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Desmatamento na Amazônia cresce 93% neste ano, diz Inpe

12 de outubro de 2019

Nos primeiros nove meses de 2019, dados do instituto mostram que floresta perdeu 7.853 km² de cobertura vegetal. Devastação já ultrapassa a registrada em todo o ano de 2018. Em setembro, desmatamento aumentou 96%.

Foto de agosto mostra floresta desmatada na região de Porto Velho
Foto de agosto mostra floresta desmatada na região de Porto VelhoFoto: Reuters/R. Moraes

O desmatamento na Amazônia cresceu 92,7% entre janeiro e setembro deste ano em comparação com o mesmo período do ano passado, indicam dados divulgados nesta sexta-feira (11/10) pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A destruição da floresta nestes primeiros nove meses já ultrapassou em 58,7% toda a registrada no ano inteiro de 2018.

De acordo com dados do Sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), entre janeiro e setembro deste ano a Amazônia perdeu 7.854 km² de cobertura vegetal. Somente no mês de setembro foram devastados 1.447 km², o que corresponde a um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Com base em imagens de satélites, o Deter dispara alertas sobre áreas que estão sendo desmatadas. Os informes podem ser usados para indicar tendências de aumento ou diminuição no desmate e servem de parâmetro para que os fiscais do Ibama atuem nas regiões mais ameaçadas. Dados sobre a destruição total da floresta por ano são registrados pelo Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes), também do Inpe, e serão divulgados em novembro.

Crise entre governo e Inpe

A divulgação dos dados do Deter em junho, que revelaram aumento do desmatamento, causou uma crise entre o Inpe e o governo de Jair Bolsonaro, que culminou com a demissão do presidente do instituto. Bolsonaro contestou a informação e acusou o então diretor do Inpe, Ricardo Galvão, de mentir e de agir "a serviço de uma ONG". Em resposta, Galvão rebateu as críticas, defendendo o trabalho do instituto.

O Ministério do Meio Ambiente contestou a metodologia do Inpe, e o presidente chegou a dizer que números teriam sido "espancados" para atingir o país. Logo após a crise causada pelos dados, ocorreu um aumento das queimadas na Amazônia. Os incêndios chamaram a atenção internacional.

A recente aceleração da devastação fez com que os governos de Alemanha e Noruega suspendessem repasses de verba ao Brasil para financiar projetos de desenvolvimento sustentável.

Devido ao desmatamento e às queimadas na região, Bolsonaro se tornou alvo de pesadas críticas de políticos europeus, que ameaçaram suspender o acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia (UE). Alguns políticos alemães chegaram a pedir sanções ao Brasil em razão da maneira como o governo Bolsonaro lida com o meio ambiente.

Especialistas temem níveis alarmantes

Bolsonaro se envolveu numa prologada troca de farpas com o presidente da França, Emmanuel Macron, que o acusou de mentir sobre suas políticas ambientais durante o encontro do G20 em junho, no Japão, quando foi concluído o pacto comercial entre o bloco dos países sul-americanos e a UE.

O Brasil abriga 60% da Floresta Amazônica, que é um importante regulador para os sistemas vivos do planeta e também para o índice de chuvas no país. Suas árvores absorvem cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono por ano e liberam 20% do oxigênio do planeta.

Depois de ter sido considerado uma história de sucesso ambiental, o Brasil vem perdendo esse espaço, principalmente, desde a eleição de Bolsonaro, que já declarou várias vezes a intenção de explorar a floresta e negou a existência das mudanças climáticas. Devido ao discurso do presidente e à agenda ambiental do governo, especialistas temem que o desmatamento atinja níveis alarmantes nos próximos anos.

CN/efe/ots

 

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