As repórteres Sumi Somaskanda e Nina Haase vão percorrer seis cidades do país para tentar responder uma pergunta antes das eleições legislativas federais: o que move os alemães antes do pleito?
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A cobertura das eleições para o Bundestag (câmara baixa do Legislativo alemão) pela Deutsche Welle tem como lema #AlemanhaDecide. Quais decisões e direção que os alemães desejam para seu país? É isso que nossas repórteres Sumi Somaskanda e Nina Haase querem descobrir, a partir de meados de junho, em uma viagem de seis semanas pelo país. Para cada um dos seis temas escolhidos, elas vão pesquisar durante uma semana em cada local selecionado.
A viagem começa em 12 de junho, a partir de Berlim em direção a Dresden, com uma Kombi adesivada com as perguntas e o lema da cobertura jornalística: "Para onde vai a Alemanha? O que move os alemães?". A equipe quer iniciar um diálogo com os eleitores – sobre os temas decisivos da eleição parlamentar de 24 de setembro – e dar respostas às questões que o mundo faz à Alemanha.
Seis lugares, seis perguntas
Os temas escolhidos para a cobertura jornalística são:
– O quão forte é a extrema-direita na Alemanha? – Pesquisa em Dresden e região.
– Os refugiados ainda são bem-vindos? – Pesquisa em Wegscheid e outros lugares na Baviera.
– A economia da Alemanha está assegurada para o futuro? Pesquisa em Stuttgart e áreas circundantes.
Leia a cobertura completa sobre aeleição na Alemanha em 2017
– O Islã está mudando a Alemanha? Pesquisa em Colônia e região.
– Como é a justiça social na Alemanha? – Pesquisa em Bremen.
– A última parada da viagem é a capital, Berlim. O tema será determinado somente durante o curso da viagem para então responder também a questões que vão surgir.
Os eleitores estão no foco
No foco das reportagens para a televisão e online estão, principalmente, as pessoas na Alemanha e o que as move em seu cotidiano. Conversas com políticos e especialistas vão fornecer os contextos necessários. Neste ano de grandes eleições, as repórteres pretendem realizar uma pesquisa detalhada também em pequenas localidades.
Especialmente as eleições americanas e o referendo sobre o Brexit mostraram como é importante para a credibilidade dos meios de comunicação também refletir na cobertura jornalística impressões e sentimentos que não sejam só de quem mora nas grandes cidades.
Em mídias sociais, leitores da DW podem acompanhar diariamente, em inglês ou alemão, o trabalho das repórteres – seja no Facebook (Live), Twitter ou Instagram. Os resultados do trabalho também poderão ser acessados na internet ou assistidos nos canais de televisão da Deutsche Welle.
"Cenário político está mudando"
Sumi Somaskanda trabalha desde 2011 na redação em inglês da DW como apresentadora, e tem muitos anos de experiência como autora de textos para online e repórter de televisão a nível mundial. A americana nasceu em Rochester, no estado de Nova York, e mora há nove anos em Berlim.
"A Alemanha continua me surpreendendo com todas as suas diferentes facetas – não só geograficamente, mas também em relação às diferenças sociais e culturais – e os muitos dialetos!", conta. "Eu realmente estou feliz em explorar a grande variedade do país, de norte a sul, de leste a oeste, e ainda poder falar com os eleitores alemães."
Quando perguntada por que a viagem é importante, Somaskanda diz que pesquisas apontam que a Alemanha está cada vez mais dividida. "Eu quero descobrir se isso realmente ocorre e, se sim, os motivos. Eu gostaria de saber quais são os temas que realmente levam os eleitores às urnas."
Nina Haase trabalha desde 2005 nas redações em inglês e em alemão da DW como repórter, redatora, apresentadora e autora de textos online. Ela nasceu entre o Vale do Ruhr e a Planície de Münster. Para ela, a questão crucial é a estabilidade do sistema político no país.
"O cenário político está mudando no entorno da Alemanha. As alianças de longa data são questionadas e políticos vencem eleições com uma posição antissistema – veja o Brexit e as eleições americanas", diz. "Por sua vez, os partidos tradicionais na Alemanha são a favor de valores ocidentais."
Enquanto Angela Merkel é chamada pela mídia estrangeira de "líder do mundo livre", seu grande concorrente na eleição de setembro, Martin Schulz, "provavelmente seja o defensor mais engajado da União Europeia na política alemã", acrescenta Haase.
"Mas também aqui a situação ferve: o partido populista de direita Alternativa para a Alemanha (AfD), consegue mandatos nas assembleias estaduais a cada eleição. Mas, realmente, quanta insatisfação há na Alemanha? A melhor forma de descobrir é falando com pessoas diretamente."
Merkel a caminho do quarto mandato
Quem poderia pensar? Vista como líder interina de seu partido após saída de Helmut Kohl, Merkel chefia a CDU desde 2000 e, há 11 anos, a Chancelaria Federal. Confira momentos de uma carreira que ainda não chegou ao fim.
Foto: Getty Images/C. Koall
Primeiro juramento
"Eu quero servir a Alemanha". A promessa foi feita por Angela Merkel no dia 22 de novembro de 2005, quando tomou posse como chanceler. Depois da vitória apertada nas eleições gerais, ela se tornou a primeira mulher e a primeira alemã da antiga parte oriental a ocupar o cargo. Merkel se tornou a chefe de governo, comandado pela grande coalizão formada entre os partidos CDU, CSU e SPD.
Foto: picture-alliance/dpa/G. Bergmann
Quem tem medo do cão de Putin?
Merkel é conhecida por sempre ser racional e se manter calma. O presidente da Rússia, Vladimir Putin, quis aparentemente testar os nervos da chanceler quando a recebeu na residência presidencial em Sochi, em 2007. Putin conseguiu revelar o ponto fraco de Merkel: ela tem medo de cães. Isso não impediu que o presidente russo deixasse o labrador Koni farejar os sapatos da chanceler.
Foto: picture-alliance/dpa/D. Astakhov
Resgate financeiro
Em situações de crise, Merkel age com frieza. Quando os mercados financeiros entraram em colapso em 2008 e ameaçaram prejudicar a economia alemã, a chanceler se empenhou na proteção do euro e na criação de fundos de resgate para as economias mais fracas do bloco europeu. Ela se destacou como eficiente gestora de crises, mas não escapou de receber críticas de países como Grécia e Espanha.
Foto: picture-alliance/epa/H. Villalobos
Caminho para o segundo mandato
Apesar do pior desempenho da aliança conservadora na história, Merkel venceu as eleições de 27 de setembro de 2009. Depois de se aliar ao Partido Social-Democrata (SPD), a chanceler estava pronta para iniciar o segundo mandato ao lado de outro parceiro, o Partido Liberal Democrático (FDP).
Foto: Getty Images/A. Rentz
Resposta rápida
Merkel que, como física, é conhecida por pensar de forma objetiva, não previu a catástrofe nuclear de Fukushima, no Japão. Defensora da política nuclear na Alemanha, Merkel mudou de posição em tempo recorde. A extensão do prazo de funcionamento das usinas foi suspenso e a Alemanha iniciou o processo de colocar fim ao uso da energia nuclear.
Foto: Getty Images/G. Bergmann
O homem ao seu lado
Quem o reconheceria? Quem conhece sua voz? Há dez anos, o marido de Merkel, Joachim Sauer, professor de Química da Universidade Humboldt, em Berlim, se mantém discreto. Eles estão casados desde 1998.
Foto: picture alliance/Infophoto
Amizade em crise
As escutas de comunicações de políticos alemães por parte da Agência de Segurança Nacional (NSA), dos Estados Unidos, abalaram as relações da Alemanha com a Casa Branca. Até o celular de Merkel foi alvo de espionagem. Uma frase da chanceler ficou famosa: "Não é aceitável que países amigos espiem uns aos outros".
Foto: Reuters/F. Bensch
O paciente grego
O clube de fãs de Merkel é extenso, mas na Grécia é provavelmente menor. A hostilidade contra a chanceler alemã nunca foi tão grande como em 2014, no auge da crise da dívida grega. A imagem de velha inimiga ressurgiu, mas Merkel se manteve firme em relação à política de austeridade que previu cortes e reformas a serem cumpridos por Atenas.
Foto: picture-alliance/epa/S. Pantzartzi
Emotiva, às vezes
Tipicamente reservada, Merkel quebrou os protocolos durante a final da Copa do Mundo de 2014 no Rio de Janeiro. A chanceler federal alemã celebrou a vitória da Alemanha sobre a Argentina ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck. Ela estava no auge de sua popularidade, assim como a seleção vitoriosa.
Foto: imago/Action Pictures
"Nós podemos fazer isso!"
Para Merkel, o direito de asilo a refugiados não pode ser limitado. "Nós podemos fazer isso" se tornou o credo da chanceler sobre a política alemã de acolhida aos migrantes que fogem de guerras e perseguições. Se o país dará conta da enorme demanda, isso já é uma pergunta ainda em aberto.
Foto: picture-alliance/dpa/S. Hoppe
"E agora, Merkel?"
Sexta-feira 13 – um massacre em novembro. A França está em situação de emergência e Merkel ofereceu "toda a assistência" ao país vizinho. O medo do terrorismo se espalha. Não há dúvidas de que esse é o maior desafio de Merkel em dez anos no poder.
Foto: picture-alliance/dpa/B. von Jutrczenka
Barulho na coalizão
Foi o castigo máximo para a chanceler federal. No congresso da CSU, em novembro de 2015, Horst Seehofer a repreendeu. O líder da legenda-irmã do partido de Merkel na Baviera criticou que a política migratória da chefe alemã de governo fez com que o país perdesse o controle de suas próprias fronteiras. Uma humilhação que Merkel teve que suportar de pé e sem oportunidade de resposta.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Hoppe
Será que ele não poderia ficar?
Seria um alívio para Merkel continuar a lidar com Obama. Mas, no início, ela era bastante cética quanto a ele. O monitoramento do celular da chanceler federal, no contexto do escândalo de espionagem da NSA, parecia abonar a sua postura reservada. Mas, agora, um parceiro previsível sai de cena e dá lugar a Donald Trump. O jornal "New York Times" já a chama de "defensora do Ocidente liberal".
Foto: Reuters/F. Bensch
Merkel mais uma vez
Finalmente, após meses de intensas especulações em torno de sua candidatura à reeleição, Merkel confirma a sua intenção de concorrer a um quarto mandato. Durante entrevista coletiva em 20/11, ela diz à liderança de seu partido, a União Democrata Cristã (CDU), estar preparada para chefiar a legenda na eleição parlamentar alemã, prevista para setembro ou outubro de 2017.