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Derretimento de geleira na Antártida é irreversível, aponta estudo

13 de janeiro de 2014

Geleira Pine Island, no oeste da Antártida, é uma das maiores, responsável por 20% do total de gelo da parte ocidental do continente. Sumiço do gelo vai aumentar o nível do mar, afirmam cientistas.

Foto: picture-alliance/dpa

Em todo o mundo, o nível do mar pode subir até um centímetro nos próximos 20 anos em consequência do derretimento de uma única geleira na Antártida, a Pine Island. Ela é uma das maiores do continente gelado, é responsável por 20% do total de gelo na Artártida Ocidental. A informação foi publicada pelo Instituto de Pesquisas Glaciais e Geofísica da Universidade de Grenoble, na França, na revista Nature Climate Change.

Segundo os pesquisadores, o derretimento da Pine Island é irreversível, não é mais possível mudar esse curso. A geleira "iniciou uma fase de recuo autossustentável e vai continuar o seu declínio irreversível", afirma Gael Durand, um dos cientistas envolvidos no estudo.

Desde de 2000, o tamanho de Pine Island diminuiu 10 quilômetros. O derretimento também ficou mais acelarado nos últimos 40 anos: cerca de 20 bilhões de toneladas de gelo desapareceram por ano entre 1992 e 2011. Essa quantidade pode chegar até 100 bilhões de toneladas, causando um aumento de 0,3 até 1 centímetro no nível do mar nos próximos 20 anos.

Para a pesquisa, os cientistas se basearam em três modelos de simulação de fluxo de gelo e concluíram que a perda pode chegar a 40 quilômetros nos próximos 50 anos. A Pine Island é uma das maiores rotas para o fluxo de gelo da Antártida para o mar e, para os cientistas, entender seu mecanismo ajudará na previsão do aumento do nível do mar devido ao aquecimento global.

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Clima no mundo

Outro estudo publicado no início de janeiro apontou que o derretimento dessa plataforma depende da direção do vento, relacionada a mudanças tropicais associadas ao El Niño – fenômeno que altera a temperatura da superfície da água no Oceano Pacífico e modifica o clima e os ventos.

Estudos anteriores defendiam que, com o aumento da temperatura do oceano, a geleira estava derretendo por baixo. A pesquisa do British Antarctic Survey em parceira com a Universidade de Washington mostrou que, além disso, a água mais quente está chegando em maior volume na plataforma continental. Nas últimas décadas, a presença dessa camada de água mais quente foi constante na plataforma continental em contato com a Pine Island.

Mas em 2012 essa camada de água quente diminuiu e no verão do mesmo ano foi medido o menor nível de derretimento da geleira. Nessa mesma época, também foi registrada uma mudança na direção dos ventos nesse local, com a presença da La Niña, evitando, assim que essa água mais aquecida atingisse a geleira.

"Esses novos resultados mostram que a quantidade de gelo que derrete nas geleiras da Antártida pode depender das condições climáticas de outros lugares do planeta", afirmou Eric Steig, um dos coautores da pesquisa.

Esse derretimento contínuo das geleiras está sendo observado por cientistas no mundo inteiro e o aumento do nível do mar ameaça a costa de algumas regiões. No mês passado, a Agência Espacial Europeia afirmou que a camada de gelo do oeste da Antártida está derretendo em um ritmo muito mais acelerado, cerca de 150 quilômetros cúbicos por ano.

CN/afp/lusa

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