1. Pular para o conteúdo
  2. Pular para o menu principal
  3. Ver mais sites da DW

Desculpa russa para ampliar alvos é propaganda, diz ministra

Richard Walker
21 de julho de 2022

Annalena Baerbock, ministra do Exterior da Alemanha, critica justificativa de Moscou para visar territórios além do Donbass. E alerta que Berlim deve evitar repetir situação de dependência de um país agressor.

Annalena Baerbock
Ministra Annalena Baerbock: estratégia para a China deve prever cooperação sem perder independência em infraestruturaFoto: DW

A ministra do Exterior da Alemanha, Annalena Baerbock, rejeitou nesta quarta-feira (20/07) a alegação da Rússia de que o envio de armas do Ocidente desempenhou um papel decisivo para que Moscou expandisse seus objetivos militares na Ucrânia.

Em entrevista à DW, Baerbock lembrou que Moscou muda continuamente sua argumentação, e a atual afirmação é "mais uma peça de propaganda do lado russo".

Nesta quarta-feira, o ministro do Exterior da Rússia, Sergei Lavrov, anunciou que os objetivos militares de Moscou na Ucrânia agora vão além do Donbass, no leste. La se localizam as províncias de Donetsk e Lugansk, onde separatistas pró-russos combatem forças do governo ucraniano desde 2014, com o apoio de Moscou.

Segundo Lavrov, os novos alvos seriam as regiões de Kherson e Zaporíjia, no sul do país, e os objetivos da Rússia se expandiriam ainda mais se o Ocidente continuar fornecendo a Kiev armas de longo alcance, como os sistemas de foguetes de artilharia de alta mobilidade Himars.

"A cada vez a Rússia usa um argumento diferente. Desta vez é por causa do apoio militar, eles dizem. Mas eles já atacaram Kiev e outras partes da Ucrânia antes", ressalta Baerbock.

Depois de lançar sua invasão em 24 de fevereiro, a Rússia atacou a capital ucraniana, Kiev, e outras cidades, antes de reorientar sua ofensiva para a região leste do Donbass. Na época, o presidente russo, Vladimir Putin, negou qualquer intenção de ocupar territórios ucranianos, dizendo que seu objetivo era desmilitarizar e "desnazificar" o país.

"Não há uma corrida" no fornecimento de armas

Baerbock diz que a Alemanha "apoiará os ucranianos não apenas com solidariedade, não apenas mencionando todos os dias que se trata de uma violação fundamental da lei internacional pela Rússia, mas também com apoio militar, para que possam defender seu país, seu território".

A política verde frisou que, segundo um estudo recente, a Alemanha é a sexta maior fornecedora de armas para Kiev: "Não é uma corrida de quem está em qual lugar no ranking. Trata-se de apoio comum de toda a comunidade internacional de Estados-membros da Otan a fim de ajudar a Ucrânia."

A ministra explicou que seu país e a Holanda estão entregando obuses, outros países fornecem munições e sistemas de defesa antimísseis, até o fim do verão europeu (terceira semana de setembro) "esperamos".

Independência em infraestrutura crítica

Milhares morreram e milhões foram deslocados desde que a Rússia invadiu a Ucrânia há cinco meses. A guerra também aumentou os temores sobre o fornecimento de alimentos e energia, com as exportações de grãos da Ucrânia em grande parte bloqueadas e a Rússia reduzindo o fornecimento de gás para a Europa.

Os países europeus estão buscando reduzir sua dependência da energia russa, em meio a preocupações de que Moscou possa cortar completamente o fornecimento de gás.

Na quarta-feira, a Comissão Europeia acusou a Rússia de "chantagem" e instou os países da UE a reduzirem a demanda por gás natural em 15% nos próximos meses.

Baerbock alertou para a necessidade de a Alemanha evitar uma repetição da situação em que a Europa se encontra agora: ser dependente de um agressor para seu fornecimento de gás.

A respeito da nova estratégia de Berlim em relação à China, Baerbock explicou que o governo federal está analisando "muito intensamente" suas dependências em relação a Pequim.

"Por ser um rival sistêmico, temos que deixar claro que ninguém deve mais ser capaz de nos chantagear, como ocorre no caso da nossa dependência da Rússia. E essa é a linha de base para nossa nova estratégia para a China: cooperar onde possamos cooperar, mas tendo também uma estratégia europeia soberana de independência em infraestrutura crítica e, especialmente, em linha com a nossa política externa."