Descoberto em Israel complexo vinícola de 1.500 anos
11 de outubro de 2021
Em Yavne, ao sul de Tel Aviv, escavações revelaram estrutura da era bizantina onde se produzia o famoso "vinho de Gaza". Local será preservado como parque arqueológico.
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Arqueólogos anunciaram a descoberta em Israel da maior estrutura de produção de vinho da época bizantina de que se tem conhecimento, na cidade de Yavne, próximo à Faixa de Gaza. O vasto complexo industrial é uma das maiores escavações do país, empregando cerca de 300 colaboradores.
Embora os especialistas não estejam seguros de que tipo de uva era utilizado na vinícola de 1.500 anos, em seu um quilômetro quadrado ela produzia impressionantes 2 milhões de litros da bebida por ano. Hoje, vinho israelense é fabricado a partir de frutos importados da França.
Registrado até mesmo no cardápio da festa de coroação de Justino 2º de Constantinopla, em 566, o "vinho de Gaza" recebia o nome dos antigos portos de onde partiam os barcos que o levavam a outros locais na região do Mediterrâneo oriental.
Segundo Jon Seligman, da equipe arqueológica, na Antiguidade todos bebiam vinho, adultos ou crianças, pois, ao contrário da água, que com frequência estava contaminada, ele era "uma fonte importante de nutrição". O produto de Yavne, contudo "era vinho de prestígio, branco e leve", apreciado em muitos países mediterrâneos.
Polo vinícola do período bizantino
Cada um dos cinco octogonais lagares da fábrica, onde as uvas eram prensadas com os pés, tem cerca de 225 metros quadrados. O complexo contém, ainda, armazéns, fornalhas para cozer as ânforas de argila onde a bebida envelhecia e dezenas de milhares de fragmentos de frascos.
Yavne era um assentamento judaico nos tempos bíblicos, tornando-se uma importante cidade depois que Jerusalém foi destruída no ano 70. Segundo a Autoridade de Antiguidades de Israel, a descoberta revela o local como um poderoso polo produtor de vinho, um milênio e meio atrás, e ele será preservado para formar um futuro parque arqueológico acessível ao público.
Nos últimos dois anos, a equipe liderada pelo órgão tem trabalhado duro para trazer à luz o paraíso vinícola situado ao sul de Tel Aviv. As escavações também comprovaram a existência de lagares de vinho datando de 2.300 anos, quando o Império Persa Aquemênida governava grande parte do Oriente Médio.
av/lf (AFP, AP, Reuters, ots)
Tesouros arqueológicos de 2020
Apesar da pandemia, arqueólogos continuaram seus trabalhos e conseguiram fazer descobertas espetaculares em 2020, como sarcófagos, estátuas de mármore e moedas de ouro.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Local do achado: Sacará
A antiga necrópole egípcia de Sacará (ou Sacara), a cerca de 30 quilômetros ao sul do Cairo, é um dos sítios de escavação arqueológica mais importantes do Egito, junto com o Vale dos Reis e as Pirâmides de Gizé. Em 2020, vários achados espetaculares colocaram Sacará nas manchetes internacionais. Em setembro e outubro, por exemplo, foram encontrados sarcófagos de madeira esplendidamente decorados.
Foto: Samer Abdallah/dpa/picture alliance
Sarcófagos do Antigo Egito
Em novembro, dezenas de sarcófagos foram descobertos novamente na necrópole de Sacará. Decorados com pinturas artísticas, os caixões de madeira datam de mais de 2,5 mil anos atrás. A fim de examinarem o interior dos sarcófagos mais de perto, os pesquisadores abriram cuidadosamente a tampa de cada um deles. As descobertas no Egito foram a sensação arqueológica de 2020.
Foto: Khaled Desouki/AFP/Getty Images
Placa de nome de lugar mais antiga do mundo
Em 2020, egiptólogos da Universidade de Bonn, na Alemanha, decifraram uma inscrição de mais de 5 mil anos feita numa pedra. A descoberta deriva de Wadi Abu Subeira, a nordeste de Assuã. Em cooperação com o Ministério de Antiguidades do Egito, que supervisiona as escavações de todas as equipes de pesquisa no país, cientistas descobriram que se trata de antiga placa toponímica do 4º milênio a.C..
Foto: Ludwig Morenz
Local do achado: Ruínas de Pompeia
O sítio arqueológico da cidade romana de Pompeia, ao sul de Nápoles, revela surpresas arqueológicas há décadas. Durante a histórica erupção vulcânica do Vesúvio em 79 d.C., o local foi soterrado por um misto de lama, chuva de cinzas e lava líquida, e muitas pessoas e animais morreram. Os antigos vestígios de Pompeia só foram redescobertos por arqueólogos no século 18.
Foto: picture-alliance/Jens Köhler
Antiga "lanchonete"
Pouco antes do Natal, arqueólogos de Pompeia apresentaram sua descoberta mais espetacular do ano: um "termopólio" – antigo restaurante de rua – com o balcão pintado. Os cientistas suspeitam que os buracos arredondados no balcão serviam para armazenar recipientes térmicos de comida. Pratos feitos com pato, frango e outros alimentos faziam parte do cardápio.
Foto: Luigi Spina/picture alliance
Muralha da cidade de Jerusalém
O ano de 2020 também levou a novas conclusões científicas: após anos de escavações na área da atual Jerusalém, uma equipe de pesquisadores liderada pelo arqueólogo alemão Dieter Vieweger descobriu partes da antiga muralha da cidade que datam do período bizantino e da época do rei Herodes. Com isso ficou claro que a Jerusalém histórica era significativamente menor do que se supunha até então.
Foto: DW/T. Krämer
Aldeia do século 2
Em Jerusalém, conflitos políticos e religiosos sempre fizeram parte do dia a dia. Em suas várias camadas arqueológicas, é possível identificar milhares de anos de história multicultural. No primeiro semestre de 2020, restos de uma muralha do século 2 foram escavados bem no meio de Jerusalém. Traços da vida cotidiana fornecem pistas sobre os assentamentos da época.
Foto: picture-alliance/NurPhoto/A. Widak
Cabeça do deus grego Hermes
Enquanto trabalhavam no sistema de canalização de Atenas, operários de construção encontraram a enorme cabeça de uma escultura antiga. Após exames mais detalhados, pesquisadores constataram que se tratava de um valioso bem cultural: a cabeça de mármore do deus Hermes, que, de acordo com o Ministério da Cultura grego, data do século 3 ou mesmo do século 4 a.C..
Foto: Greek Culture Ministry/picture alliance/dpa
O mistério de Stonehenge
Até hoje ainda não se sabe se Stonehenge era um templo, um antigo local de sacrifícios ou um observatório astronômico. Mas em 2020, pesquisadores conseguiram descobrir a origem das pedras mundialmente famosas no sul da Inglaterra. Segundo o estudo, as rochas vêm da região montanhosa dos Westwoods. Já a maneira como as pedras de até sete metros de altura foram transportadas permanece um mistério.