Autoridades egípcias descobrem dois túmulos antigos em Luxor. As inscrições nas paredes sugerem que pertençam a pessoas importantes ligadas aos faraós da 18ª dinastia do Egito, que governaram há mais de três milênios.
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O Egito anunciou neste sábado (09/12) a descoberta de dois pequenos túmulos, com 3.500 anos, na cidade de Luxor. As tumbas, que datam da época do Império Novo, foram escavadas numa necrópole na margem ocidental do rio Nilo, perto de Luxor, onde ficava Tebas, capital dos faraós.
Uma múmia em bom estado de conservação, a estátua de uma cantora do deus Ámon Ra e centenas de artefatos de madeira e cerâmica foram encontrados por uma missão de arqueólogos liderada por Mostafa Waziri, que é também secretário-geral do Conselho Supremo de Antiguidades do Egito.
Os túmulos, que muito provavelmente pertenciam a nobres e altos funcionários da época e ainda não foram identificados, foram inicialmente descobertos na década de 1990 pela arqueóloga alemã Frederica Kampp, mas não haviam sido explorados.
As incríveis semelhanças entre Egito e China na Antiguidade
Exposição no Novo Museu de Berlim revela como, apesar de não terem contato, antigos chineses e egípcios tinham mais em comum do que se imagina – de ritos funerários ao consumo de bebidas, cosméticos e o amor pelos cães.
Foto: Ägyptisches Museum und Papyrussammlung, Staatliche
Museen zu Berlin, Margarete Büsing
Uma roupa de jade para a eternidade
Assim como os egípcios, os chineses desenvolveram complexos ritos funerários para proteger seus mortos no além. Esta vestimenta com que um membro da família real foi enterrado consiste de 2.216 placas de jade. Só os fios de prata que os unem já pesam um quilo. A peça faz parte da exposição ''China e Egito: Berços da humanidade", no Novo Museu de Berlim.
Foto: Xuzhou Museum
Máscaras de múmias e seus símbolos
No antigo Egito, as múmias muitas vezes portavam máscaras com traços faciais individualizados. Esta máscara parcialmente dourada de Ta-Sherit-en-Hor ostenta um escaravelho alado sagrado no alto da cabeça .Na testa foi também pintado um olho de Hórus, símbolo da proteção do deus da luz.
Foto: Ägyptisches Museum und Papyrussammlung, Staatliche
Museen zu Berlin, Margarete Büsing
Bebidas e religião
O álcool tinha papel importante para ambas as civilizações na antiguidade. Na China, as bebidas eram produzidas a partir de cereais e consumidas nas cerimônias religiosas. Elas eram armazenadas em preciosas jarras como esta, em formato de coruja, da Dinastia Han Ocidental (206 a.C-8º d.C.).
Foto: Shanghai Museum
Vinho para os ancestrais
Achados arqueológicos e documentos antigos mostram que na China o vinho também era usado como oferenda aos deuses. Ele era aquecido sobre carvão, para que os antepassados apreciassem seu vapor, e despejado sobre pedras e fontes, a fim de aplacar as divindades e espíritos. Este recipiente em forma de boi data do fim do período Shang (século 13-11 a.C.).
Foto: Shanghai Museum
Literatura para os mortos
O Egito e a China constam entre as civilizações mais antigas que desenvolveram um sistema de escrita. Por volta de 3000 a.C., os egípcios já escreviam, em geral sobre papiro. Este Livro dos Mortos pertenceu a Ta-remetch-en-Bastet, no início do Período Ptolomaico. Entre os mais antigos artefatos de escrita chineses, estão tiras de bambu e os assim chamados "ossos oraculares".
Foto: Ägyptisches Museum und Papyrussammlung, Staatliche Museen zu Berlin, Andreas Paasch
Assim se vestiam os servos chineses
As condições climáticas favoráveis ajudaram a preservar por muitos séculos os trajes de linho do antigo Egito. Já na China, roupas produzidas com algas e, mais tarde, algodão não se conservaram. Esta estátua, no entanto, dá uma boa ideia do que trajavam os servos na Dinastia Han Ocidental.
Foto: Shanghai Museum
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O achado mais valioso foi uma estátua de cerca de 60 centímetros decorada com cores vivas e que representa uma mulher identificada como Isis Nefret, que estava numa câmara de sete metros na tumba denominada Kampp 150. Essa mulher foi, muito provavelmente, uma cantora do deus Ámon, a principal divindade da mitologia egípcia, explicou Mostafa Waziri.
Os arqueólogos levantaram a hipótese de o proprietário do túmulo ser um escriba chamado Maati, cujo nome surge junto ao da sua mulher, Mehi, em 50 cones funerários. Outra possibilidade é que pertença a uma pessoa chamada Djehuty Mes, cujo nome aparece esculpido numa das paredes, sobre quem, no entanto, não há maiores detalhes.
O outro túmulo, denominado Kampp 161, fica a poucos metros, na mesma margem do rio Nilo, e consiste numa câmara de cerca de seis metros, decorada com inscrições hieroglíficas que "parecem que foram pintadas ontem ou há poucos dias", realçou Waziri.
A descoberta de 17 múmias no Egito
Catacumba com 17 múmias permaneceu intocada por 2 mil anos até ser descoberta por pesquisadores da Universidade do Cairo.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Era Greco-Romana
Os artefatos encontrados com as múmias datam da era em que Alexandre, o Grande, conquistou o Egito, a partir de 332 a.C.. Estas foram as primeiras múmias humanas descobertas na área, um local rico em artefatos perto da cidade de Minya, no vale do Nilo.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Praticamente intactas
A necrópole fica oito metros abaixo do solo e inclui seis sarcófagos, dois caixões de argila e dois papiros escritos em egípcio. As múmias foram cuidadosamente preservadas. Provavelmente, elas são de autoridades e sacerdotes.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Mais por descobrir
Junto à necrópole, podem ser vistos pés e pernas de outras múmias, apontando para um achado muito maior. A escavação ainda está na fase preliminar.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Mensagem dos ancestrais
O achado é importante para o turismo no Egito. Grande parte deste setor, vital para o país, entrou em colapso em 2011, com a revolta contra o ditador Hosn Mubarak. "É como se nossos antepassados estivessem enviando uma mensagem para o turismo voltar a se fortalecer", disse o Ministério de Antiguidades.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Série de achados importantes
A descoberta faz parte de uma série de achados recentes no Egito. Oito múmias foram descobertas dentro de um túmulo de 3.500 anos ao sul da cidade de Luxor, em abril. Em março, foi descoberto no Cairo um enorme colosso, que, acredita-se, retratava o faraó Psamético 1º, da 26ª dinastia.
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Câmaras fúnebres
Salah al-Kholi, professor de Egiptologia da Universidade do Cairo e líder da expedição, disse que o trabalho de escavação nas câmaras fúnebres revelou que "vários corredores levam para uma câmara repleta de múmias".
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
Muitas múmias
Al-Kholi salientou que esta foi a primeira necrópole humana com tantas múmias descoberta no centro do Egito. "Pode haver até 32 múmias na câmara, incluindo de mulheres, crianças e bebês".
Foto: Reuters/M.A. El Ghany
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Na câmara desse túmulo, que data da 18ª dinastia, foi descoberta a parte inferior de um sarcófago decorado com uma cena da deusa Isis levantando as mãos.
Ambos os túmulos, localizados na encosta de uma colina árida, a poucos quilômetros do Vale dos Reis, contêm inúmeros objetos funerários, como cones, peças de imobiliário, louças e centenas de estatuetas funerárias.
Esta é a terceira descoberta desde o início do ano na necrópole de Dra Abu el-Naga. Em abril, foi encontrado o mausoléu de um dirigente da antiga Tebas, enquanto em setembro foi anunciada a descoberta da sepultura de um ourives que viveu na 18ª dinastia, que continha peças de um dos templos do deus Ámon Ra.
Estima-se que haja nesta necrópole pelo menos 250 túmulos, na sua maioria pertencentes a altos funcionários que trabalharam para as cortes no Egito antigo.
Com as revelações, as autoridades egípcias estão tentando reavivar a indústria do turismo, que foi duramente atingida pelas turbulências políticas e os levantes populares da chamada Primavera Árabe.
RW/lusa/dpa
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A descoberta de uma tumba de 3.500 anos no Egito
Túmulo de ourives real foi revelado durante escavações na cidade de Luxor. Além do sarcófago, arqueólogos encontraram múmias e máscaras funerárias.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
O tesouro de Amnemhat
A tumba descoberta em Luxor pertenceu ao ourives real Amnemhat. Se não se tratasse de um funcionário real, dificilmente teria sido encontrada na necrópole de Dra Abu el-Naga, a oeste da antiga cidade egípcia de Tebas. Além dos faraós, altos funcionários eram enterrados no local.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Máscaras funerárias e estátua
O túmulo não estava em condições particularmente boas, lamentou o Ministro das Antiguidades do Egito, Khaled el-Anani, durante o anúncio da descoberta. Mas máscaras funerárias e uma estátua do ourives e sua mulher estão praticamente intactas.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Três múmias
Em outra câmara também foram encontradas múmias. As múmias de uma mulher e duas crianças já foram analisadas. A mulher teria morrido aos 50 anos e sofreu de uma doença óssea causada por bactérias, disse o ministério egípcio, citando a especialista em ossos Sherine Ahmed Shawqi. As múmias podem ser da época da 21ª e da 22ª dinastias.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Governo comemora descoberta
O governo egípcio anunciou a descoberta em grande estilo. Num momento em que o turismo no país está em baixa, devido à ameça de atentados, autoridades esperam que a nova atração em Luxor ajude a impulsionar o setor.
Foto: Reuters/M. Abd El Ghany
Ano de escavações
Em março de 2017, oito múmias do tempo dos faraós foram descobertas na necrópole de Dra Abu el-Naga. Além disso, sarcófagos de madeira coloridos, assim como cerca de mil figuras de argila foram encontradas como acessórios do enterro.
Foto: picture alliance/AA/Str
Estátua no Cairo
No distrito de Matariya, no Cairo, foi encontrada em março de 2017 uma estátua de dimensões maiores que a real, que muito provavelmente representa o faraó Ramsés 2º. Autoridades egípcias iniciaram nos últimos anos uma ambiciosa série de projetos arqueológicos na esperança de impulsionar o turismo.