A ciência por trás de catástrofes naturais é simples, mas preveni-las é um pouco mais complicado. Segundo a OMS, entre 1998 e 2017, avalanches causaram mais de 18 mil mortes em todo o mundo.
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Deslizamentos de terra são o fenômeno geológico mais frequente. É um fato.
Eles afetam milhões de pessoas e causam milhares de mortes. Ocorrem frequentemente em países com infraestruturas deficientes ou inadequadas – como a Papua Nova Guiné, onde mais de 2 mil pessoas foram enterradas vivas após uma avalanche maciça na sexta-feira passada (24/05) –, mas também são registrados em regiões de renda elevada, como os Estados Unidos.
Milhares de avalanches por ano no mundo
Em 2020, o Banco Mundial estimou o número médio anual de deslizamentos de terra significativos provocados pela chuva entre 1980 e 2018, por país (gráfico abaixo).
A Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma que, entre 1998 e 2017, os deslizamentos de terra afetaram cerca de 4,8 milhões de pessoas e causaram mais de 18 mil mortes em todo o mundo.
"As alterações climáticas e o aumento das temperaturas devem provocar mais deslizamentos de terra, especialmente em zonas montanhosas com neve e gelo. À medida que o permafrost [espessa camada de solo congelado] derrete, as encostas rochosas podem tornar-se mais instáveis, dando origem a deslizamento de terra”, informa a organização.
A maior enchente da história do Rio Grande do Sul
Fortes chuvas causam inundações em 80% do estado e deixam 90 mortos.
Foto: SILVIO AVILA/AFP/Getty Images
Tragédia sem igual no Rio Grande do Sul
As fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul causaram inundações em 397 dos 497 municípios do estado e dezenas de mortes. No dia 7 de maio, o total confirmado era de 90 mortes, e havia 131 pessoas desaparecidas. Na foto, a cidade de Encantado, às margens do rio Taquari.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Perdas totais para muitas pessoas
Muitas famílias perderam tudo o que tinham e tiveram que deixar suas residências, como estas pessoas em Encantado. São mais de 150 mil desalojados em casas de parentes e amigos e outras mais de 56 mil em abrigos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Resgates em todo o estado
Muitos voluntários estão participando de resgates, como em Canoas. Na cidade da região metropolitana de Porto Alegre, também fortemente atingida pelas cheias, o prefeito disse que podem se passar até dois meses para que a água baixe.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Os pets não ficam para trás
Além de esforços para salvar pessoas, voluntários também se unem para resgatar animais de estimação que ficaram em áreas alagadas. Muitos estão agora em abrigos, aguardando serem identificados pelos tutores.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Porto Alegre sem acesso por ônibus e avião
Porto Alegre, que fica às margens do lago Guaíba, foi duramente atingida. Toda a região do centro histórico e as proximidades, a exemplo da estação rodoviária, foram inundadas. Como o aeroporto também ficou debaixo d'água, a capital gaúcha ficou sem acesso por ônibus ou avião.
Foto: DUDA FORTES/AGENCIA RBS/AFP/Getty Images
Centro de Porto Alegre inundado
O nível do Guaíba chegou a 5,33 metros, superando a marca histórica da cheia de 1941, de 4,76 metros. Muitos moradores do centro de Porto Alegre e bairros vizinhos, como Cidade Baixa e Menino Deus, ficaram isolados em seus apartamentos. Faltam luz e água potável. Botes e barcos são os melhores meios para deixar o local. Em alguns prédios, a água está quase no segundo andar.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Caminhar em ruas alagadas é arriscado
Alguns moradores aproveitam uma pausa nas precipitações para sair em busca de um lugar seco, possivelmente na casa de amigos ou parentes, e tentar salvar ao menos alguns pertences. Porém, caminhar nas ruas alagadas é arriscado, pois não há como saber o que há embaixo da água. Quem não tem para onde ir, se refugia em abrigos públicos.
Foto: Carlos Macedo/AP/picture alliance
Corrente do bem
Além das pessoas que estão ajudando voluntariamente nos resgates, muitas outras de todo o estado e de outras unidades da federação estão doando água, alimentos, roupas e material de higiene pessoal, entre outros produtos. Em Porto Alegre, 85% das pessoas estão sem água potável.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rua virou rio
Em Canoas, várias ruas mais parecem rios. Segundo a prefeitura, pelo menos dois terços da cidade foram afetados pelas enchentes.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Casas submersas
Em algumas áreas da região metropolitana, como neste bairro de Canoas, as águas deixaram casas totalmente submersas.
Foto: Amanda Perobelli/REUTERS
Rio Taquari acima dos 30 metros
O rio Taquari, que passa por cidades como Lajeado, Estrela e Encantado, passou dos 30 metros e atingiu o maior nível já registrado. Autoridades pediram para as pessoas deixarem suas residências e não retornarem mesmo se o nível baixar, pois pode voltar a chover.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Cobertos pela lama
Em Encantado, estes veículos foram levados pelas águas e ficaram cobertos de lama. A Confederação Nacional dos Municípios estimou que os prejuízos com as enchentes superam meio bilhão de reais.
Foto: Diego Vara/REUTERS
Lula foi ao Rio Grande do Sul
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi ao Rio Grande do Sul, junto com uma comitiva de 18 pessoas, para acompanhar os resgates e a prestação de assistência humanitária. No domingo (05/05), ele sobrevoou Porto Alegre ao lado do governador Eduardo Leite e dos presidentes do Senado e da Câmara dos Deputados. Dias antes, ele havia estado em Santa Maria, também afetada pela enchente.
Esta é a quarta catástrofe ambiental em menos de 12 meses no Rio Grande do Sul. Em setembro de 2023, a mesma região do estado também foi duramente atingida pelas enchentes, com um total de 54 mortos.
Foto: SILVIO AVILA/AFP/Getty Images
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Quatro tipos principais de deslizamento
Os deslizamentos de terra são classificados de acordo com a forma como a terra se desloca em quatro grandes grupos:
quedas,
tombamentos,
deslizamentos e
fluxos.
Uma queda envolve material, como pedra, que cai de um penhasco ou de outra encosta íngreme - a rocha também pode rolar ou saltar ao cair.
Um tombamento ocorre quando, por exemplo, uma laje de pedra se desloca para a frente a partir da sua base e tomba em direção ao solo.
Os deslizamentos ocorrem quando o material na base de um declive cai devido a uma ruptura, ou o que é conhecido como uma superfície de deslizamento.
E os fluxos ocorrem quando o material da encosta cede e desliza como um líquido. É geralmente assim que ocorrem os deslizamentos de lama e as avalanches de rocha.
Essas classificações vão depender ainda do tipo de material geológico que se desloca: rocha, detritos ou terra.
Os fluxos de detritos, também chamados de fluxos de lama ou corrida de massa, são um dos tipos mais comuns de deslizamento de terra. Quedas de rochas também são comuns.
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Por que esses incidentes ocorrem?
Os deslizamentos de terra ocorrem quando os materiais que constituem um declive não conseguem resistir às forças que atuam sobre eles. Essa pressão pode aumentar quando há precipitação excessiva, derretimento de neve, alterações nos lençóis freáticos, terremotos, atividade vulcânica ou humana.
Na Índia, um deslizamento de terra provocado pela chuva durante o ciclone Remal foi responsável pelo desmoronamento de uma pedreira no estado de Mizoram. E a costa oeste dos Estados Unidos registrou numerosos deslizamentos de terra nos primeiros meses de 2024, destruindo casas, linhas costeiras e bloqueando estradas na região de Big Sur, na Califórnia.
Ao menos 13 mortos após tempestade e deslizamentos nos EUA
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Esses foram causados por condições climáticas extremas, queda de rochas e pela simples gravidade.
Há como evitar?
Sim, os deslizamentos de terra podem ser evitados.
Pesquisas indicam que a forma mais simples de o fazer é contrariar as próprias forças que provocam os deslizamentos de terra e de lama. Isso pode ser feito melhorando a drenagem superficial e subsuperficial; construindo estacas, contrafortes e muros de contenção que reforcem a base de um declive; ou criando caminhos para desviar os detritos.
O Serviço Geológico dos EUA desaconselha a construção perto de encostas íngremes, perto de montanhas, perto de vias de drenagem ou vales de erosão naturais. Isso porque, muitas vezes, a atividade humana, incluindo a atividade industrial e mineira, é a principal causa desses desastres. O resto é resposta da natureza.