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Dezenas são presos no 3° dia de eleições na Rússia

17 de março de 2024

Alguns dos detidos participaram do "Meio-dia contra Putin", um ato silencioso contra o Kremlin, convocado por apoiadores do dissidente Alexei Navalny. Protestos também ocorreram em frente a embaixadas russas.

Russos aguardam para votar em Moscou
Russos aguardam para votar em MoscouFoto: Maxim Shemetov/REUTERS

Pelo menos 74 cidadãos foram detidos na Rússia neste domingo (17/03), terceiro dia de eleições presidenciais criticadas pela oposição como um jogo de cartas marcadas para tentar dar um verniz de democracia ao regime de Vladimir Putin.

As prisões foram efetuadas em 17 cidades, incluindo Moscou, informou o portal OVD-Info, um projeto que monitora os direitos dos detidos pela polícia. 

Protesto contra Putin em PragaFoto: Vit Simanek/CTK/picture alliance

Um casal teria sido levado à delegacia por usar um lenço com citações de George Orwell, autor do livro 1984, que descreve um universo distópico e totalitário. Outras 29 pessoas foram detidas em Kazan, capital da república russa do Tartaristão.

Muitos dos detidos participaram da ação "Meio-dia contra Putin", convocada pela oposição russa para protestar contra Putin, que está no poder desde 1999 e tenta oficializar sua permanência por mais seis anos.

Um número considerável de russos compareceu às 12h para votar contra Putin, numa demonstração de rejeição coordenada pela oposição contra a reeleição e a guerra na Ucrânia. Como protestos abertos precisam de autorização das autoridades, a ação silenciosa foi a forma que a oposição encontrou para transmitir insatisfação durante o dia do pleito e ao mesmo tempo evitar prisões em grande escala.

Viúva de Navalny, YuliaFoto: DW

As autoridades do Kremlin, por sua vez, deslocaram mais forças de segurança para locais de votação no horário marcado para o protesto silencioso. "Foi importante para mim ver o rosto de outras pessoas aqui, saber que não estou sozinho", disse um eleitor a jornalista da rede BBC.

Segundo agências de notícias ocidentais, a participação nas seções de voto aumentou significativamente em Moscou, cidades menores e em embaixadas da Rússia na Europa, sinalizando adesão ao protesto.

A campanha havia sido respaldada pelo dissidente Alexei Navalny antes da sua morte na prisão, em 16 de fevereiro. Em 2011 ele ganhou notoriedade internacional ao ser preso por convocar protestos contra o regime após uma eleição legislativa que foi alvo de acusações de fraude.

Os organizadores da campanha, que contou com o apoio do político liberal  Maxim Reznik, da viúva do falecido opositor Navalny, Yulia, e do magnata Mikhail Khodorkovsky, que vivem todos no exílio, também incentivaram os participantes a executar outras formas de protesto neste domingo, como escrever o nome de Navalny nas cédulas, anulá-las com outras mensagens, ou ainda a votar em outro candidato que não Putin. A campanha também recebeu endosso de Yekaterina Duntsova – que tentou concorrer às eleições presidenciais, mas acabou barrada pelo regime – e o político pacifista Boris Nadezhdin, que também foi vetado pelas autoridades eleitorais russas.

Yulia Navalnaya também marcou presença neste domingo em Berlim ao meio-dia na fila da embaixada russa na capital alemã para apoiar a campanha de protesto. Alguns moscovitas também depositaram flores no túmulo de Alexei Navalny. Uma mensagem num pedaço de papel dizia: "Este é o candidato que queríamos".

A Rússia tem mais de 114 milhões de eleitores inscritos, incluindo também os quatro territórios ucranianos ocupados e anexados ilegalmente pelo Kremlin.

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