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Detectado buraco na camada de ozônio no Polo Norte

25 de março de 2020

Pesquisador alemão diz que camada de ozônio sobre o Ártico está mais fina. Fenômeno se deve a massas de ar especialmente frias. Afinamento já havia sido descrito em 2011.

Blocos de gelo no mar do Ártico.
Afinamento da camada de ozônio foi observada em 2011 em artigo da ‘Nature' Foto: picture-alliance/dpa/D. Goldmann

Um cientista alemão detectou o que diz ser o primeiro buraco na camada de ozônio acima do Polo Norte. Nas últimas duas semanas, a espessura da camada sobre o Ártico vem mostrando estar menor do que a que define o buraco sobre a Antártida, no Polo Sul. A afirmação foi feita nesta quarta-feira (250/03) por Markus Rex, diretor do departamento de Física Atmosférica no Instituto alemão Alfred Wegner.

"Nas áreas de espessura máxima da camada de ozônio, a perda é de cerca de 90%", disse Rex. Isso equivale a uma área três vezes o tamanho da Groenlândia. Segundo Rex, o buraco afeta uma área total de 20 mil quilômetros quadrados.

O pesquisador explicou que o afinamento da camada de ozônio na região se deve a um vórtice polar especialmente forte no inverno deste ano no Hemisfério Norte, combinado a baixas temperaturas na estratosfera, onde fica a camada de ozônio.

O vórtice polar é um ciclone persistente de ventos frios ao redor dos polos de um planeta. Esses turbilhões costumam ser mais fortes no inverno e diminuem ou podem até desaparecer no verão – assim como o buraco na camada de ozônio na Antártida, que tende a diminuir no verão do Hemisfério Sul.

"No momento, essas massas de ar ainda estão concentradas por cima do Ártico central – por isso, as pessoas na Europa não precisam se preocupar em se queimar de sol mais rapidamente do que de costume", afirmou o alemão. Ele não descartou, porém, que essas massas de ar se desloquem do Ártico central para a Europa em abril.

O afinamento da camada de ozônio sobre o Ártico já chegou a ser observada em 2011 e foi detalhado num artigo publicado na revista científica Nature. "Pela primeira vez no período observado, a destruição química do ozônio no Ártico, no início de 2011, foi comparável à do buraco sobre a Antártida", explicaram os autores, na época.

Eles ainda lembraram que o buraco sobre a Antártida é um fenômeno sazonal. "A remoção praticamente completa de ozônio costuma resultar numa fissura todo ano, enquanto a perda de ozônio no Ártico é altamente variável e, até agora, foi mais limitada", acrescentaram.

A redução do ozônio na atmosfera que costuma ocorrer na Antártida acontece porque as temperaturas na região são as mais baixas em todo o planeta. No Ártico, as temperaturas não costumam ser tão frias. No inverno polar, surgem concentrações de cloro em nuvens nas camadas mais estratosféricas (altas) da atmosfera. O cloro acelera a destruição do ozônio.

Nos anos 1980, a produção dos chamados CFCs, ou clorofluorocarbonetos, foi proibida em vários países porque os compostos usados como aerossóis e gases para refrigeração contribuíam para diminuir a camada de ozônio. "Sem essa proibição, a situação este ano seria muito pior", constatou Rex, que lembrou que esse tipo de substância é muito durável.

O buraco na camada de ozônio sobre a Antártida foi descoberto em 1985 e levou à aprovação do Protocolo de Montreal, acordo ambiental internacional com o objetivo de eliminar substâncias que reduzem a camada. Desde a adoção do acordo em 1987 até 2014, mais de 98% dessas substâncias foram eliminadas, diz o site do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).

Em 2019, o buraco na camada de ozônio registrou sua menor extensão em cerca de 30 anos. O ozônio funciona como um tipo de filtro solar que protege a Terra da radiação ultravioleta. Em seres humanos, os raios podem causar doenças como câncer de pele.

RK/dpa/ots

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