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Otan se reúne

Christoph Hasselbach (sm)18 de fevereiro de 2009

Em um encontro informal em Cracóvia, ministros da Defesa da Otan discutem estratégia para o Afeganistão. A principal novidade é o novo rumo da política norte-americana sob o governo Obama.

Secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, quer mais respaldo aos EUA dentro da aliançaFoto: AP

Os principais temas do encontro informal de ministros da Defesa da Otan, na cidade polonesa de Cracóvia nesta quinta-feira (19/02), será a complementação do contingente de soldados da aliança estacionados no Afeganistão e uma nova estratégia de combate à produção de drogas na região.

O novo tom no diálogo sobre segurança mundial, aguardado no encontro de Cracóvia, foi motivado pela mudança de governo nos Estados Unidos. Isso já tinha se feito sentir durante a última Conferência de Segurança de Munique, realizada no fim de semana retrasado.

Na ocasião, o vice-presidente norte-americano, Joseph Biden, fez um resumo das novidades no governo Obama, sem esconder um toque de ironia: "Os Estados Unidos vão fazer mais. Essa é a boa notícia. A má notícia é que os EUA também vão exigir mais dos nossos parceiros".

Contrabalançar missão militar e civil

O presidente Obama anunciou que vai complementar as tropas norte-americanas no Afeganistão com um contingente adicional de 17 mil soldados. Os aliados, por sua vez, também fizeram exigências. O ministro alemão da Defesa, Franz-Josef Jung, quer impedir que se descuide do lado civil no Afeganistão, algo em que a Alemanha está concentrando especialmente sua atenção:

"Sem segurança não há desenvolvimento, mas sem desenvolvimento também não há segurança", declarou o ministro, acrescentando que o êxito na região não depende apenas do aspecto militar.

Quanto à missão no Afeganistão, a virada de Bush para Obama poderia de fato implicar um novo equilíbrio entre o lado militar e o lado civil da missão. O interessante é que foi justamente o secretário de Defesa Robert Gates, que manteve sua pasta apesar da mudança de governo, a insinuar recentemente uma revisão na estratégia para o Afeganistão: "A minha preocupação é que os afegãos passem a nos ver mais como problema do que como solução de seus problemas. Nesse caso, teríamos perdido".

Independentemente da contribuição a ser prestada pelos aliados, o secretário-geral da Otan, Jaap de Hoop Scheffer, considera importante apoiar os americanos: "Fico realmente preocupado ao ouvir que os Estados Unidos estão planejando um maior empenho no Afeganistão, enquanto outros aliados já se recusam a fazer mais. Isso não é bom para o equilíbrio político dessa missão, nem para o equilíbrio político dentro da aliança transatlântica".

EUA e Rússia insinuam aproximação

O que é de se esperar, de qualquer forma, é uma mudança de rumo em Washington quanto aos planos de instalar um sistema de defesa antimíssil na Polônia e na República Tcheca, a fim de prevenir possíveis ataques nucleares do Irã. A Rússia reiterou que considera esses planos uma ameaça.

O vice-presidente Joseph Biden também se pronunciou sobre o assunto em Munique: "Continuaremos a trabalhar numa defesa antimíssil, a fim de enfrentar a crescente ameaça iraniana, contanto que dispusermos de uma tecnologia segura e os custos estejam de acordo. Conversaremos sobre isso com vocês, nossos aliados da Otan, e com a Rússia".

A menção da tecnologia e dos custos deve significar pelo menos um adiamento do projeto. O tom cooperativo em relação à Rússia já parece estar surtindo efeito. O governo em Moscou aventou desistir dos planos de instalar na região de Kaliningrado mísseis de curto alcance apontados para os países da Otan, algo anunciado anteriormente como reação aos planos norte-americanos de defesa antiaérea.

Além disso, a cooperação no transporte de materiais não militares da Otan para o Afeganistão deverá tomar contornos mais nítidos. Diante do crescente perigo que representam as vias terrestres através do Paquistão, rotas alternativas só podem agradar à Otan.

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