Despenca número de refugiados que chegam à Alemanha
8 de abril de 2016
Governo registra 170 mil pedidos de asilo em 2016, uma queda de 66% frente ao meio milhão do primeiro trimestre do ano passado. Queda é vista como reflexo do fechamento da rota dos Bálcãs.
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A Alemanha observa a chegada de cada vez menos solicitantes de asilo, num aparente reflexo do fechamento da chamada rota dos Bálcãs. Segundo anunciou nesta sexta-feira (08/04) o governo alemão, foram contabilizados 20 mil pedidos no mês de março – número três vezes menor que os 60 mil de fevereiro.
De acordo com o ministro do Interior, Thomas de Maizière, a queda vem sendo progressiva. Em janeiro, a agência alemã de imigração (Bamf) havia registrado cerca de 90 mil pedidos e, no mês anterior, 120 mil.
No total, foram mais de 170 mil pedidos no primeiro trimestre deste ano, cifra 66% menor se comparada com o mesmo período de 2015, quando o chamado sistema Easy de registro de requerentes de asilo contabilizou quase meio milhão de pedidos.
Cerca de 107 mil refugiados cruzaram a fronteira do país entre janeiro e março. "Mais uma vez, a tendência anual apresenta forte queda", disse o ministro. "Estamos com uma média diária de bem menos de 200 por dia", afirmou De Maizière.
Entretanto, ainda é cedo para fazer uma previsão para o resto do ano. "Não sabemos como a implementação do Acordo UE-Turquia e Grécia vai se desenrolar", disse De Maizière. O ministro, porém, fez um balanço positivo dos últimos meses. "As medidas surtiram efeito."
Não foi esclarecido quais rotas teriam sido utilizadas pelos refugiados até chegar ao país. A redução no número de refugiados é atribuída, em grande parte, ao fechamento da chamada rota dos Bálcãs por países como a Macedônia e a Eslovênia. Além disso, a Áustria reforçou o controle em suas fronteiras, impedindo o caminho de muitos dos que desejam chegar até a Alemanha.
Em janeiro, a Bamf concedeu asilo a 50 mil requerentes. Em fevereiro, 66 mil pedidos foram aceitos e, em março, 58 mil. A agência, encarregada de processar uma enorme quantidade de requerimentos de asilo, recebeu um reforço no número de funcionários.
Retomada do retorno de migrantes para a Turquia
Uma balsa transportando 45 refugiados paquistaneses deixou nesta sexta-feira a ilha de Lesbos, na Grécia, rumo à Turquia, marcando a retomada das medidas previstas pelo acordo entre a Turquia e a UE.
O pacto, que visa diminuir o fluxo migratório para a Europa, estabelece a devolução dos migrantes que chegaram ao território grego após o dia 20 de março, e que não estão aptos a receber asilo. A UE, por sua vez, se comprometeu a aceitar um refugiado sírio para cada migrante devolvido à Turquia.
Três ativistas foram presos após se pendurarem na âncora da balsa, numa tentativa de evitar a partida. Outras 30 pessoas protestavam no porto de Lesbos, pedindo o fim das deportações e liberdade para os refugiados.
Uma segunda embarcação com um grupo maior deverá partir da ilha grega também nesta sexta-feira. No início da semana, um primeiro grupo de 202 migrantes, em sua maioria paquistaneses, partiu da Grécia para Turquia.
RC/afp/dpa/edp/rtr
A vida de um refugiado após selfie com Merkel
Há quem seja viciado em tirar autorretratos no celular, só ou acompanhado. Outros ridicularizam a moda como coisa de adolescentes. Para o sírio Anas Modamani, de 19 anos, um selfie foi o momento que transformou sua vida.
Foto: Anas Modamani
Encontrando Angela Merkel
Quando estava alojado no acampamento de refugiados de Berlim-Spandau, Anas Modamani ficou sabendo que a chanceler federal alemã, Angela Merkel, viria visitar e conversar com os migrantes. O sírio de 19 anos, um adepto das mídias sociais, resolveu tirar um selfie com a chefe de governo, na esperança de que a iniciativa iniciasse uma mudança real em sua vida.
Foto: Anas Modamani
Fuga para a Europa
Quando a casa dos Modamani em Damasco foi bombardeada, Anas, seus pais e irmãos se transferiram para Garia, uma cidade menor. Foi aí que o jovem resolveu escapar para a Europa, na esperança de que sua família se unisse a ele mais tarde, quando tivesse conseguido se estabelecer. Primeiro, viajou para o Líbano, seguindo então para a Turquia, e de lá para a Grécia.
Foto: Anas Modamani
Jornada perigosa
Por pouco, Anas não morreu no caminho. Para atravessar o Mar Egeu, entre a Turquia e a Grécia, ele teve que pegar um barco inflável, como a maioria dos refugiados. O sírio conta que a embarcação estava superlotada, acabando por virar, e ele quase se afogou.
Foto: Anas Modamani
Cinco semanas a pé
O trajeto entre a Grécia e a Macedônia ele teve que fazer a pé, ao longo de cinco semanas, seguindo então para a Hungria e a Áustria. Em setembro de 2015, alcançou sua destinação final: Munique. Uma vez na Alemanha, Anas decidiu que queria ir para Berlim, onde está vivendo desde então.
Foto: Anas Modamani
Espera por asilo
Na capital alemã, o jovem de Damasco passou dias inteiro diante da central para refugiados LaGeSo. Lá, ele conta, a situação era difícil, sobretudo com a chegada do inverno. Por fim, foi enviado para o acampamento de Berlim-Spandau. Ele queria chamar a atenção para sua situação como refugiado, e um selfie com Merkel lhe pareceu a oportunidade ideal.
Foto: Anas Modamani
Enfim uma família
Anas confirma que o retrato ao lado da chanceler federal foi um elemento de mudança chave em sua vida. Ele recebeu grande atenção midiática depois que o selfie foi postado online, e foi assim que sua família adotiva chegou até ele. Há dois meses o sírio de 19 vive em Berlim com os Meeuw, que o apoiam em todos os aspectos.
Foto: Anas Modamani
Saudades de casa
Anas diz nunca ter estado tão feliz como agora, ao lado de sua família alemã. Além de fazer curso de idioma alemão, tem numerosas atividades culturais e já fez muitos amigos. Com curso médio completo na Síria, ele pretende fazer o curso superior na Alemanha. Porém, sua prioridade no momento é obter oficialmente asilo e poder trazer seus pais e irmãos para a Alemanha.
Foto: Anas Modamani
Onda de rejeição aos refugiados
O sírio Anas Modamani espera ter uma vida longa e segura em sua terra de adoção. Contudo está preocupado com os atuais sentimentos negativos contra os refugiados na Alemanha. Ele teme que esse clima de rejeição possa escalar e influenciar as leis referentes aos migrantes. Se isso acontecer e ele não obtiver asilo, será o fim do sonho de ter a própria família junto de si.