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Liberdade em crise

3 de maio de 2009

Balanço da situação da mídia revela obstáculos crescentes aos profissionais. Onze assassinatos apenas em 2009. Mas prisões, cortes de empregos e autocensura também ameaçam o setor.

Manifestação dos Repórteres Sem Fronteiras em BerlimFoto: picture-alliance / dpa

No Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, neste domingo (03/05), a Organização das Nações Unidas e a Comissão Europeia enfatizaram a importância do jornalismo para a democracia e a paz.

Ban Ki-moonFoto: AP

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, crê que a mídia pode contribuir para a reconciliação e o entendimento mútuo. O trabalho de jornalistas questiona pontos de vista unilaterais ou enraizados a respeito de diferenças religiosas ou políticas, dando voz às minorias, observou o diplomata sul-coreano.

O comissário europeu do Desenvolvimento, Louis Michel, alertou para os perigos de restringir a liberdade de imprensa. Sem ela "não existe democracia", e "uma sociedade mal informada é uma sociedade doente", afirmou. Segundo Michel, só há desenvolvimento, direitos humanos e democracia "se a mídia livre puder propor questões e levantar debates".

O encarregado do governo alemão para direitos humanos, Günter Nooke, exigiu a libertação dos, no mínimo, seis jornalistas e dois bloggers detidos no Irã. Há poucos dias, a condenação da irano-americana Roxana Saberi a oito anos de cárcere provocou indignação no mundo inteiro.

Violência física e autocensura

"Assassinato e prisões são apenas maneiras manifestas de silenciar jornalistas. Muitas vezes, eles são levados a praticar a autocensura, por medo. Também isso é inaceitável: os jornalistas devem estar em condições de realizar sua função sem serem intimidados ou molestados", insistiu o secretário-geral da ONU.

Ban classificou como "chocante" o número de agressões contra jornalistas em todo o mundo. Somente em 2009, já foram mortos 11 profissionais, segundo um relatório do internacional Committee to Protect Journalists (CPJ). Além disso, 125 representantes do setor estão presos neste momento em todo o mundo devido a suas atividades, alguns há mais de uma década.

De acordo com o relatório anual da organização Freedom House, este é o sétimo ano seguido em que aumentaram as restrições à liberdade de imprensa. Além dos Estados autoritários, também Israel, Itália e Hong-kong têm dificultado que jornalistas cumpram sua função.

Vítimas invisíveis

A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) também exigiu melhor proteção para os jornalistas e a mídia. Em países como México, Rússia, Paquistão e Itália, os repórteres colocam suas próprias vidas em perigo ao levar injustiças a público, declarou Elke Schäfter, diretora da seção alemã da RSF.

"Corrupção, abuso de poder, persecução religiosa, étnica ou sexual – muitos crimes permanecem ocultos, se ninguém dá um nome e um rosto às vítimas." Também nas zonas de guerra é preciso poder realizar a pesquisa jornalística sem obstáculos. Repórteres possuem o mesmo status que civis, "e isso os exércitos e grupos armados têm que respeitar", exigiu Schäfter.

Na véspera do Dia da Liberdade de Imprensa, a OSF promovera uma manifestação diante do Portão de Brandemburgo, em Berlim. Bonecos em tamanho natural, sem rosto, cujos corpos eram apenas sugeridos pelas roupas: gente em perigo, anônima, longe de qualquer ajuda. À sua volta, uma alta cerca de arame farpado, onde se lia: "Sem o noticiário, as vítimas permanecem invisíveis".

Perigo na Alemanha

O Dia Mundial da Liberdade de Imprensa evoca a Declaração de Windhuk, de 3 de maio de 1991. O documento foi elaborado por ocasião de um seminário da ONU em incentivo a uma imprensa independente e pluralista na capital da Namíbia, Windhuk.

Sete organizações de imprensa, entre as quais a RSF e a International Federation of Journalists, querem manter a memória do 827 jornalistas assassinados desde a criação da data em dezembro de 1993. Para tal, lançaram um spot de vídeo que pode ser assistido na internet e utilizado livremente.

A União dos Jornalistas Alemães (DJU), que faz parte do sindicato Ver.Di, é um dos iniciadores do spot. Ela advertiu contra novas fusões de redações e o "corte drástico de vagas" no setor na Alemanha. Seu presidente, Ulrich Janssen, criticou a política de tentar facilitar tais fusões através de emendas na legislação.

O presidente da Confederação Alemã das Editoras de Jornais (BDZV), Helmut Heinen, chamou a atenção para o esvaziamento da liberdade de imprensa no país. Segundo ele, os escândalos sobre abusos de dados pessoais em grandes empresas mostram bem de que tipo é "o gênio que deixaram sair da lâmpada".

AV/dpa/epd/kna
Revisão: Rodrigo Abdelmalack

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