Descoberto material sólido mais antigo encontrado na Terra
14 de janeiro de 2020
Poeira estelar localizada em meteorito que caiu há mais de 50 anos na Austrália é datada de 7 bilhões de anos. Material foi formado antes mesmo do Sistema Solar.
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Um meteorito que caiu em 1969 no sudeste da Austrália contém o material sólido mais antigo já encontrado na Terra, anunciaram nesta segunda-feira (13/01) pesquisadores do Museu Field e da Universidade de Chicago, nos Estados Unidos. A idade da poeira estelar é anterior à formação do Sistema Solar.
A poeira estelar, que os investigadores calculam ter entre 5 bilhões e 7 bilhões de anos, encontrada no meteorito "é o material sólido mais antigo já encontrado e nos conta como é que as estrelas se formaram na nossa galáxia", disse Philipp Heck, um dos autores do estudo publicado na revista especializada PNAS.
Esse material foi formado milhões de anos antes do Sol e da própria Terra, que cientistas calculam ter cerca de 4,6 bilhões de anos e 4,5 bilhões de anos, respectivamente.
"São amostras sólidas de estrelas, poeira estelar real", que ficou presa em meteoritos e permaneceu inalterada por bilhões de anos, se tornando autênticas cápsulas do tempo, destacou Heck, em comunicado. As estrelas se formam a partir de nuvens de poeira e gás e quando morrem produzem também nuvens de poeira cósmica, que voltam a formar outros corpos celestes, como novas estrelas, planetas, luas ou meteoritos.
Heck e a sua equipe analisaram o meteorito, que caiu no estado australiano de Victoria em 28 de setembro de 1969, e encontraram partículas denominadas 'grãos minerais pré-solares', anteriores à formação do Sol. Esses grãos são muito raros devido ao seu tamanho minúsculo e por serem encontrados em apenas 5% dos meteoritos que caem na Terra.
Embora cientistas tivessem identificado as partículas há cerca de 30 anos na Universidade Chicago, sua idade não pode ser determinada naquela época. Para descobrir de que tipo de estrela eram os grãos e sua data de origem, cientistas usaram uma técnica que mede a exposição de raios cósmicos, que interagem com a matéria e formam novos elementos. "Quanto mais tempo estiverem expostos, mais elementos se formam", disse Heck.
De acordo com Jennika Greer, coautora do estudo, o processo de análise do material presente no meteorito começa com a trituração de fragmentos do meteorito até ficarem em pó e se transformarem numa espécie de pasta, posteriormente dissolvida em ácido até restarem apenas os grãos pré-solares.
Pesquisadores disseram que essa descoberta proporciona dados para aprofundar o debate científico sobre o ritmo de formação de estrelas na Via Láctea. "Temos evidências diretas de um período de formação de estrelas em nossa galáxia há 7 bilhões de anos. Essa é uma das principais conclusões do estudo", destacou Heck.
O resultado também confirma uma teoria astronômica que previu que houve um "baby boom de estrelas" antes da formação do Sol, em vez de um ritmo constante.
Até agora, o material sólido mais antigo encontrado na Terra era também um grão pré-solar de 5,5 bilhões de anos. Já o mineral mais antigo formado no planeta foi descoberto em rochas na Austrália e data de 4,4 bilhões de anos.
Em 20 de agosto de 1977, a sonda espacial Voyager 2 partiu para explorar outros planetas, seguida 16 dias mais tarde pela Voyager 1. Ambas já romperam os limites do sistema solar e vagam pela Via Láctea.
Foto: picture-alliance/dpa
Duas sondas irmãs em longa viagem
Em 20 de agosto de 1977, a sonda da Nasa Voyager 2 partiu para um voo recorde, ainda não concluído. Pouco mais tarde, em 5 de setembro, seguia-se a Voyager 1, de construção idêntica. Sua finalidade inicial era coletar dados sobre os planetas Júpiter e Saturno, então basicamente inexplorados. Mas graças à longa durabilidade das baterias de plutônio, a missão foi sendo estendida.
Foto: REUTERS/NASA/JPL-Caltech
Maiores sucessos da Nasa
Pesando 825 quilos cada uma, as duas sondas Voyager contam entre os maiores sucessos da agência espacial americana. Até hoje, ambas enviam regularmente dados do espaço sideral. Embora se afastem cada vez mais do centro do sistema solar, o contato por rádio ainda funcionará por um bom tempo. A Nasa calcula que a missão vá até o ano 2030.
Foto: public domain
Rompendo fronteiras do sistema solar
Em 25 de agosto de 2012, a Voyager 1 atravessou uma das fronteiras do sistema solar: a heliopausa, onde o vento solar esbarra em outros ventos estelares. A sonda foi o primeiro objeto de fabricação humana a penetrar o espaço interestelar da nossa galáxia, a Via Láctea. Além disso é o artefato mais afastado da Terra, encontrando-se atualmente a uma distância 139 vezes maior do que a do Sol.
Foto: picture-alliance/dpa
Como uma cebola
O sistema solar tem diferentes fronteiras. A primeira é o "termination shock", onde os ventos solares ficam subitamente muito mais lentos. Depois, a heliopausa marca o fim da heliosfera, a "bolha" espacial em que os ventos solares protegem nosso sistema solar da radiação interestelar. Depois que a Voyager 1 ultrapassou a heliopausa, a Nasa registrou uma densidade plásmica 40 vezes maior.
Fotografando a vizinhança
Mesmo antes disso, as sondas irmãs tiveram muito a descobrir entre os fascinantes planetas do sistema solar. A Voyager 1 enviou à Terra em 1º de janeiro de 1979 esta imagem de Júpiter, uma das 17.477 que tirou do planeta gigante e suas luas. Esta foto comprovou pela primeira vez a existência de um delgado sistema de anéis circundando Júpiter.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Imagens detalhadas
A Voyager 1 documentou também as correntes atmosféricas em Júpiter, visualizadas nesta foto. Depois de a sonda passar pelo planeta, a gravidade deste lhe conferiu uma velocidade de 16 quilômetros por segundo.
Foto: picture-alliance/dpa/NASA
Saturno a cores
A Voyager 2 alcançou Saturno em 1981, transmitindo esta imagem em cores reais do sexto planeta do sistema solar. A foto foi tirada a 21 milhões de quilômetros de distância – um verdadeiro close-up em termos cósmicos.
Foto: HO/AFP/Getty Images
Tudo sob controle
Numa foto de 1980, a central de controle da missão Voyager, no Instituto de Tecnologia da Califórnia, em Pasadena. A partir daqui, as distantes sondas são observadas e, dentro do possível, teleguiadas. Hoje em dia a técnica é obviamente muito mais avançada, mas Nasa continua tendo que recorrer aos conhecimentos dos engenheiros que desenvolveram as sondas – embora há muito eles estejam aposentados.
Foto: NASA/Hulton Archive/Getty Images
Long-play para alienígenas
As Voyager levam a bordo estes discos dourados, para o caso de encontrarem extraterrestres em sua viagem infinita. No suporte digital encontram-se imagens e sons de humanos, animais e da natureza na Terra. Para o caso de os alienígenas não possuírem toca-discos, foram também fornecidos agulhas de reprodução e um guia de instruções.
Foto: NASA/Hulton Archive/Getty Images
Arte sideral
As missões Voyager não apenas fascinam há décadas os aficionados da tecnologia, mas têm também inspirado artistas. Assim um pintor americano anônimo imaginou em 1977, pouco antes do lançamento, a passagem da Voyager 1 por Saturno.