Desaparecida há mais de 50 anos, obra estava escondida em armário de antiga secretária de museu em Linz. Em testamento, ela disse que ganhou desenho de diretor da instituição.
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Um desenho do pintor austríaco Gustav Klimtdesaparecido há mais de meio século foi encontrado por herdeiros de uma antiga secretária da Nova Galeria de Linz dentro de um armário, anunciou nesta terça-feira (13/02) a prefeitura da cidade austríaca.
A obra, que sumiu enquanto estava emprestada ao museu, será devolvida aos verdadeiros donos. A secretária, que morreu em dezembro, manteve o desenho Duas Mulheres Deitadas escondido num armário. No testamento, ela pediu que a obra fosse devolvido à cidade de Linz.
O desenho faz parte de um lote de quatro obras de Klimt e de Egon Schiele que tinha sido emprestado à então Nova Galeria de Linz em 1951 por uma artista local, Olga Jager, que morreu em 1965.
Quando os herdeiros de Jager tentaram restituir as obras pela primeira vez, em 1990, a direção do museu percebeu que elas haviam sumido. Somente em 2006, perante um novo pedido de devolução, o museu respondeu que as peças tinham desaparecido, sem poder esclarecer como e quando.
100 anos sem Klimt
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Começou então uma batalha judicial, que terminou com várias sentenças do Supremo Tribunal. A corte concedeu aos herdeiros indenizações que somavam 8,24 milhões de euros. Deles, 7,5 milhões correspondiam à tela Cidade morta de Schiele, apesar das dúvidas de alguns especialistas sobre sua autenticidade.
Com a morte da secretária, a primeira das quatro obras foi encontrada. Em seu testamento, a secretária explicou que tinha se dado conta que os empréstimos ao museu não eram documentados corretamente e que seu chefe, o então diretor do museu, Walter Kasten, pediu que fizesse silêncio sobre o tema e a presenteou em troca com o desenho. Kasten dirigiu a Nova Galeria entre 1958 e 1973, e morreu em 1984.
Embora não esteja claro quando foi dado esse "presente", a agência de notícias austríaca APA indica que há indícios de que a obra tenha sido exposta na galeria Albertina de Viena em 1964. O desaparecimento teria acontecido pouco depois. A secretária se aposentou em 1977 e, quando percebeu que o desenho estava sendo procurado, o escondeu dentro de um armário.
Os três quadros de Schiele que foram emprestados em 1951 junto à peça de Klimt seguem desaparecidos. "O aparecimento deste desenho nos dá a esperança que os outros três também possam vir a ser encontrados", afirmou o prefeito de Linz, Klaus Luger, num comunicado.
Desde 2012, a cidade de Linz oferece uma recompensa de 5 mil euros por pistas que ajudem a recuperar as peças.
O desenho será agora exposto no Museu de Arte Lentos numa mostra sobre Klimt, que está em exposição até 21 de maio. A prefeitura afirmou ainda que está iniciando o processo para devolver a obra aos seus legítimos proprietários.
CN/efe/lusa/dpa/afp
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Gustav Klimt, um mestre da Art Nouveau
Há cem anos morria o pintor austríaco, cofundador e principal representante da Secessão Vienense. Motivo de escândalo em sua época, suas obras são hoje admiradas em todo o mundo.
Foto: picture-alliance/R. Hackenberg
Arte em vez de gravura
Gustav Klimt (1862-1918) deveria ter sido um gravador de ouro como seu pai, mas, depois de uma bolsa de estudos para a Escola de Artes Aplicadas de Viena, ele optou pela carreira de pintor. Inicialmente garantia seu sustento com pinturas de cortina e teto. Na foto, Klimt tinha 52 anos.
Foto: picture alliance/Imagno
Pintura de teto com querubim
Com o irmão Ernst e o colega Franz Matsch, Gustav Klimt montou a chamada "Künstlercompagnie" ou "companhia de artistas". Juntos, eles realizaram esta e outras pinturas de teto na Hermesvilla, um castelo que o imperador Francisco José 1° presenteou à imperatriz Sissi da Áustria. Não somente os aposentos particulares, mas também a sala de esportes estava adornada com obras da companhia de artistas.
Foto: picture-alliance/IMAGNO/Wien Museum
Mulheres escandalosas
Em 1894, Klimt realizou três pinturas de teto para a Universidade de Viena. Professores ficaram consternados com as representações da Jurisprudência, Filosofia e Medicina: as mulheres estariam "nuas e eróticas demais". Após longa disputa sobre a liberdade da arte, Klimt as comprou de volta em 1905. No fim da Segunda Guerra, elas foram destruídas num incêndio, restando apenas estas fotografias.
"O friso de Beethoven"
Em 1897, Klimt fundou com seus companheiros a Secessão Vienense, que rejeitava o estilo tradicional na arte. Mais uma vez, ele teve de fazer concessões ao público vienense conservador, cobrindo com ramos o órgão genital de seu Teseu no cartaz da primeira exposição da Secessão. Por mostrar pelos pubianos, também seu "Friso de Beethoven" foi motivo de escândalo em 1902.
Foto: picture-alliance/Rainer Hackenberg
Paisagens de veraneio
Menos conhecidas são as paisagens realizadas durante as férias de verão no lago Attersee, na região de Salzkammergut. Entre 1900 e 1916, o pintor viajou regularmente para lá, pintando ali a maioria dos seus cerca de 50 trabalhos paisagísticos. Um motivo recorrente foi o Palácio Kammer (foto). Por ocasião do 150º aniversário do artista, o Centro Gustav Klimt foi aberto no lago Attersee em 2012.
Foto: picture-alliance/akg-images
"Girassol"
Quando Klimt capturava a natureza na tela, ele não precisava de nenhum esboço. Seu "Girassol" foi realizado em 1907. Durante muito tempo, essa obra pertenceu ao colecionador de arte vienense Peter Parzer. Ele morreu em 2010 e deixou este e outros quadros para o Museu Belvedere, que possui 24 pinturas de Klimt.
Foto: picture-alliance/akg-images
Sonja Knips e uma abundância de tule
Além de paisagens e pinturas de teto, Gustav Klimt fez retratos com os quais ganhou bastante dinheiro. Um senhor da burguesia pagava nada menos que 20 mil coroas para que sua esposa fosse retratada. Pelo dobro, era possível na época comprar uma mansão mobiliada. "O retrato de Sonja Knips", de 1898, já indica como Klimt se dissociava do realismo de seus primeiros trabalhos.
Foto: AP
"O retrato de Adele"
Quando, em 1907, Klimt retratou Adele Bloch-Bauer, esposa de um comerciante de açúcar, seu cliente dificilmente poderia sonhar que, quase cem anos depois, o quadro seria vendido ao empresário americano Ronald Lauder pelo preço recorde de 135 milhões de dólares. Pouco antes, a pintura havia sido restituída aos herdeiros pela galeria austríaca Belvedere.
Gustav Klimt ganhou fama mundial com seu período dourado. A inspiração veio de uma viagem a Ravenna, onde pôde admirar os mosaicos dourados bizantinos das igrejas. "O beijo", de 1908, é certamente a obra mais importante dessa fase e é hoje uma das imagens mais reproduzidas da história da arte – em xícaras de café, gravatas ou bolsas de pano.
Foto: Belvedere Wien/Basiliscus Production
Klimt e as mulheres
"Dânae", uma figura da mitologia grega, era um popular motivo artístico por volta de 1900. Klimt também a imortalizou numa de suas pinturas mais famosas. Não se sabe, no entanto, se o pintor teve um relacionamento com sua modelo. Ele teve filhos com ao menos três mulheres. E também teve casos com algumas de suas clientes da alta burguesia. O artista nunca se casou.
Morte aos 55 anos
Embora suas obras tivessem grande aceitação entre a burguesia, o Ministério da Educação da época recusou quatro vezes a nomeação de Klimt como professor da Academia de Belas-Artes de Viena, da qual por fim se tornou um membro honorário em 1917. Depois de um acidente vascular cerebral, Klimt (na foto, em frente a seu ateliê) morreu em 6 de fevereiro de 1918.