Peças encontradas na costa africana em dezembro e fevereiro foram analisadas pela Austrália, que acredita se tratar do avião desaparecido da Malaysia Airlines. Tragédia completou dois anos com poucas respostas.
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Fontes oficiais informaram nesta terça-feira (19/04) que os destroços encontrados na costa de Moçambique há alguns meses pertencem "quase com toda a certeza" ao voo MH370 da Malaysia Airlines, desaparecido há mais de dois anos.
As duas peças, uma que é parte da asa e outra do estabilizador na parte traseira do avião, foram localizadas em 27 de dezembro de 2015 e 27 de fevereiro de 2016, a 220 quilômetros uma da outra, no mar próximo ao país africano.
Enviados posteriormente a Austrália, os destroços foram analisados pela Agência de Segurança de Transportes do país (ATBS, na sigla em inglês), que lidera as buscas. Segundo o órgão, as dimensões e pinturas das peças batem com as do Boeing 777 da Malaysia Airlines.
Em comunicado, a ATBS informou que os restos serão enviados à Malásia ainda nesta semana. Desde a semana passada, a agência também investiga outros destroços encontrados na África do Sul e nas Ilhas Maurício, a fim de determinar sua procedência.
A Austrália lidera uma operação, composta pela Malásia e China, que procura por destroços do avião numa área de cerca de 120 mil quilômetros quadrados, em zona remota do Oceano Índico.
O MH370, com destino a Pequim, desapareceu no dia 8 de março de 2014, pouco depois de decolar do aeroporto de Kuala Lumpur, na Malásia. O Boeing 777 levava 239 pessoas a bordo.
Informações de satélite indicam que o avião caiu no sul do Índico, mas não há evidências sobre o que provocou a queda. Autoridades acreditam que a aeronave voou em piloto automático por linha reta pelo oceano durante horas antes de cair por falta de combustível.
Até então, entre os fragmentos encontrados, o único que foi confirmado como sendo do voo MH370 são pedaços de uma asa achados na ilha francesa de Reunião, também no Índico.
EK/afp/dpa/lusa
O mistério do voo MH370
Já se passou mais de um ano desde que o jato da Malaysia Airlines desapareceu, abrindo uma discussão sobre a segurança da aviação global. A DW reuniu os momentos mais importantes sobre as buscas pela aeronave.
Foto: Reuters/Zinfos974/P. Bigot
Decolagem
No dia 8 de março, o voo MH370 da Malaysia Airlines com destino a Pequim decolou à 00h41 do aeroporto internacional Kuala Lumpur, na Malásia, com 239 passageiros a bordo. Após 26 minutos da decolagem, o sistema Acars, responsável por enviar informações cruciais sobre a condição da aeronave, foi desligado.
Foto: picture-alliance/dpa
Últimas palavras
Minutos após o Boeing 777 sair do espaço aéreo da Malásia e entrar no território do Vietnã, alguém da cabine do piloto disse: “Boa noite, Malaysia três, sete, zero”. A companhia aérea acredita que era o co-piloto Fariq Abdul Hamid. A aeronave voava com boas condições do tempo.
Foto: picture-alliance/dpa
Fora do radar
O avião desapareceu das telas do controle aéreo civil quando o equipamento que transmite a localização e altitude foi desligado à 1h31 da madrugada. Quando um radar militar identificou aeronave às 2h15, ela estava localizada em um ponto ao sul da ilha de Phuket no estreito de Malaca, a centenas de quilômetros fora da rota.
Foto: picture-alliance/dpa
Sete horas mais tarde
A última comunicação da aeronave com satélites, sete horas mais tarde, a localizava em algum lugar em uma das duas regiões: a primeira, ao norte que se estende da Tailândia até a fronteira do Cazaquistão e do Turcomenistão, ou ao sul, numa área que vai da Indonésia ao sul do Oceano Índico. O último sinal foi recebido às 8h11, sugerindo que o avião pode ter continuado a voar por horas.
Foto: NASA/dpa
Começa a busca
Pouco tempo após o desaparecimento, Malásia e Vietnã organizam juntos uma missão de busca. A área de procura logo foi expandida, cobrindo parte do golfo da Tailândia, entre Malásia e Vietnã. Verificou-se também que dois passageiros usavam passaportes roubados da UE, alimentando temores de um ataque terrorista. Mais tarde, a polícia descobriu que os homens eram imigrantes ilegais iranianos.
Foto: reuters
Mar de destroços
Até 12 de março, a área de busca atingiu ambos os lados da península da Malásia, o que totaliza uma área com cerca de 90 mil quilômetros quadrados. No total, 12 países participaram da operação de busca. Um satélite chinês localizou três grandes objetos flutuando no Mar do Sul da China que poderiam ser destroços da aeronave desaparecida.
Foto: picture alliance/AP Photo
"Ação deliberada"
Dois dias após, o primeiro-ministro da Malásia, Najib Razak, (à direita na foto) confirma que o avião desviou da rota planejada, com movimentos que "sustentariam a tese de uma ação deliberada por alguém do avião". Autoridades iniciaram uma investigação criminal, levantando identidades e antecedentes da tripulação e dos passageiros. As casas do comandante e do co-piloto foram revistadas.
Foto: Reuters
Nova fase das buscas
Onze dias após o incidente, o número de países envolvidos na operação de busca cresce de 14 para 26 países. Os investigadores focam em duas grandes áreas que o avião poderia ter sobrevoado. A área de busca agora já cobre 2,24 milhões de milhas náuticas quadradas.
Foto: Reuters
Procurando um motivo
Funcionários apresentaram um novo cronograma, mostrando que a última transmissão de voz do avião ocorreu antes do corte do sistema de comunicação. Foram investigadas as possibilidades de sequestro, sabotagem ou suicídio do piloto. Mas investigações sobre os passageiros não conseguem apontar motivos que indicassem motivação política ou criminosa para derrubar o avião ou sequestrá-lo.
Foto: picture-alliance/dpa
Espera dolorosa
Teorias conflitantes surgem para tentar explicar o incidente. Mas sem achar os destroços, fica difícil apurar os fatos. Isso prolongou a dolorosa espera dos familiares e amigos dos desaparecidos. No avião, havia passageiros de 14 países diferentes, a maioria vinha da China (153) e da Malásia (38).
Foto: Reuters
Parentes dos passageiros protestam
Em 24 de março, o primeiro-ministro Naib Razak anuncia que, de acordo com dados de satélites, o voo MH370 caiu ao sul do Oceano Índico. A declaração desencadeou uma tempestade de tristeza e raiva dos familiares das vítimas. Parentes irritados protestaram em frente à embaixada da Malásia em Pequim e e queixaram de falta de informações confiáveis.
Foto: Reuters
Frustração
Por vezes, as buscas davam motivos para frustração, como quando objetos dados como parte do avião eram, na verdade, só lixo. As buscas se tornaram um desperdício de tempo. Alguns objetos rastreados na água eram só redes de pescas enroscadas, bóias ou pedaços de geladeiras de isopor.
Foto: Reuters
Mistério sem solução
Em 3 de abril, quase um mês após o sumiço, as autoridades continuaram perplexas. O premier Najib Razak disse que a busca não será interrompida até que as respostas sejam encontradas, o primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, descreveu o caso como “o mais difícil na história da humanidade”.
Foto: picture-alliance/dpa
Sinal detectado
Em 5 de abril, um navio chinês detectou um sinal pulsante no Oceano Índico. Dois dias depois, um navio australiano identifica dois sinais distintos, um de longa duração e outro que parece contínuo, como os sinais de caixas pretas de aeronaves. A equipe internacional percorre cerca de 850 quilômetros quadrados do Oceano Índico por semanas, mas não consegue encontrar evidências.
Foto: picture-alliance/dpa
Austrália move buscas mais para o sul
Em outubro, a Austrália move a área de busca mais para o sul, onde a empresa de satélite britânica Immarsat calculou o possível local da queda do avião com base em breves conexões que o avião fez com um dos satélites. A área fica ao oeste de Perth, na Austrália. O local é identificado como um dos mais prováveis para se achar o avião. Mas nada é encontrado.
Foto: atsb.gov.au
Malásia declara ocorrido como acidente
No final de janeiro de 2015, o departamento de aviação civil da Malásia declarou oficialmente que o voo foi um acidente e que todas as pessoas a bordo eram dadas como mortas. O anúncio foi feito de acordo com as regras da aviação global, que permite que as famílias dos passageiros tentem uma indenização.
Foto: Roslan Rahman/AFP/Getty Images
"Desculpa conveniente"
No entanto, alguns familiares dos passageiros do voo MH370 se recusaram a aceitar a conclusão da Malásia. Pouco depois, Sarah Bajac, cujo o parceiro Philip Wood estava na aeronave, disse à DW que isso era uma “desculpa conveniente”, argumentando que nenhuma evidência foi encontrada para apoiar a alegação das autoridades.
Foto: privat
Novas regras de aviação
No esforço para melhorar a segurança dos voos após o desaparecimento do MH370, a Organização de Aviação Civil Internacional propôs recentemente uma nova medida que exige a confirmação da posição de aeronaves comerciais a cada 15 minutos. Essa orientação é a primeira etapa de uma proposta que visa assegurar que os aviões possam ser rastreados com rapidez.
Foto: Getty Images
Busca complicada
As equipes de busca encontraram muitos desafios. Alguns deles associados com a área de busca. O afastamento e o tamanho da área exigiram que todos os aspectos da operação fossem planejados e executados meticulosamente. Em comparação com outros acidentes aéreos, a operação de busca do MH 370 foi a mais cara da história.
Foto: cc-by/ATSB/Photo by Chris Beerens/RAN
Nova pista
Mais de um ano após o desaparecimento do voo, investigadores se dirigiram à Ilha da Reunião, no Oceano Índico, para determinar se o destroço de um avião levado até as margens é parte do Boeing 777-200 da Malaysia Airlines. O destroço de aproximadamente dois metros de comprimento, que parece ser parte de uma asa, foi encontrado em Saint-André, na costa leste da ilha.