Perigo de fusão
12 de março de 2011A usina nuclear japonesa Fukushima Daiichi I é um reator de água fervente. Barras de combustível dentro do reator produzem calor através da fissão nuclear. Com isso a água é aquecida e faz girar uma turbina que gera eletricidade. A água é, então, resfriada e bombeada de volta para para o reator para ser aquecida novamente.
O interior de um reator como esse é composto de longos tubos, dentro dos quais as barras de combustível são armazenadas. Dentro dessas barras há urânio enriquecido. Quando o urânio radioativo se decompõe, grandes quantidades de energia são liberadas e aquecem a água ao seu redor. Ao mesmo tempo, nêutrons energizados são liberados e desencadeiam novas fissões nucleares nas barras de combustível adjacentes.
Para controlar ou parar o processo, são instaladas as chamadas hastes de controle, que absorvem os nêutrons liberados. Em um desligamento da usina nuclear, as hastes de controle são inseridas dentro do reator. Novas fissões nucleares são evitadas. O reator se resfria, no entanto não rápido o suficiente. O ciclo da água deve continuar sendo bombeado com energia para continuar o resfriamento do sistema.
A falta de energia leva a uma situação crítica. A pressão e a temperatura dentro do reator continuam subindo. Se não for possível interromper esse processo, a pressão e o calor podem causar danos ou mesmo destruir completamente o invólucro das barras de combustível.
Nessa fase, o conteúdo das barras de combustível, urânio e o produto de sua fissão, como o césio, afundam, o que pode levar a explosões nucleares descontroladas, que geram mais calor e pressão. No final do processo, o reator inteiro pode explodir, como ocorreu há quase 25 anos em Tchernobil. Essa fase é conhecida como o pior cenário possível. O conjunto dos produtos radioativos decompostos acaba sendo liberado para a atmosfera por uma explosão.
Em Fukushima, o circuito de segurança foi interrompido por falta de energia após o terremoto. O segundo nível de segurança, com geradores a diesel, também falhou. O resfriamento pôde ser mantido apenas por baterias elétricas, cujo tempo de funcionamento é limitado.
No reator, a temperatura da água subiu. Através da evaporação, a pressão aumentou. Para evitar uma explosão, a primeira tentativa foi expelir o vapor levemente radioativo através de uma válvula.
Mas essa opção foi apenas parcialmente bem sucedida. Caso ocorra uma fissão nuclear e, com isso, o colapso, as pessoas no Japão podem apenas torcer para que um vento leve embora a nuvem radioativa, soprando-a em direção ao Pacífico.
Autor: Sybille Golte (ff)
Revisão: Marcio Damasceno