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Detenções e ameaças antecedem protesto em Caracas

1 de setembro de 2016

Oposição denuncia onda de repressão antes de grande marcha na capital da Venezuela, enquanto governo alerta sobre planos golpistas. Jornalistas estrangeiros são impedidos de entrar no país.

Nicolás Maduro em encontro pó-governo em Caracas, em 30 de agosto de 2016
Maduro (dir.) alertou sobre tentativa de golpeFoto: Reuters/Miraflores Palace

Uma série de ativistas e apoiadores da oposição venezuelana foi presa às vésperas de uma marcha convocada para esta quinta-feira (01/09), chamada de "Toma de Caracas" (Ocupação de Caracas). Políticos da oposição rechaçam a onda de repressão, enquanto o governo denuncia supostos planos golpistas relacionados à manifestação, que deve reunir dezenas de milhares de pessoas.

O partido opositor Primero Justicia (PJ) denunciou que 11 de seus militantes foram detidos pela Guarda Nacional Bolivariana ao se dirigirem à capital do país para participar do protesto, que tem como objetivo agilizar um referendo para revogar o mandato do presidente Nicolás Maduro.

"A detenção é uma amostra do medo que o governo tem da contundência que terá a Gran Toma de Caracas neste 1º de setembro. Está claro que nesta quinta-feira se inicia a rota rumo à mudança apor meio do referendo presidencial revogatório de Nicolás Maduro", disse o partido em comunicado.

As autoridades venezuelanas confirmaram nesta quarta-feira que dois dirigentes opositores haviam sido detidos e denunciaram um plano "desestabilizador" previsto para a manifestação desta quinta-feira.

Segundo o ministro do Interior, Néstor Reverol, foi descoberto um suposto plano de fuga do prefeito de San Cristóbal, Daniel Ceballos, que cumpria pena domiciliar em consequência das manifestações de 2014 contra o governo. Ceballos foi transferido para um presídio e arquivos do político revelaram detalhes de planos desestabilizadores, envolvendo vários "atores da ultradireita". Tais arquivos resultaram na prisão de dois dirigentes, do Voluntad Popular e do Avanzada Popular, por posse de materiais explosivos.

"Os detidos têm antecedentes de atos desestabilizadores em nosso país, e não se descartam outras detenções de geradores de violência da ultradireita que pretendem criar o caos e a violência no país", disse Reverol.

De acordo com o ministro, o dirigente Lester Toledo, do partido Voluntad Popular, é alvo de uma ordem de prisão por financiamento de terrorismo. Reverol afirmou ainda que as autoridades estão investigando outras informações para "derrotar o golpe de Estado e a violência no nosso país e seguir avançando com a construção da revolução bolivariana."

Nesta terça-feira, Maduro disse que o Voluntad Popular é o "braço armado" do imperialismo e que está envolvido numa eventual tentativa golpista nesta quinta-feira.

Jornalistas barrados

O Sindicato Nacional de Trabalhadores da Imprensa da Venezuela denunciou nesta quinta-feira, a poucas horas da manifestação da oposição em Caracas, que as autoridades do país estavam impedindo a entrada e expulsando jornalistas estrangeiros que iriam cobrir o protesto.

Segundo Marco Ruiz, porta-voz do sindicato, as autoridades alegam que os jornalistas tiveram a entrada no país negada, mas na verdade não estão permitindo a entrada de funcionários de meios de comunicação internacionais.

Nesta terça-feira, três jornalistas da emissora Al Jazeera que pretendiam cobrir a marcha em Caracas foram detidos ao chegarem ao aeroporto venezuelano de Maiquetía. Segundo a imprensa venezuelana, uma jornalista do México foi expulsa do país no mesmo dia.

O governo venezuelano também fechou nesta quinta-feira os acessos à capital que seriam usados por manifestantes. Dentro de Caracas, pelo menos quatro estações de metrô foram fechadas.

Apoiadores de Maduro também devem ocupar as ruas de Caracas nesta quinta-feira. Os defensores do regime já deram início à sua manifestação nesta quarta-feira, em resposta a um apelo do chefe de Estado venezuelano que denunciou que setores opositores estavam preparando, com o apoio dos Estados Unidos, um golpe de Estado.

Os simpatizantes de Maduro assumiram o compromisso de permanecer nas ruas até esta quinta-feira com a missão de garantir a paz e impedir alegadas tentativas de criar violência nas concentrações da oposição.

Em meio à grave crise econômica e política, a Venezuela está dividida. Apesar de ter as maiores reservas petrolíferas do mundo, a economia atravessa grandes dificuldades que levaram o presidente a decretar, em janeiro deste ano, estado de emergência econômica. A população sofre com a escassez de alimentos e medicamentos.

LPF/dpa/efe/lusa

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