Desmatamento em áreas protegidas aumentou 79% sob Bolsonaro
22 de dezembro de 2021
Análise do Instituto Socioambiental baseada em dados do Prodes revela alta de 138% na degradação em terras indígenas e de 130% em Unidades de Conservação, comparado aos três anos anteriores à posse do atual governo.
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Um levantamento divulgado nesta quarta-feira (22/12) pelo Instituto Socioambiental (ISA) revela que o desmatamento em áreas que deviam estar protegidas aumentou 79% nos três anos do governo de Jair Bolsonaro, em comparação com período de 2016 a 2018.
A alta, avaliada pelos especialistas do Isa entre 2019 e 2021, se refere ao desmatamento ocorrido em todas as Unidades de Conservação (UCs), federais ou estaduais, e em terras indígenas nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Amapá, Tocantins, Mato Grosso, Maranhão e Acre.
A análise revela que nos últimos três anos, as 334 UCs federais perderam áreas de floresta 130% maiores do que no triênio anterior, em razão dos altos níveis de invasões e explorações ilegais de recursos naturais. Em 14 dessas unidades – dez delas no estado do Pará – a perda de vegetação foi de mais de 90%.
A área mais afetada, com alta de 54% na taxa de desmatamento em comparação com 2020, foi a Floresta Nacional do Jamanxim, também no Pará. Nas UCs estaduais, a alta nos desmates foi de 50%.
Nos territórios indígenas, a soma dos dados dos últimos três anos revelou uma alta de 138% no desmatamento, mesmo com uma queda de 18,6% registrada em 2020 e 2021. Das 268 terras indígenas analisadas, 20 delas registraram 80% de degradação. Quase a metade de toda a perda de floresta está concentrada na bacia do Rio Xingu, segundo o ISA.
"Consolidação da destruição da Amazônia"
A análise do ISA foi feita com dados do Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).
Esses dados, segundo nota divulgada pelo ISA em seu portal de internet, revelam a "a consolidação da destruição da Amazônia, com perdas florestais severas ao longo dos últimos três anos em Terras Indígenas e Unidades de Conservação — áreas protegidas fundamentais para a proteção da sociobiodiversidade brasileira.”
Os pesquisadores do ISA lembraram a tentativa de Bolsonaro sucatear o Inpe, de modo a impedir a coleta de dados específicos sobre o desmatamento e a degradação ambiental na Amazônia.
"Não por acaso, enquanto estimulava a passagem da ‘boiada' pela maior floresta tropical do mundo, o presidente atuou ativamente pelo sucateamento do órgão e também de todo o conjunto de políticas e organismos socioambientais — imprescindíveis para a preservação da região”, disseram os pesquisadores.
rc (ots)
As principais florestas do mundo precisam de proteção
Na COP26, 100 países se comprometeram a acabar com o desmatamento e revertê-lo até 2030. Quais são as ameaças às florestas mais importantes do mundo?
Foto: Zoonar/picture alliance
Floresta Amazônica
A floresta amazônica é um importante sumidouro de carbono e um dos lugares com maior biodiversidade do mundo. Mas décadas de exploração intensa e criação de gado dizimaram cerca de 2 milhões de quilômetros quadrados, e menos da metade do que restou está sob proteção. Um estudo recente mostrou que algumas partes da Amazônia agora emitem mais dióxido de carbono do que absorvem.
Foto: Florence Goisnard/AFP/Getty Images
Taiga
Esta floresta subártica nórdica, composta principalmente de coníferas, se estende pela Escandinávia e por grandes partes da Rússia. A conservação da taiga varia de país para país. Na Sibéria Oriental, por exemplo, a rígida proteção da era soviética deixou a paisagem praticamente intacta, mas a crise econômica que se seguiu na Rússia gerou níveis cada vez mais destrutivos de extração madeireira.
Foto: Sergi Reboredo/picture alliance
Floresta Boreal do Canadá
As taigas subárticas da América do Norte são conhecidas como florestas boreais e se estendem do Alasca ao Quebec, cobrindo um terço do Canadá. Cerca de 94% das florestas boreais do Canadá estão em terras públicas controladas pelo governo, mas apenas 8% são protegidas. O país, um dos principais exportadores mundiais de produtos de papel, derruba delas cerca de 4 mil km2 por ano.
Foto: Jon Reaves/robertharding/picture alliance
Floresta Tropical da Bacia do Congo
O Rio Congo nutre uma das florestas tropicais mais antigas e densas do mundo, abrigando alguns dos animais mais icônicos da África, entre os quais gorilas, elefantes e chimpanzés. Mas a região também é rica em petróleo, ouro, diamantes e outros minerais valiosos. A mineração e a caça impulsionaram seu rápido desmatamento. Se não houver mudanças, a mata desaparecerá totalmente até 2100.
Foto: Rebecca Blackwell/AP Photo/picture alliance
Florestas Tropicais de Bornéu
A região ecológica de 140 milhões de anos se expande por Brunei, Indonésia e Malásia e abriga centenas de espécies ameaçadas, como o orangotango vermelho e o rinoceronte de Sumatra. Grandes áreas são degradadas pela exploração de madeira, azeite de dendê, celulose, borracha e minerais. O desmatamento proporcionou acesso a áreas remotas, impulsionando o comércio ilegal de animais selvagens.
Foto: J. Eaton/AGAMI/blickwinkel/picture alliance
Floresta de Primorie
Localizada no extremo leste da Rússia, a floresta de coníferas abriga o tigre siberiano e dezenas de outras espécies ameaçadas de extinção. Por ficar junto ao Oceano Pacífico, a floresta tem condições tropicais no verão e clima ártico no inverno. Sua localização isolada e esforços de preservação a deixaram em grande parte intacta, mas a expansão do corte comercial tornou-se uma ameaça crescente.
Foto: Zaruba Ondrej/dpa/CTK/picture alliance
Floresta temperada valdiviana
A floresta valdiviana cobre uma estreita faixa de terra de Chile e Argentina, na costa do Pacífico. Árvores perenes, de crescimento lento e longa vida, dominam partes da floresta, mas sua extração extensiva ameaça a vegetação endêmica, que está sendo substituída por pinheiros e eucaliptos de rápido crescimento, mas incapazes de sustentar a biodiversidade da região.
Foto: Kevin Schafer/NHPA/photoshot/picture alliance