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Desejo israelense gera furor em Berlim

Estelina Farias1 de dezembro de 2002

Pedido de Israel para Alemanha fornecer tanques do tipo Fuchs está gerando desavenças no governo social-democrata e verde e também furor entre situação e oposição em Berlim.

Por causa da crescente ameaça ao Estado de Israel, o governo em Jerusalém solicitou ao Ministério da Defesa alemão fornecimentos de armas e material bélico. Na lista estão os mísseis de defesa antiaérea Patriot e o tanque de transporte de tropa Fuchs. O governo em Berlim parece decidido a exportar os mísseis, mas existem sérias objeções internas a um fornecimento dos tanques, porque eles poderiam ser usados em ofensivas nos territórios palestinos.

Na Guerra do Golfo, em 1991, o então governo democrata-cristão e liberal forneceu mísseis Patriot a Israel. Eles foram empregados contra os mísseis Skud, com os quais o Iraque bombardeou territórios israelenses. Também hoje predomina a opinião de que o Patriot é uma arma de caráter meramente defensivo e pode, portanto, ser enviado ao Estado judeu. Mas o Fuchs, levemente armado e com capacidade para transportar até dez soldados, é uma arma de ataque e poderia ser usado contra palestinos.

Por isso, a presidenta do Partido Verde, Claudia Roth, e outras figuras de proa da agremiação governista, como Volcker Beck, são contra a exportação de Fuchs para Israel. "É um dever histórico fazer tudo para proteger Israel de ataques externos", disse Roth em alusão aos mísseis. Mas ela exigiu, ao mesmo tempo, uma rejeição do pedido de tanques. As diretrizes dos verdes para exportação bélicas não permitem a venda de armas e equipamentos bélicos para países envolvidos em conflitos.

Obrigação histórica

"O fato de o Fuchs poder ser empregado contra palestinos justifica uma rejeição do pedido israelense pelo Conselho de Segurança Nacional", destacou o deputado Beck. A presidenta da União Democrata-Cristã (CDU), Angela Merckel, ao contrário, acha que a Alemanha não pode deixar de atender o desejo de Israel, em virtude de sua obrigação especial e histórica com o país. O mesmo ponto de vista é defendido pelo presidente da Comissão de Defesa do Parlamento, o social-democrata Reinhold Robbe. Para ele, "Israel tem uma necessidade de proteção especial, que não é teórica, mas inteiramente real".

A origem da obrigação especial e histórica é o extermínio de seis milhões de judeus na Europa pela Alemanha nazista, durante a Segunda Guerra Mundial, o que levou à criação do Estado de Israel, em 1948.

Generosidade financeira

Antes de o Conselho de Segurança Nacional decidir sobre o pedido de fornecimentos bélicos de Israel, o governo alemão espera uma delegação, nesta semana. Ela quer concretizar o desejo do seu país e negociar os detalhes com o governo alemão. Israel não pode contar, desde já, com generosidade financeira da Alemanha, pois suas Forças Armadas estão apertando o cinto para adaptar-se à grande escassez de recursos.

Com vistas a um equilíbrio orçamentário, o ministro da Defesa, Peter Struck , terá de abrir mão de mais 100 milhões de euros. Essa poupança deve se concretizar exatamente em diversos projetos de armamento. O Exército, por exemplo, terá provavelmente que se contentar com a aquisição de apenas 80 helicópteros do tipo Tiger, em vez dos 212 previstos. Prevê-se também em Berlim que não serão mais construídos todos os previstos 73 aviões de transporte militar do tipo Airbus A400M.

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