Dez pessoas são presas em Berlim por ataque antissemita
8 de julho de 2018
Segundo jornal, grupo formado por sírios agrediu e ofendeu judeu também de origem síria em um parque na capital alemã. Unidade de investigação de crimes de ódio assumiu o caso.
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A polícia alemã prendeu neste domingo (08/07) dez pessoas por suspeita de participação em um ataque antissemita em um parque de Berlim. Eles foram acusados de agredir e insultar um homem de nacionalidade síria que usava uma corrente com a estrela de Davi, símbolo do judaísmo.
Segundo o jornal Die Welt, seis dos suspeitos também são originários da Síria. Outros três têm nacionalidade alemã e um não teve não teve a nacionalidade determinada.
De acordo com as autoridades, a vítima, o judeu sírio, de 25 anos, se aproximou dos suspeitos para pedir um isqueiro enquanto caminhava no parque James-Simon, na região central de Berlim. Ele contou que os agressores inicialmente roubaram seu cigarro.
Enquanto a vítima reclamava, eles teriam notado sua corrente com símbolo judeu no seu pescoço, passando logo a gritar insultos antissemitas. Um dos agressores bateu no rosto do homem. A vítima correu e acabou caindo no chão, passando a sofrer chutes dos agressores. O ataque só parou quando outros frequentadores do parque foram ajudar. A vítima sofreu cortes na cabeça e foi levada para um hospital.
A polícia informou que o grupo suspeito pelo ataque – três mulheres entre 15 e 21 anos e sete homens entre 17 e 25 anos – foram liberados no mesmo dia. Uma unidade de investigação especializada em crime de ódio assumiu o caso.
Ataque em abril chocou a Alemanha
Em maio, um refugiado sírio de origem palestina de 19 anos foi considerado culpado por um tribunal de Berlim por lesão corporal grave e por ofender dois homens que caminhavam pela capital alemã usando quipás – chapéu característico do judaísmo.
O ataque ocorreu no dia 17 de abril, em plena luz do dia, e explicitou a persistência do antissemitismo na Alemanha, não só entre membros da extrema direita, mas também entre imigrantes muçulmanos.
Na ocasião, um homem árabe-israelense de 21 anos e seu amigo, um alemão de origem marroquina de 24 anos, passeavam usando quipás pelas ruas do bairro de Prenzlauer Berg quando passaram a ser insultados em árabe por três homens. Quando a dupla pediu para que eles parassem, o sírio de 19 anos começou a agredi-los.
Posteriormente, o árabe-israelense que foi atacado disse à DW que ele não era judeu, mas que decidiu usar o quipá para testar se era perigoso para um judeu caminhar pelas ruas da capital alemã usando a peça de vestuário religiosa.
A pena imposta incluiu quatro semanas de detenção em um centro juvenil – o jovem sírio, identificado como Knaan al-S., no entanto, já tinha cumprido esse período atrás das grades antes do fim do julgamento e acabou deixando o tribunal em liberdade.
O ataque foi condenado por líderes religiosos e políticos na Alemanha. O incidente também provocou protestos em Berlim e em várias outras cidades alemãs. Milhares de pessoas saíram às ruas com quipás para protestar contra o antissemitismo no país.
JPS/afp/ap
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Memoriais judaicos em Berlim
Grandes e pequenos memoriais em toda a capital alemã relembram seu passado judaico e os crimes do regime nazista.
Foto: Renate Pelzl
Memorial aos Judeus Mortos da Europa
Esse enorme campo de monólitos no centro da capital alemã foi inaugurado em 2005. O projeto é do arquiteto nova-iorquino Peter Eisenmann. Os quase três mil blocos de pedra evocam a lembrança dos seis milhões de judeus de toda a Europa que foram assassinados pelos nazistas.
Foto: picture-alliance/Schoening
Stolpersteine ("pedras de tropeço")
Estes pequenos blocos podem ser encontrados em centenas de calçadas de Berlim, em frente a imóveis que eram ocupados por famílias judias. Nelas, constam os nomes dos antigos moradores judeus e informações sobre seu destino final, como o campo de concentração para onde foram enviados. No total, existem mais de 7 mil desses pequenos memoriais só em Berlim.
Foto: DW/T.Walker
A casa da Conferência de Wannsee
Quinze autoridades nazistas de alto escalão se reuniram nesta mansão às margens do lago Wannsee, no subúrbio berlinense de mesmo nome, em 20 de janeiro de 1942. O tema da conferência: discutir o assassinato sistemático de judeus europeus, que foi batizado de "solução final para a questão judaica". Hoje o local é um memorial.
Foto: picture-alliance/dpa
Memorial Plataforma 17
Rosas brancas na plataforma 17 da estação Grunewald, no oeste da capital, lembram os mais de 50 mil judeus de Berlim que foram enviados para a morte a partir desse local. Em exibição estão 186 placas que mostram a data, o destino e o número de deportados.
Foto: imago/IPON
Museu Otto Weidt
O complexo de prédios Hackesche Höfe no centro de Berlim é mencionado em vários guias de viagem. Em um dos edifícios, ficava a fábrica de escovas e vassouras do empresário alemão Otto Weidt (1883-1947). Durante a era nazista, ele empregou muitos judeus cegos e surdos, salvando-os da deportação e da morte. Hoje o local é um museu.
Foto: picture-alliance/Arco Images
Centro de moda na Hausvogteiplatz
O coração da moda de Berlim uma vez bateu aqui. Uma placa comemorativa feita de espelhos lembra os estilistas e fashionistas judeus que fizeram roupas para toda a Europa na praça Hausvogtei. Os nazistas expropriaram os donos judeus e entregaram os ateliês para funcionários e empresários arianos. Esse centro de moda acabou sendo irremediavelmente destruído durante a Segunda Guerra Mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/J. Kalaene
Memorial na Koppenplatz
Antes do Holocausto, 173 mil judeus viviam em Berlim. Em 1945 havia apenas 9 mil. O monumento "Der verlassene Raum" (a sala abandonada) está localizado no meio da área residencial da praça Koppen. É uma forma de relembrar os cidadãos judeus que foram tirados de suas casas e nunca retornaram.
Foto: DW
O Museu Judaico
O arquiteto Daniel Libeskind escolheu um design dramático: visto de cima, o edifício parece uma estrela de David quebrada. O Museu Judaico é um dos prédios mais visitados em Berlim, oferecendo uma visão geral da turbulenta história teuto-judaica.
Foto: AP
Cemitério Judaico Weissensee
Ainda há oito cemitérios judaicos em Berlim. O maior deles fica no distrito de Weissensee. Com cerca de 115 mil túmulos, é o maior cemitério judaico da Europa. Muitos judeus perseguidos se esconderam no emaranhado de construções dos cemitérios durante o regime nazista. Em 11 de maio de 1945, três dias após o fim da Segunda Guerra, o primeiro funeral judaico público foi realizado aqui.
Foto: Renate Pelzl
A Nova Sinagoga
Quando a sinagoga da rua Oranienburger foi consagrada em 1866, o prédio foi considerado o mais magnifico templo judaico da Alemanha. O edifício foi danificado na Noite dos Cristais em 1938 e depois foi duramente bombardeado na Segunda Guerra. No início dos anos 1990, foi parcialmente reconstruído. Desde então, sua cúpula dourada voltou a ser facilmente inidentificável no horizonte de Berlim.