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Desmatamento afeta clima

DW (ts/av)18 de abril de 2008

Embora ostentando uma política pró-ambiental, a UE é grande consumidora de madeira extraída ilegalmente. Sem uma mudança de direção, o combate à alteração do clima global se tornará ainda mais difícil.

Desmatamento para cultura de soja em Novo Progresso, ParáFoto: AP

A União Européia é a maior importadora de madeira do mundo. Segundo a organização ecológica Friends of the Earth, mais da metade da madeira tropical comprada na região provém de fontes ilegais. Por isso, ambientalistas exigem uma lei européia de proteção às matas virgens.

Stavros Dimas, comissário do Meio Ambiente da UEFoto: picture-alliance/ dpa

"Os governos da Europa devem garantir que apenas madeira extraída legalmente e proveniente de silvicultura ecológica chegue ao mercado", exige Corinna Hölzel, do Greenpeace. Estudos sobre política ambiental realizados pela Universidade Livre de Berlim mostram que leis ambiciosas geralmente só se tornam realidade quando países corajosos dão o primeiro passo.

A Suíça, o Reino Unido e os Estados Unidos estão preparando novas regulamentações para o comércio madeireiro. Em maio próximo, o comissário do Meio Ambiente da UE, Stavros Dimas, apresentará novos projetos para a regulamentação, uma vez que a atual legislação não é eficiente.

38 campos de futebol destruídos a cada minuto

Na última segunda-feira (14/04), o Greenpeace protestou diante da embaixada brasileira em Berlim contra o desmatamento descontrolado nos trópicos. Segundo estudo da organização, a cada minuto cinco hectares de matas brasileiras são vítimas de serras e queimadas.

Cada hectare queimado libera entre 500 e 1.100 toneladas de dióxido de carbono. Em conseqüência, um quinto das emissões globais de CO2 está vinculado à extinção das florestas. A Rede WWF (antes conhecida como Fundo Mundial para a Natureza) calcula que a cada minuto desaparece, em todo o mundo, uma área equivalente a 38 campos de futebol.

Parte do desmatamento na América do Sul serve à produção energética. A onda do biodiesel na Europa – desencadeada pela diretriz da UE de se elevar a 10% a parcela dos bioocombustíveis – favorece essa destruição.

"A estipulação de porcentagens de biocombustível no diesel leva pura e simplesmente ao desmatamento das florestas amazônicas", acusa Celia Harvey, da ONG Conservation International. Este foi um dos motivos pelos quais o ministro alemão do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, recuou em seus planos relativos ao biocombustível, exigindo agora que só se adotem substâncias provenientes de produção sustentável.

Palavras e ações

"Os políticos alemães gostam de afirmar que a proteção às matas é a melhor proteção ao clima. Contudo não se faz nada", acusa Johannes Zahnen, do WWF. Já em 2003, a Comissão Européia elaborara um plano de ação contra o desmatamento ilegal. Desde então, o órgão fechou acordos com quatro países dos trópicos, porém nada de concreto aconteceu, critica.

Na ação 'Earth Hour', promovida pelo WWF em 29/03/2008, luzes de São Francisco se apagaram por uma horaFoto: AP

Segundo Zahnen, o problema central é o comércio ilegal não constar como delito punível. Somente uma lei européia poderá mudar esta situação, além da exigência de um certificado de origem, análogo ao vigente para gêneros alimentícios dentro da UE.

Quase despercebida passa a extinção das florestas virgens na Escandinávia, onde o desmatamento é quase sempre legal. Já na Rússia, no Brasil e no Sudeste Asiático boa parte da madeira é extraída de reservas naturais, sem licenças ou com papéis falsificados.

Em meados de maio, as matas virgens encabeçam a agenda da Conferência da ONU sobre a Biodiversidade (CDB), em Bonn. Esta será uma oportunidade para a política provar o real valor que dá ao tema. Caso os países-membros não consigam se alinhar contra o desflorestamento, o combate à mudança climática global se revelará ainda mais duro do que já é.

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