Deputados democratas dos EUA fazem carta contra Bolsonaro
27 de outubro de 2018
Dezoito legisladores pedem que secretário de Estado americano, Mike Pompeo, condene o presidenciável do PSL por encorajar a violência política, mostrar falta de compromisso com a democracia e atacar minorias.
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Em carta, dezoito deputados do Partido Democrata apelaram para que o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, condene o presidenciável do PSL Jair Bolsonaro por encorajar a violência política, mostrar falta de compromisso com a democracia e atacar minorias.
Os legisladores americanos, liderados pelo deputado Ro Khanna, da Califórnia, enviaram a Pompeo uma carta com data desta sexta-feira (26/10), em que chamam o candidato do PSL de um extremista de direita que, argumentam, está se beneficiando de uma campanha eleitoral marcada por "violência política" e "um dilúvio de notícias falsas e desinformação".
Eles afirmam que o candidato "regularmente elogia a ditadura militar do Brasil, foi acusado de discursos de ódio contra grupos de minorias e disse que não vai reconhecer o resultado das eleições, caso perca".
Os políticos americanos afirmam que uma eleição de Bolsonaro pode ter repercussões em toda a região e pedem que o secretário de Estado deixe claro para o governo brasileiro que "os Estados Unidos da América consideram essas posições inaceitáveis e que haverá consequências se Bolsonaro seguir adiante com as ameaças feitas durante a campanha presidencial".
O texto diz também que as ações de Bolsonaro "conflitam com eleições livres e justas" e afirma que o candidato "pediu a execução de seus oponentes e mais recentemente ameaçou prender líderes do Partido dos Trabalhadores e 'bani-los da pátria'". A carta também cita declaração realizada por um dos filhos do capitão reformado, Eduardo, em que ele ameaça o Supremo Tribunal Federal com "intervenção militar".
Os deputados americanos acusam Bolsonaro de se beneficiar "de uma campanha massiva de notícias falsas nas redes sociais, a qual supostamente recebeu milhões de dólares em financiamento ilícito de atores do setor privado".
Os legisladores pedem que o secretário de Estado e outros porta-vozes do governo dos EUA condenem "toda a violência política no Brasil" e tomem "uma posição firme em oposição a esse retrocesso", frisando que a cooperação dos EUA com o Brasil "depende da defesa, por seus líderes, dos direitos humanos básicos e dos valores democráticos".
1989: a primeira eleição direta da redemocratização
Os brasileiros voltaram a escolher diretamente um presidente depois de 27 anos. Um total de 22 candidatos se apresentou – até hoje um recorde. O pleito foi marcado por debates na TV e acusações de manipulação jornalística. Fernando Collor, filiado a um partido nanico, largou na frente ao se apresentar como “caçador de marajás”. No final, Collor derrotou o líder sindical Lula (PT) no 2° turno.
Foto: Radiobras/Roosewelt Pinheiro
1994: o início da era tucana
No início de 94, o pleito tinha um favorito: Lula. No entanto, alguns meses antes da eleição foi lançado o Plano Real, bem-sucedido em conter a inflação. A popularidade de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um dos autores do plano, disparou. Lula, que havia criticado o real, afundou nas pesquisas. FHC acabou vencendo a eleição ainda no 1° turno. Era o início de oito anos de hegemonia do PSDB.
Foto: Acervo FHC
1998: a reeleição entra em cena
Em 1997, foi aprovada a emenda da reeleição– com denúncias de compra de votos –, abrindo caminho para FHC disputar mais um mandato. Mais uma vez seu adversário foi Lula, que indicou Leonel Brizola, seu antigo rival na esquerda, como vice. Durante a campanha, o governo omitiu que o real estava sobrevalorizado. FHC foi eleito no 1° turno. Depois da posse, o real sofreu uma desvalorização recorde.
Foto: Acervo FHC/Secretaria de Imprensa
2002: o início da hegemonia petista
Lula chegou à eleição com uma nova imagem: se comprometeu a apoiar o plano real, nomeou um empresário como vice e recorreu a marqueteiros. A estratégia para acalmar o mercado deu certo. Ciro Gomes chegou a despontar em segundo lugar, mas afundou após uma série de declarações que repercutiram mal. No final, Lula derrotou o candidato do governo FHC, José Serra, no segundo turno, com 61% dos votos.
Foto: Agência Brasil/M. Casal Jr.
2006: escândalos não impedem reeleição de Lula
Lula se candidatou novamente após a eclosão do escândalo do Mensalão. Parecia destinado a vencer no 1° turno, mas a prisão de assessores do PT na reta final abalou sua campanha. No 2° turno, os petistas contra-atacaram. Rotularam o tucano Geraldo Alckmin de privatista e de ser contra o Bolsa Família. Alckmin acabou recebendo menos votos no 2° turno do que na primeira rodada, e Lula foi reeleito.
Foto: Instituto Lula/R. Stuckert
2010: a primeira presidente mulher
Com alto índice de popularidade, Lula apresentou Dilma Rousseff como candidata à sucessão. Os tucanos voltaram a lançar José Serra, e a ex-ministra Marina Silva disputou pela primeira vez. A campanha de Serra tentou encurralar Dilma ao acusá-la de ser favorável ao aborto. No final, pesou a popularidade de Lula, e a petista ganhou no 2° turno, se tornando a primeira mulher a chegar à Presidência.
Foto: Agência Brasil/W. Dias
2014: a campanha mais cara e acirrada
Nova polarização entre PSDB e PT: Dilma disputou um novo mandato com Aécio Neves. Após a morte de Eduardo Campos (PSB), Marina Silva entrou na corrida, mas desabou nas pesquisas após ataques do PT. Dilma foi reeleita com apenas 3,28 pontos percentuais a mais que Aécio no 2° turno. A petista e o tucano gastaram R$ 570 milhões - com muitas doações de empresas acusadas de corrupção na Lava Jato.
Foto: Reuters/R. Moraes
2018: polarização entre PT e Bolsonaro
Após uma campanha que acirrou ânimos e dividiu o país, Jair Bolsonaro (PSL) foi eleito com 55,13% dos votos, contra 44,87% de Fernando Haddad (PT). A vitória do ex-capitão defensor do regime militar marcou a volta da extrema direita brasileira ao poder e representou um fracasso para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que nesse pleito estava preso por corrupção e impedido de se candidatar.
Foto: Reuters/P. Whitaker/N. Doce
2022: inédita disputa entre presidente e ex-presidente
Os candidatos mais bem posicionados nas pesquisas são o presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputa reeleição, e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que recuperou os direitos políticos. Bolsonaro ampliou benefícios sociais às vésperas da campanha e vem questionando o sistema eleitoral. Já Lula busca aliança ampla contra extrema direita e capitalizar sua experiência anterior no governo.