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Dezenas de milhares protestam na Alemanha contra TTIP

18 de abril de 2015

TTIP entra em nona rodada de negociações. Pacto de livre-comércio UE-EUA pode acarretar queda de padrões europeus de saúde e segurança, alegam seus opositores. Apoiadores apontam chances de crescimento e emprego.

Foto: Getty Images/Afp/John MacDougall

Mais de 200 manifestações se realizaram na Alemanha contra o planejado acordo de livre comércio entre a União Europeia e os Estados Unidos. Segundo porta-voz da ONG Attac, uma das organizadoras do evento, "várias dezenas de milhares" foram às ruas do país. As metrópoles Berlim, Munique, Hamburgo, Frankfurt e Stuttgart constaram entre os principais focos dos protestos.

Ao todo estavam programadas para este sábado (18/04) cerca de 700 passeatas em 45 países, contra o Acordo de Parceria Transatlântica de Comércio e Investimento (TTIP, na sigla em inglês), que na segunda-feira entra em sua nona rodada de negociações, em Nova York.

Contudo a oposição ao projeto é especialmente acirrada entre a população da Alemanha. Seus críticos afirmam que ele poderá acarretar um rebaixamento dos padrões europeus de saúde e segurança, sobretudo no que concerne as rigorosas normas da UE relativas a aditivos alimentares, vegetais transgênicos e o uso de pesticidas.

Ameaça à democracia versus chance de crescimento

Outro ponto de crítica é a falta de transparência nas negociações entre a Comissão Europeia e Washington. Os opositores da Parceria Internacional UE-EUA igualmente condenam a cláusula que permite a empresas processarem governos nacionais por políticas que considerem contrárias a seus interesses comerciais, recorrendo para tal a tribunais alheios às legislações nacionais.

Os críticos veem nessa cláusula um convite aos grandes conglomerados para neutralizarem medidas estipuladas por governos democraticamente eleitos. "Há um grande risco: o TTIP vai restringir os nossos direitos democráticos. No futuro, grandes corporações terão uma influência ainda maior sobre o processo legislativo", afirmou um dos ativistas, Thilo Bode, da ONG Foodwatch, que monitora as práticas da indústria alimentar.

Manifestação em Augsburg: "Parem com o livre-comércio UE-EUA!!"Foto: picture-alliance/dpa/Stefan Puchner

Segundo enquete da firma britânica de pesquisa de mercado YouGov, 43% dos alemães acreditam que o TTIP será mau para seu país, enquanto apenas 30% o veem como positivo. Outro indicador da resistência ao pacto: de 1,7 milhão de assinaturas coletadas na UE pelo coletivo europeu Stop TTIP, havia 1 milhão da Alemanha, dez vezes o número dos participantes franceses e 50 vezes o dos italianos.

Defensores do acordo afirmam que companhias de ambos os lados do Oceano Atlântico se beneficiarão da redução dos obstáculos regulatórios, ficando aptas a acessar com maior facilidade os demais mercados. Para a Confederação da Indústria Alemã (BDI), isso traria chances de crescimento e emprego.

Visando, em parte, se contrapor à influência da China na Ásia, os EUA estão negociando um acordo de livre-comércio semelhante com a Austrália, Brunei, Chile, Cingapura, Japão, Canadá, Malásia, México, Nova Zelândia, Peru e Vietnam: a Parceria Transpacífica (TPP).

AV/afp/dpa

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