Desastre em Brumadinho prejudica indústria em MG e ES
9 de abril de 2019
IBGE aponta quedas significativas na produção industrial no Espírito Santo e Minas Gerais em fevereiro. Estados foram impactos por redução na produção de minério de ferro ocasionada por rompimento de barragem.
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O rompimento de uma barragem em Brumadinho, no final de janeiro, derrubou a produção industrial do Espírito Santo e de Minas Gerais em fevereiro, mostraram dados divulgados nesta terça-feira (09/04) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Em comparação com janeiro, a indústria no Espírito Santo recuou 9,7% em fevereiro, e em Minas Gerais, 4,7%. Segundo o IBGE, o resultado negativo está relacionado à redução na produção de minério de ferro decorrente do rompimento da barragem do Córrego do Feijão, na cidade mineira de Brumadinho.
"O acidente provocou recuos na produção tanto em Minas Gerais quanto no Espírito Santo, que, pela proximidade, também foi afetado. A queda foi mais intensa na indústria capixaba, porque houve também diminuição na produção de derivados de petróleo e gás, além do fato de a indústria do estado ser menos diversificada que a mineira", afirmou Bernardo de Almeida, analista do IBGE.
Em 25 de janeiro, a barragem do Córrego do Feijão, que continha rejeitos de uma mina da Vale, se rompeu em Brumadinho. Um rio de lama e resíduos minerais enterrou, em questão de segundos, as instalações da mina e as casas vizinhas, deixando um saldo de 224 mortos e 69 desaparecidos, segundo o balanço mais recente, além de danos ambientais incalculáveis.
Após a tragédia, as autoridades iniciaram uma sindicância para esclarecer a responsabilidade da Vale no desastre, o segundo protagonizado pela mineradora em pouco mais de três anos. Em 2015, a ruptura de vários diques da mineira Samarco, controlada pela Vale e BHP Billiton em Mariana, MG, causou 19 mortes e provocou a maior catástrofe ambiental da história do país.
A pesquisa do IBGE analisou ainda na produção industrial em outras 13 regiões e identificou uma alta em nove delas e recuo em quatro. Diante destes resultados, a indústria brasileira cresceu no total 0,7% em fevereiro.
Concentrando 34% da produção nacional, a indústria paulista cresceu 2,6%, a maior expansão desde junho de 2018, quando registrou 13,7%. De acordo com Almeida, esse resultado foi impulsionado pelo setor automobilístico.
O maior crescimento de fevereiro foi registrado na Bahia (6,5%), seguido pela região Nordeste (6,2%) e Pernambuco (5,9%). Já os maiores recuos, depois do Espírito Santos e Minas Gerais, ocorreram em Goiás (-2,6%), Rio de Janeiro (-2,1%) e Rio Grande do Sul (-1,4%).
CN/ots
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Rompimento de barragem da Vale em Minas Gerais, no dia 25 de janeiro de 2019, deixou centenas de mortos. Um mês após o desastre, busca por corpos enterrados na lama continua.
Foto: DW/N. Pontes
Zona Quente
Buscas por corpos enterrados na lama continuam com homens e mulheres do Corpo de Bombeiros dos estados de Minas Gerais, Paraná e Santa Catarina. Um mês depois da tragédia, cerca de 140 oficiais se dividem em 19 equipes pela área afetada. Toda a superfície já foi vasculhada. Regiões com acúmulo de água ainda oferecem perigo às atividades dos bombeiros.
Foto: DW/Nádia Pontes
Centro de Comando
Duas bases de operações foram instaladas para apoiar as equipes de resgate. Perto do centro de Brumadinho, oficiais dos bombeiros usam informações georreferenciadas para planejar ações de campo. Na imagem, militar consulta os locais onde corpos e fragmentos de corpos foram encontrados no primeiro mês de buscas na lama.
Foto: DW/N. Pontes
Barragens de rejeitos da Vale
Vista aérea da estrutura que sobrou da barragem I da mina Córrego do Feijão após o colapso. Construída em 1976 pela Ferteco, adquirida pela Vale em 2001, barragem armazenava 12 milhões de m3 de rejeitos numa área de 249,5 mil m2. À direita da imagem, a barragem IV, com 844 mil m3 de rejeitos, passa por operação de drenagem desde a tragédia.
Foto: DW/Nádia Pontes
Vidas destroçadas
Pelo menos 300 pessoas morreram após o rompimento da barragem de rejeitos da Vale. Segundo a empresa, 286 pessoas estão desabrigadas em Brumadinho, vivendo em pousadas e casas alugadas pela mineradora. Devido ao risco de rompimento de outras barragens, 744 pessoas foram evacuadas nas cidades de Barão dos Cocais, Ouro Preto e Nova Lima.
Foto: DW/N. Pontes
Vistoria da Defesa Civil
Defesa Civil e Secretaria de Obras de Brumadinho visitam locais atingidos na companhia de moradores. As perdas materiais relatadas compõem um laudo emitido pelo poder público, que é essencial para que moradores sejam identificados pela Vale como atingidos. O laudo é importante principalmente para quem perdeu todos os documentos, era caseiro ou trabalhador informal em propriedades destruídas.
Foto: DW/N. Pontes
Preocupação com a saúde
A pedido da mãe, Davi, 3 anos, mostra as feridas na pele que apareceram uma semana depois do rompimento da barragem. A família mora no distrito de Córrego do Feijão, em Brumadinho, que foi atingido pela lama. Segundo moradores, pelo menos três crianças e um adulto estão com o mesmo problema.
Foto: DW/N. Pontes
Insetos e mau cheiro
Larissa, 25 anos, ficou uma semana fora de casa depois da tragédia. No dia do rompimento da barragem, ela ouviu um estrondo e viu a movimentação dos rejeitos. Mesmo sem o soar da sirene, ela seguiu o treinamento de emergência e correu para o ponto de encontro com os três filhos. Desde que voltou pra casa, ela reclama do número exagerado de insetos e do mau cheiro.
Foto: DW/N. Pontes
Monitoramento ambiental
O Ibama estima que a onda de rejeitos tenha devastado pelo menos 270 hectares, entre vegetação nativa de Mata Atlântica e Áreas de Preservação Permanente. A DW Brasil acompanhou um sobrevoo que analisou o impacto dos rejeitos nos córregos. Foram identificados vários pontos com acúmulo de água devido ao represamento causado pelos rejeitos.
Foto: DW/N. Pontes
Informações às vítimas
A Estação do Conhecimento da Vale se transformou numa central de atendimento aos atingidos. Diversos órgãos públicos, além da própria empresa, mantêm funcionários no local para dar assistência à população. Muitas viúvas e representantes de crianças órfãs buscam auxílio para reunir documentação necessária para dar entrada na ação contra a mineradora. Apoio psicológico também é oferecido.