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EconomiaSuécia

A importância das terras raras descobertas na Suécia

13 de janeiro de 2023

Grandes quantias dos minérios foram achadas no norte do país, alimentando esperança de reduzir dependência europeia da China. Minerais são usados sobretudo na produção de carros elétricos, smartphones e turbinas eólicas.

Kiruna, norte da Suécia
Kiruna, no norte da Suécia, é famosa por suas minas de ferroFoto: Johannes Frandsen/Regeringskansliet

A companhia estatal sueca de mineração LKAB anunciou nesta quinta-feira (12/01) ter descoberto grandes quantidades de minerais de terras raras. A descoberta alimenta esperanças de que a UE possa reduzir sua dependência da China para elementos considerados cruciais no desenvolvimento de uma série de tecnologias modernas, muitas delas ligadas ao combate às mudanças climáticas.

Segundo a LKAB, a área em torno de sua gigantesca mina de ferro, em Kiruna — a maior do mundo —, contém mais de 1 milhão de toneladas métricas de óxidos de terras raras. Conforme o comunicado da empresa, a quantidade "significativa" do minério encontrada no extremo norte do país faria da região o maior depósito conhecido de terras raras na Europa.

Atualmente, a China domina o mercado de terras raras, respondendo por mais de 80% da produção global e cobrindo cerca de 95% da demanda europeia.

A LKAB administra a maior mina subterrânea de minério de ferro do mundoFoto: Jonas Ekstremer/TT/picture alliance

Qual é a importância das terras raras?

"Isso é uma boa notícia não apenas para a LKAB, para a região e para o povo sueco, mas também para a Europa e para o clima", disse Jan Monström, CEO da empresa, em comunicado.

"[A descoberta] pode se tornar um alicerce significativo para a produção de matérias-primas críticas que são absolutamente cruciais para viabilizar a transição verde", acrescentou.

Para Jan Monström, achado representa "uma boa notícia para a Europa e para o clima"Foto: Jonas Ekstromer/TT News Agency/REUTERS

Moström disse que é difícil estimar o tamanho dos depósitos em comparação com outros fora da Europa. Embora se acredite que a descoberta seja a maior do continente, ela permanece pequena em escala global, representando menos de 1% das 120 milhões de toneladas estimadas em todo o mundo pelo US Geological Survey.

Segundo a LKAB, um pedido de concessão de exploração deverá ser apresentado este ano. A empresa ressaltou, porém, que provavelmente levará de 10 a 15 anos até que os trabalhos de mineração possam começar e o minério chegue no mercado.

"A eletrificação, a autossuficiência da UE e a independência da Rússia e da China começarão na mina", disse em comunicado a ministra sueca de Energia, Negócios e Indústria, Ebba Busch.

A descoberta de elementos de terras raras tem um papel crucial na preservação do clima, já que o minério é essencial na produção de carros elétricos, smartphones e outros sistemas de energia renovável, entre outros usos.

Ao contrário do que o nome indica, as terras raras, na verdade, são encontradas em abundância na Terra, agregadas a outros minerais. De acordo com mineralogistas, o termo "raras" é uma referência ao fato de esses minérios estarem espalhados por todo o planeta em concentrações relativamente baixas.

Europa continua altamente dependente da China

A Europa continua altamente dependente de Pequim tanto para terras raras quanto para os fortes ímãs permanentes compostos de ligas de elementos do minério, usados sobretudo em produtos como carros elétricos e smartphones.

Acredita-se que existam depósitos de terras raras no território de vários países da Europa, particularmente nas nações nórdicas. Mas não há, atualmente, locais de mineração e extração em funcionamento. Dentro da UE, existe apenas uma instalação de separação de terras raras na Estônia.

Mas a eventual exploração de terras raras na Europa enfrenta um obstáculo em potencial: os custos relativamente altos das operações de extração em países europeus – devido a melhores salários e condições de trabalho, por exemplo, ou a subsídios chineses.

A China fornece 95% dos ímãs da UE, que também são importantes para o setor de defesa. A Estônia está programada para lançar uma fábrica de ímãs este ano, com a fabricação programada para começar em 2025.

Preços em rápida ascensāo

O objetivo da UE agora é garantir seu próprio suprimento de terras raras e limitar sua dependência da China, sobretudo diante das lições aprendidas após a invasão dos russos à Ucrânia. O bloco se viu em dificuldades para suprir sua demanda energética depois que, em meio a sanções da UE, o fornecimento de combustíveis fósseis russos foi repentinamente limitado.

"Nossa transição verde e digital irá vingar ou fracassar através do funcionamento de nossas cadeias de suprimentos", disse a ministra de Energia da Suécia, Busch. "Veja a China, com seu quase monopólio de terras raras e ímãs permanentes e preços subindo de 50% a 90% apenas no ano passado. O fornecimento de matérias-primas tornou-se uma ferramenta geopolítica real. Isso tem que mudar. No curto prazo, precisamos diversificar nosso comércio, mas a longo prazo não podemos confiar apenas em acordos comerciais. A eletrificação, a autossuficiência e a independência da UE começarão na mina."

A Suécia acaba de assumir a presidência rotativa da UE, com o anúncio da estatal coincidindo com a chegada dos comissários do bloco no país.

Diante dos planos de transição para uma economia verde e digital, a UE estima que a demanda por terras raras aumentará cinco vezes até 2030.

Em meio às crescentes tensões comerciais com Washington, Pequim recentemente ameaçou cortar o fornecimento de terras raras aos EUA. Apesar de os minérios serem encontrados também em território americano, "a China estrategicamente inundou o mercado global com terras raras a preços subsidiados, expulsou concorrentes e dissuadiu novos entrantes no mercado", afirmou um relatório do Departamento de Defesa dos EUA.

ip/md (Reuters, AP, DPA, AFP)

 

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