Desenvolvimento humano cresce no Brasil, mas em ritmo menor
23 de novembro de 2016
Estudo do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) revela que qualidade de vida melhorou no país de 2011 a 2014, mas em passos mais lentos ante 2000-2010. Apenas a renda cresceu em ritmo mais acelerado.
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O desenvolvimento humano cresceu no Brasil entre 2011 e 2014, mas em ritmo mais lento quando comparado à década anterior, informou o estudo Radar IDHM divulgado nesta terça-feira (22/11).
O relatório – parceria entre o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Fundação João Pinheiro – compara 60 indicadores socioeconômicos usando dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad).
De acordo com o estudo, o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) brasileiro cresceu a uma taxa média anual de 1% entre 2011 e 2014, subindo de 0,738 para 0,761 e mantendo-se, assim, numa classificação considerada alta – quanto mais próximo de 1, maior é o desenvolvimento humano na região. Em comparação, o ritmo de crescimento no período de 2000 a 2010 foi de 1,7%.
Todas as três dimensões que compõem o IDHM – educação, renda e longevidade – apresentaram crescimento contínuo entre 2011 e 2014. O indicador de educação passou de 0,820 em 2011 para 0,836 em 2014, permanecendo muito alto. O de longevidade pulou de 0,676 para 0,706, subindo do nível médio para alto. Já o IDHM de renda cresceu de 0,718 para 0,741, mantendo-se alto.
Dos três subíndices, apenas a renda apresentou taxa de crescimento anual acima da verificada nos anos de 2000 a 2010, quando ficou em 0,7%. Entre 2011 e 2014, o ritmo de crescimento foi de 1,1%.
O IDHM de educação, por sua vez, cresceu anualmente a uma taxa de 1,5% entre 2011 e 2014, ante 3,4% no período anterior. Já o índice de longevidade, que havia registrado crescimento anual de 1,2% nos anos de 2000 a 2010, subiu apenas 0,6% ao ano no período avaliado neste último estudo.
A pesquisa analisou ainda 60 indicadores para o Distrito Federal e nove regiões metropolitanas. Segundo o relatório, todas apresentaram tendência de aumento do desenvolvimento humano, com destaque para Curitiba, Recife e Rio de Janeiro. Entre as que apresentaram os menores avanços estão as regiões metropolitanas de Belém, Fortaleza, Belo Horizonte e São Paulo.
O Radar IDHM destaca que, apesar de os indicadores econômicos terem dado os primeiros sinais de desaceleração e estagnação entre 2011 e 2014, "a população brasileira não sofreu grandes impactos no período". De acordo com o relatório, isso se deve à "robustez dos programas sociais, que ofereceram apoio em dimensões básicas da vida humana, como saúde, educação e renda".
EK/abr/efe/lusa/ots
Quem faz a educação funcionar
Histórias de persistência, dedicação e trabalho dos que fazem parte das escolas públicas que, apesar das dificuldades, estão entre as mais destacadas do país.
Foto: DW/N. Pontes
Campeão olímpico
Quando estava no 7º ano, Antônio Wesley de Brito Vieira ganhou sua primeira medalha numa Olimpíada de Matemática. Hoje, aos 19 anos, está no 2º ano do curso de Matemática na Universidade Federal do Piauí e, por causa dos prêmios que acumulou na escola, recebe uma bolsa que ajuda a pagar os custos. Ele quer ser professor e, sempre que pode, retorna à Augustinho Brandão, onde fez o ensino médio.
Foto: DW/N. Pontes
Sala dos professores
No intervalo, os professores da escola Augustinho Brandão, em Cocal dos Alves, Piauí, se encontram. A diretora Aurilene Vieira (de blusa rosa) divide a mesa com ex-alunos, que se tornaram professores. A profissão é disputada na cidade. Cursos de graduação semipresenciais ajudaram na formação desta nova geração. Ainda assim, todos se deslocam para cidades maiores para concluir os estudos.
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Hora extra em casa
O professor de matemática Antônio Amaral foi o primeiro a inscrever os alunos da escola Augustinho Brandão numa Olimpíada de Matemática. Para tirar a dúvida dos competidores, ele instalou uma lousa nos fundos de sua casa, onde recebe os estudantes depois das aulas, nos fins de semana e feriado. Os filhos de Amaral, Sávio e Saulo, gêmeos de 14 anos, também são medalhistas e bons de cálculo.
Foto: DW/N. Pontes
O vigia que é doutorando
No portão da escola, Tarcísio Vieira de Brito não perde um minuto sequer. Quando não precisa liberar a entrada ou saída de alunos e funcionários, o vigia se concentra nos estudos. Ele concluiu o ensino médio aos 22 anos, estudou Biomedicina, fez mestrado e cursa agora um doutorado. Obstinado, ele diz que só larga o posto de vigia quando passar num concurso de professor de universidade pública.
Foto: DW/N. Pontes
Professora e ex-zeladora
A professora Flávia, como é chamada na escola Antônio Custódio, em Sobral, também é conhecida como a maga da alfabetização. A relação dela com a escola é longa: aos 18 anos, trabalhava como substituta da zeladora – que era sua avó – fazendo serviços gerais. Hoje, aos 25 anos, Flávia é formada em Pedagogia, fez curso técnico em Saneamento Básico e trabalha como professora efetiva.
Foto: DW/N. Pontes
Ex-secretária na sala de aula
Faz dois anos que Socorro Mesquista, 54 anos, começou a sua vida como professora. Antes, ela trabalhava como secretária da escola Antônio Custódio desde 2010, mas resolveu estudar Pedagogia para viver a rotina dentro da sala de aula. Professora de Matemática, ela planeja um curso de especialização para 2017.
Foto: DW/N. Pontes
Futuro empresário
Aos 14 anos, Wendel Manfrini de Andrade Mendes já sabe qual será sua profissão: quer ser empresário. Dono de várias medalhas em Olimpíadas de Matemática, o aluno do 9º ano do ensino fundamental da escola Dorilene Arruda Aragão, em Sobral, é disputado por escolas particulares por seu excelente desempenho. Ana Lívia, de 7 anos, diz que quer seguir o mesmo caminho que o irmão mais velho.
Foto: DW/N. Pontes
Salas de aulas para todos
Reunir todos os alunos num único prédio foi a primeira vitória da escola Francisca Josué, em Deputado Irapuan Pinheiro, Ceará. Nas salas de aula, blocos vazados garantem uma maior ventilação, já que a temperatura na região pode ultrapassar os 40˚C. No Ideb, a escola obteve 8,2. Alunos e professores ainda comemoram o bom resultado.
Foto: DW/N. Pontes
Leitura divertida
No intervalo da aula, diversos livros ficam à espera dos alunos do ensino fundamental 1 da escola Francisca Josué. A escola implantou um programa de incentivo à leitura em que, a cada semana, um estudante leva uma maleta de livros para casa. No dia da devolução, sempre às quintas-feiras, os pais comparecem e trazem ilustrações, que ajudam o filho a contar a história em voz alta para toda a turma.
Foto: DW/N. Pontes
Disputa no campo
A disputa pela bola é acirrada no intervalo. Todos vestem o mesmo uniforme, mas os integrantes dos dois times sabem diferenciar seus jogadores. Eles disputam uma partida de futebol num campo sem linhas, onde as traves não estão alinhadas. O campo improvisado não impede que as crianças corram atrás da vitória. A torcida animada vibrava a cada gol, sem fazer diferença entre os times.