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Desigualdade social aumenta na Alemanha

gh29 de novembro de 2004

Contrariando a intenção do governo de garantir igualdade de oportunidades, fosso entre ricos e pobres aumentou nos últimos seis anos.

Cena (ainda) rara nas ruas: sem-teto em DüsseldorfFoto: AP

A coalizão formada pelo Partido Social Democrata e os Verdes, que assumiu o governo alemão em outubro de 1998 com a intenção de melhorar a distribuição da renda, confronta-se com uma constatação decepcionante. "A desigualdade social é uma realidade e, em algumas áreas, até aumentou nos últimos anos", conclui um relatório oficial, citado na atual edição da revista Der Spiegel.

Durante meses, cientistas e funcionários do Ministério da Saúde e Segurança Social reuniram dados sobre o bem-estar material dos alemães. A intenção do governo é usar o chamado relatório sobre "Situações de Vida na Alemanha" para elaborar "uma política de fortalecimento da justiça social e de melhor participação na sociedade".

Alguns resultados preliminares, que vazaram à imprensa neste fim de semana, mostram que parte das políticas implementadas até agora tiveram efeito limitado ou falharam de vez. Os números mostram que os ricos ficaram mais ricos e os pobres, mais pobres.

  • O percentual de famílias consideradas pobres, segundo critérios adotados pela União Européia, subiu de 12,1 para 13,5% desde 1998.
  • Houve um aumento da concentração da renda.
  • O número de lares insolventes aumentou 13% chegando a 13,3 milhões.
  • Filhos de ricos têm 7,4 vezes mais chances de ingressarem na universidade do que crianças oriundas das classes sociais mais baixas.

Apesar de o governo ter aumentado para 154 euros por criança o auxílio-família, um sétimo das famílias têm renda mensal inferior a 60% da média de todos os lares alemães. Pela definição da UE, vivem abaixo da linha da pobreza, que é de 1550 euros (inclusive auxílio social) para uma família de quatro pessoas.

Cerca de 1,1 milhão de pessoas, a maioria delas crianças menores de idade, dependem do auxílio social garantido pelo Estado. Isso se deve principalmente ao difícil acesso das mães ao mercado de trabalho e à falta de vagas nos jardins de infância.

Concentração da renda

O relatório não se restringe ao lado sombrio. Mostra também que a Alemanha é um país aparentemente riquíssimo. Seus habitantes possuem bens avaliados em cinco trilhões de euros, o que corresponde a quase 20 vezes o orçamento federal. Estatisticamente, cada alemão é dono de 133 mil euros, 17% a mais do que em 1998.

Essa estatística, no entanto, engana, já que 47% da riqueza está concentrada nas mãos dos 10% mais ricos. "Que os ricos se tornem cada vez mais ricos, não é necessariamente culpa do governo. Quem atingiu um certo grau de riqueza só pode continuar enriquecendo", analisa a Der Spiegel.

Sobretudo o aumento do fosso social incomoda os social-democratas, que sempre pregaram a igualdade de oportunidades. Decepcionado com o resultado, o governo teria até pensado em engavetar o estudo. Desistiu, porque nem tudo é negativo.

Uma constatação positiva é que a situação dos 20 milhões de idosos é melhor do que se imaginava. O índice de pobreza entre as pessoas com mais de 65 anos de idade caiu de 13,3% em 1998 para 11,4% em 2003. Como não conseguiu reduzir a desigualdade entre ricos e pobres, o governo estabeleceu uma nova meta: manter um equilíbrio social entre as gerações.

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