivamente gay" da Disney.
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Um deputado russo ultraconservador pediu neste sábado (04/03) que o Ministério da Cultura analise a nova versão de A Bela e a Fera, da Disney, quanto a possíveis violações de uma lei que proíbe a "propaganda gay".
Numa carta enviada ao ministro da Cultura, Vladimir Medinsky, o deputado Vitaly Milonov classifica o filme, com estreia no país marcada para 16 de março, "propaganda descarada do pecado e de relações sexuais perversas".
Bill Condon, diretor do filme protagonizado por Emma Watson, revelou que o longa-metragem contém o "primeiro momento exclusivamente gay" da Disney. O tal momento envolve o personagem Le Fou, interpretado pelo ator Josh Gad, braço-direito de Gaston (Luke Ewans).
"Le Fou é alguém que um dia quer ser Gaston, e no outro quer beijar Gaston. Ele está confuso sobre o que quer. É alguém que está percebendo que tem esses sentimentos", disse o cineasta à revista britânica Attitude. A cena dura apenas alguns segundos, e críticos classificam o "momento gay" de sutil.
O deputado russo pediu que o ministro da Cultura "adote medidas para banir completamente a exibição do filme" se nele encontrar "elementos de propaganda da homossexualidade".
Milonov se tornou membro do Parlamento pelo partido Rússia Unida, do presidente Vladimir Putin, no ano passado, depois de atuar no Legislativo regional em São Petersburgo. Ele ganhou notoriedade como um dos investigadores-chefes da lei que proíbe a "propaganda gay", assinada por Putin em 2013.
A lei, condenada mundo afora, veta a distribuição de informação que possa despertar o interesse de menores de idade em "relações sexuais não tradicionais". A legislação foi usada como pretexto para banir eventos LGBT. A Rússia descriminalizou a homossexualidade em 1993 e somente em 1999 deixou de classificá-la como doença mental.
A nova versão de A Bela e a Fera também causou furor nos Estados Unidos após as declarações do diretor sobre o "momento gay". O Henagar Drive-In, no estado do Alabama, cancelou os planos de exibir o filme porque os operadores do local são "acima de tudo cristãos" e "não comprometerão o que ensina a Bíblia", segundo a página do cinema no Facebook.
LPF/afp/ap
Dez diretoras alemãs de cinema
Embora quase metade dos graduados em Cinema na Alemanha sejam mulheres, elas assumem apenas 15% da direção dos filmes no país. Conheça algumas delas: jovens ou precursoras, com filmografias experimentais ou comerciais.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Maren Ade
Nascida em 1976, Maren Ade é uma das diretoras alemães de trajetória mais sólida dentro e fora do país. Depois de "Floresta para as árvores", seu premiado filme de conclusão de curso e de baixo orçamento "Todos os outros" (2009) levou um Urso de Prata no Festival de Cinema de Berlim. "Tony Erdmann" (2016), que teve sua estreia em Cannes, é um dos indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro.
Foto: picture-alliance/dpa/K. Nietfeld
Ulrike Ottinger
Entre 1962 e 1968, foi aluna de Claude Lévi-Strauss e Pierre Bourdieu na França. De volta à Alemanha, dirigiu muitos filmes – entre eles uma série de documentários longos, frutos de suas viagens pela Ásia e mais tarde pelo Leste Europeu. Seus trabalhos audiovisuais receberam incontáveis prêmios e sua obra foi tema de retrospectivas na Cinemateca de Paris e no MoMA de Nova York.
Foto: DW
Helke Sander
Nascida em 1937, foi uma das precursoras do movimento feminista no cinema alemão. Entre 1966 e 1969, estudou na Academia Alemã de Cinema e Televisão de Berlim (DFFB). Em 1973, organizou o Primeiro Seminário de Cinema Feminino em Berlim, com exibição de 40 filmes dirigidos por mulheres. Em 1974, fundou a revista "Mulheres e Cinema", que editou até 1982. Em 1984, recebeu o Urso de Ouro na Berlinale.
Foto: picture-alliance / KPA Honorar und Belege
Helma Sanders-Brahms
Em 1967, Helma Sanders-Brahms (1940-2014) trabalhou com Pier Paolo Pasolini na Itália. A partir de 1969, dirigiu diversos filmes de cunho autobiográfico, muitos deles voltados para questões relativas ao lugar da mulher no trabalho e na família. Além da direção, ela assinava roteiros e produzia seus próprios filmes. Entre as obras que a tornaram conhecida está "Alemanha, mãe pálida" (1980).
Foto: Getty Images
Margarethe von Trotta
Diretora e roteirista berlinense nascida em 1942, Margarethe von Trotta começou sua carreira como atriz. Personagens femininas são uma marca de sua obra. Ela já levou às telas as trajetórias de Hildegard von Bingen, Rosa Luxemburg e Hannah Arendt, entre outras.
Foto: picture-alliance/dpa
Doris Dörrie
A cineasta assina a direção de mais de 30 filmes, encenações de ópera, romances e livros infantis. Alguns de seus filmes são adaptações para a tela de seus próprios livros. Doris Dörrie tornou-se internacionalmente conhecida em 1985 com a comédia de costumes "Homens". Uma das características de sua obra é o humor constante.
Foto: picture-alliance/Geisler-Fotopress
Caroline Link
Em 1990, concluiu os estudos na Escola Superior de Cinema e Televisão de Munique. Seis anos mais tarde, "A música e o silêncio", seu longa-metragem de estreia na direção, seria indicado para o Oscar de melhor filme estrangeiro. Mas conhecida internacionalmente ela se tornaria com "Lugar nenhum na África", a história de uma família judia que foge do nazismo e se exila no Quênia.
Foto: picture-alliance/dpa
Angela Schanelec
Em 1993, antes de se formar na Academia Alemã de Cinema e Televisão de Berlim (DFFB), já estreava na direção. Foi premiada por "Marselha" e é uma das diretoras dos "13 curtas sobre o estado da nação" – projeto que reuniu cineastas do país em 2009, como contraponto ao coletivo "Alemanha no outono", de 1977. Seu nome é associado ao que se convencionou chamar de Escola de Berlim.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Carstensen
Yasemin Şamdereli
De ascendência curda, a diretora nasceu e cresceu na Alemanha. Graduada pela Escola Superior de Cinema e Televisão de Munique, recebeu vários prêmios por seu curta de conclusão de curso. Depois de trabalhar para a TV, realizou "Bem-vindo à Alemanha", que estreou no Festival de Berlim e foi exibido em diversos lugares do mundo. O filme aborda, de maneira singular, o tema migração e identidade.
Valeska Grisebach
Ex-aluna de Michael Hanecke na Academia de Cinema de Viena, recebeu diversos prêmios por seu filme de conclusão de curso: o semidocumental "Minha estrela". Seu segundo longa, "Saudade", estreou no Festival de Berlim e foi muito premiado. Nele, a diretora consegue abolir a fronteira entre documentário e ficção, já que os figurantes do povoado que serve de cenário ao filme são moradores locais.