Pegadinhas de 1º de abril geram efeito negativo na produtividade, alerta a Sociedade Alemã de Pesquisa em Economia. Mercado de ações também pode entrar em estado caótico. O Dia da Mentira deveria, então, ser abolido?
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O Dia da Mentira, comemorado nesta sexta-feira (01/04) em diferentes países, é uma tradição muito contemplada na Alemanha. No entanto, para o desgosto dos bem-humorados, um estudo mostra que a data tem trazido cada vez mais problemas para economia.
"O 1º de Abril tem afetado a economia deste país de forma significativa", adverte Hartmut Schneider, da Sociedade Alemã de Pesquisa em Economia (DGW, na sigla em alemão). Para o especialista, "o governo deveria considerar seriamente proibir as pegadinhas" caso não queira ficar no vermelho.
Em pesquisa publicada pela DGW nesta sexta-feira, Schneider reuniu mais de 2,5 mil pegadinhas do Dia de Mentira dos últimos 227 anos, e as confrontou com o desempenho da economia no 1º de abril de cada um dos anos. "Meus estudos começam em 1789", conta ele.
Naquela ocasião, um jornal de Berlim publicou que pedras de granizo do tamanho de ovos de pombo estavam caindo na cidade de Potsdam. "Milhares de pessoas não foram trabalhar. Isso afetou de forma extremamente negativa a produtividade de muitos negócios e, por consequência, a economia alemã como um todo", diz Schneider.
A experiência continuou se repetindo regularmente no passado recente. Em 2011, uma estação de rádio local espalhou que o Departamento Alemão de Veículos Motorizados (KBA) de Flensburg, responsável por rastrear os pontos de carteiras de motorista, distribuiria 60 mil pontos dedutíveis num sorteio, em comemoração aos 60 anos do órgão.
Em consequência, os telefones do escritório do KBA não tiveram paz por três dias seguidos. "Várias centenas de funcionários foram impossibilitados de se concentrar em seu horário de trabalho normal", conta Schneider.
O medo de ser vítima de uma pegadinha do Dia da Mentira, por si só, faz com que a produtividade dos funcionários caia maciçamente nessa data, afirma Sabine Weiler, porta-voz do Instituto de Economia da Renânia Vestfália (RWI, na sigla em alemão).
"Para que a economia não seja comprometida mais do que o necessário, nós defendemos que o Dia da Mentira seja transferido para o primeiro domingo de abril. Dessa forma, os danos à economia seriam mais restritos", afirma Weiler.
O mercado de ações também pode ficar em condições caóticas por conta do 1º de Abril, dizem especialistas em bolsas de valores. Em 2015, a montadora americana Tesla anunciou um novo "modelo W" de carro e, em frações de segundo, as ações da empresa subiram 0,75%.
Especuladores que apostam na queda dos preços podem facilmente fazer com que uma brincadeira de 1º de Abril leve ações ao colapso, afirma o especialista em mercado de ações Dirk Möller, em entrevista à DW.
"O Dia da Mentira dá vazão a rumores e manipulações. Esse é um risco incalculável, e que não é nem plausível de punição caso as ações desabem", explica Möller.
Motivando funcionários
Há, por outro lado, organizações como o Instituto Heinz-Werner-Meyer (HWMI) que são favoráveis ao Dia da Mentira. Num estudo publicado por eles também nesta sexta-feira, os pesquisadores sugerem que as pegadinhas têm motivado cada vez mais os funcionários das empresas.
"O 1º de Abril prova que as pessoas entendem a diversão e o ambiente de trabalho fica muito mais descontraído", garante Kurt Winkler, pesquisador do HWMI.
Para o próximo ano, tanto a DGW quanto o HWMI prometeram realizar novas pesquisas, que serão publicadas em 1º de abril de 2017.
Se você leu até aqui, avisamos que esta notícia é uma pegadinha de 1º de abril, brincadeira comum na imprensa alemã.
As dez cidades mais caras do mundo
Estudo divulgado pelo braço de pesquisas da revista britânica "The Economist" mostra onde é mais caro e mais barato se viver no planeta. Ranking poucas vezes mudou tanto de um ano para o outro.
Foto: DW/J. Jeffrey
Los Angeles
A volatilidade econômica global, aliada a incertezas políticas em regiões como América Latina, levou a uma série de mudanças no ranking das cidades mais caras do mundo, segundo estudo da Economist Intelligence Unit, braço de pesquisas da revista britânica "The Economist". Los Angeles, por exemplo, saltou dez posições, e agora é oitava no ranking, em empate técnico com outras duas.
Foto: Getty Images/D.Livingston
Seul
Três cidades que estavam entre as mais caras do mundo no estudo do ano passado saíram do Top 10 em 2016: Melbourne, Sydney e Oslo. Com o movimento, Seul ganhou uma posição e agora é oitava – tecnicamente empatada com Los Angeles e mais uma cidade.
Foto: picture alliance/D. Kalker
Copenhague
Em oitavo lugar aparece, além de Seul e Los Angeles, Copenhague. A capital dinamarquesa é uma das poucas das 133 avaliadas pelo instituto que se mantiveram na mesma posição nos últimos 12 meses.
Após um 22º lugar no ano passado, Nova York voltou ao Top 10. Entre as razões, o aumento nos preços de alimentos e aluguéis. O dólar, que ganhou força no último ano, também ajudou a fazer da metrópole a sétima mais cara do mundo.
Foto: Getty Images/AFP/T. A. Clary
Londres
Um dólar mais forte e um euro mais fraco levaram várias cidades europeias da zona de moeda única a perderem posições. Com isso, cidades como Londres subiram no ranking. A capital britânica agora é a sexta – avançou cinco lugares em relação à lista de 2015.
Foto: picture alliance/dpa/D. Rosenbaum
Paris
O estudo analisa preços de mais de 160 produtos e serviços – de pão, vinho e gasolina a transporte, escolas privadas e aluguel. Agora quinta colocada, Paris perdeu três posições no ranking. Na cidade, um quilo de pão, por exemplo, passou no intervalo de um ano de 8,83 para 7,42 dólares.
Foto: picture-alliance/dpa/V. Isore
Genebra
Segundo o estudo, cidades europeias costumam ser mais caras devido aos preços de atividades de lazer e entretenimento. Genebra agora é a quarta colocada, três posições acima da que tinha no ranking de 2015 – um exemplo de como cidades de países de fora do euro estão ficando mais caras que suas vizinhas de moeda única.
Foto: imago/imagebroker
Hong Kong
Hong Kong subiu sete posições na lista e agora é a segunda colocada. Enquanto o preço do combustível é baixo na cidade-Estado, alimentos como pão e vinho, de referência no estudo, ficaram significativamente mais caros – uma tendência verificada em metrópoles asiáticas.
Foto: Getty Images/AFP/E. Jones
Zurique
Zurique é a cidade mais cara da Europa, dividindo a segunda posição em nível global com Hong Kong. Umas das razões apontadas pelo estudo para a cidade suíça ter subido duas posições no ranking em relação ao ano passado é o fortalecimento do franco frente ao euro.
Foto: Imago/Travel-Stock-Image
Cingapura
Cingapura continuou pelo terceiro ano seguido no topo da lista Economist Intelligence Unit. Apesar de liderar o ranking, a cidade-Estado é relativamente barata se comparada com outras cidades asiáticas quando analisados itens básicos de supermercado – que são 33% mais caros em Seul, por exemplo. O que torna Cingapura tão cara é, sobretudo, o preço de carros, transporte público e aluguéis.
Foto: Getty Images/AFP/R. Rahman
Rio e São Paulo
A inflação e a desvalorização do real reduziram o custo de vida, levando em conta os padrões internacionais, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em relação ao ano passado, a capital paulista foi do 50º para o 107º lugar. Já o Rio de Janeiro perdeu 52 posições, e agora é o 113º. "Moradores locais, porém, não estão tendo os mesmos benefícios que os visitantes", ressalta o estudo.
Foto: picture-alliance/ZB
As mais baratas
O estudo compara preços de determinados produtos tendo como referência o custo de vida em Nova York. Por esse critério, a mais barata das 133 cidades analisadas é Lusaka (foto), capital da Zâmbia. Em seguida, aparecem: Bangalore (Índia), Mumbai (Índia), Almaty (Casaquistão), Argel (Argélia), Chennai (Índia), Karachi (Paquistão), Nova Déli (Índia), Damasco (Síria) e Caracas (Venezuela).