Dezenas de vítimas ainda estão hospitalizadas em Nice
17 de julho de 2016
Ministra francesa da Saúde afirma que 85 pessoas ainda estão em tratamento, após atentado com caminhão em Nice. Polícia detém dois novos suspeitos do ataque que matou 84 pessoas na cidade francesa.
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A ministra francesa da Saúde, Marisol Touraine, afirmou neste domingo (17/07) em Nice que 18 das 85 pessoas, que ainda estão hospitalizadas após o atentado do Dia da Bastilha, se encontram em estado grave, incluindo uma criança.
Ela acrescentou que, embora muitas pessoas tenham recebido alta, elas ainda podem precisar de tratamento médico adicional. Touraine também instou os sobreviventes a utilizarem os serviços de aconselhamento, oferecidos pelo governo após o atentado.
Na última quinta-feira, durante as comemorações do dia 14 de julho, um tunisiano de 31 anos avançou com um caminhão sobre a multidão que estava celebrando o feriado nacional, provocando a morte de 84 pessoas, mutilando e ferindo muitas outras.
Autoridades francesas anunciaram neste domingo a detenção de dois outros suspeitos – um homem e uma mulher – na busca de possíveis cúmplices do motorista do caminhão, Mohamed Lahoualez Bouhlel, que foi morto a tiros pela polícia durante o ataque. Há relatos de que quatro pessoas detidas anteriormente ainda estão sob custódia, enquanto a esposa de Bouhlel foi liberada depois de dois dias de interrogatório.
Ligação religiosa?
Ainda que o grupo extremista islâmico "Estado Islâmico" (EI) tenha assumido a responsabilidade do ataque, chamando Bouhlel de um de seus "soldados", ainda não se sabe exatamente até que ponto ele tinha conexões com o EI ou qualquer outro grupo radical islâmico, ou se o ataque teve qualquer tipo de motivação extremista religiosa. A polícia não tinha nenhum registro de ligações do autor do ataque com o islamismo radical.
Alguns vizinhos de Bouhlel, um pai de três filhos que era conhecido da polícia como pequeno criminoso, descreveram o tunisiano como alguém solitário com tendência à violência e depressão. Pessoas que praticavam esporte na mesma academia de ginástica de Bouhlel disseram que ele era "convencido" e que "flertava com qualquer coisa que se movia."
As opiniões quanto à religiosidade do autor do ataque são, no entanto, divergentes. Alguns familiares e amigos afirmaram que ele fumava e bebia – duas atividades proibidas pelo islã tradicional – e nunca frequentava a mesquita. Outros, porém, disseram notar "uma recente tendência para o islamismo radical", informaram fontes policiais.
O ministro do Interior francês, Bernard Cazeneuve, afirmou acreditar, no entanto, que o ataque foi realmente motivado pelo islã radical, classificando o massacre como "um novo tipo de ataque" que sublinha a "extrema dificuldade da luta anti-terror."
"Enfrentamos agora indivíduos abertos à mensagem do EI de praticar ações extremamente violentas sem necessariamente ter sido treinados ou possuir armas para realizar um ataque em massa", declarou o ministro francês.
Security failings?
As autoridades francesas têm sido objeto de novas críticas por falhas em proteger seus cidadãos, sendo o ataque de quinta-feira o terceiro grande atentado terrorista em 18 meses.
Cazenevue apelou a voluntários para que reforcem as forças de segurança, que se encontram em alerta máximo durante oito meses de estado de emergência.
A França entrou na mira do EI como um dos países que participam do combate ao grupo extremista no Iraque e na Síria. A ascensão do terrorismo islâmico também sublinhou o que o governo admitiu como um "apartheid social e étnico" que marginaliza a grande comunidade muçulmana do país.
CA/afp/ap/dw
Luto e tristeza após atentado em Nice
Cidade turística do sul da França amanhece de luto, enquanto investigadores tentam esclarecer os motivos do homem que matou 84 pessoas e feriu mais de 200.
Foto: DW/B. Riegert
Nice em luto
A cidade de Nice amanheceu em luto após o ataque, com sangue e destroços na avenida à beira-mar. Um pequeno memorial foi montado no local onde um caminhão avançou sobre a multidão que assistia à queima de fogos e comemorava o Dia da Bastilha, data nacional da França, na noite de 14 de julho. Mais de 80 pessoas morreram, entre elas dez crianças e adolescentes, e cerca de 200 ficaram feridas.
Foto: DW/B. Riegert
Homenagens ao redor do mundo
As homenagens às vítimas de Nice se estenderam mundo afora. Embaixadas francesas em várias capitais se tornaram locais de luto, recebendo flores e velas em suas portas. Franceses que moram em outros países também se reuniram para lamentar o ataque em sua terra natal. A foto mostra uma vigília em Sydney, na Austrália, nesta sexta-feira (15/07).
Foto: Reuters/D. Gray
Líderes condenam ataque
Líderes mundiais também lamentaram o ataque na cidade francesa. O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, declarou em comunicado que seu país se mantém firme na "solidariedade e parceria com a França, nosso mais antigo aliado". A chanceler federal alemã, Angela Merkel, e outros líderes presentes na cúpula do Diálogo Ásia-Europa, na Mongólia, dedicaram um minuto de silêncio às vítimas (foto).
Foto: picture-alliance/AP Images/D. Sagolj
Investigadores tentam entender
Na sexta-feira seguinta ao ataque, o motorista do caminhão foi identificado por autoridades como sendo o tunisiano Mohamed Lahouaiej Bouhlel, de 31 anos, que foi morto a tiros pelos policiais. Ele era casado, tinha três filhos e estava desempregado. Ainda não se sabe se se trata de um chamado lobo-solitário ou se o agressor tinha cúmplices em Nice. Nenhum grupo terrorista reivindicou o ataque.
Foto: Reuters/E. Gaillard
Veículo contra multidão
O caminhão de 19 toneladas percorreu a famosa avenida à beira-mar Promenade des Anglais logo após o fim da queima de fogos, por volta das 22h30. Segundo autoridades, o veículo andou dois quilômetros, avançando contra a multidão que acompanhava a festa. Na altura do hotel Negresco, o motorista do caminhão disparou contra três policiais, que revidaram e o "neutralizaram", disseram autoridades.
Foto: picture-alliance/AP Photo/S. Goldsmith
Momentos de pânico
Testemunhas em Nice relataram momentos de caos e terror durante o ataque. "Um enorme caminhão branco avançou a uma grande velocidade. Vi corpos voando como se fossem pinos de boliche", disse o jornalista Damien Allemand. "As pessoas tropeçavam e tentavam entrar nos hotéis, restaurantes, estacionamentos ou em qualquer lugar onde pudessem fugir da rua", contou a australiana Emily Watkins.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
O caos que durou horas
As ruas de Nice, cidade turística na costa francesa, ficaram caóticas nas horas que se seguiram ao ataque. Equipes de resgates tentavam localizar sobreviventes e socorriam os feridos – entre eles crianças e idosos –, enquanto os hospitais ficaram sobrecarregados.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
De braços erguidos
Em meio ao caos, sobreviventes levantavam seus braços para mostrar que não representavam ameaça. Até então, os investigadores não sabiam se o motorista havia agido sozinho, ou mesmo se novos ataques poderiam ocorrer na cidade.
Foto: Getty Images/AFP/V. Hache
"Estamos em guerra"
Após o atentando, a polícia tomou as ruas de Nice, depois chegaram os soldados. O presidente francês, François Hollande, anunciou que estenderia o estado de emergência no país por mais três meses. Já o ministro do Interior, Bernard Cazeneuve, que se deslocou para Nice, disse que a França está "em guerra contra os terroristas que querem nos atacar a todo custo e que são extremamente violentos".