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Dialeto de Hessen é alemão abreviado e com chiados

(sm)28 de julho de 2016

Não existe um dialeto único em Hessen, mas sim diversas variantes dialetais semelhantes. A forma original foi preservada por emigrantes alemães na Hungria.

Deutschland Häuser der Ostzeile und die Alte Nikolaikirche nach einem Schauer in Frankfurt am Main
Foto: picture-alliance/dpa/F. Rumpenhorst

Com o estado de Hessen se associam não só especialidades como Handkäs e Äppelwoi, mas também um grupo de dialetos muito particular. Handkäs é um queijo picante geralmente servido com vinagrete; Äppelwoi é o vinho de maçã (Apfelwein) característico da região; e os principais dialetos são os de Frankfurt e do sul do estado, apesar de a região ser bastante rica em diferentes variantes da língua alemã.

Basta consultar um linguista para descobrir que, na verdade, não existe um dialeto único na região, mas sim cinco variantes similares, faladas no Baixo Hessen, no oeste, no centro, no sul do estado e até o chamado novo dialeto de Hessen. Falantes nativos podem confirmar que o jeito de falar muda de vilarejo para vilarejo, embora os "leigos" insistam em se referir a um dialeto único, associando-o ao carnaval de Mainz.

Dialeto dos chiados

É um grande desafio aprender a linguagem falada em Hessen. No entanto, ouvindo-a com atenção, é possível derivar algumas regras básicas e decorá-las sem problema.

A característica que mais chama a atenção é a predominância dos sons chiados, como no português de Portugal. Isso acontece porque as pessoas de Hessen pronunciam "ich" como "isch". É importante saber que wichtig (importante) vira wischtisch. Das mag man ferschterlisch (fürchterlich) finden, oder eben einfach nur ganz herrlisch (herrlich)! Ou seja: Há quem ache isso horrível ou simplesmente o máximo!

Terminações esquecidas

Os alemães de Hessen tendem a abreviar os termos, deixando de pronunciar o "n" em palavras que acabam em "en". Isso se aplica ao infinitivo de todos os verbos, portanto: singen (cantar) vira singe, laufen (correr) se torna laufe, e assim por diante. Quando uma palavra termina em "e", eles deixam de pronunciá-lo, de modo que Wiese (campo) vira Wies, por exemplo. Quanto às terminações de plural em "en", a coisa já fica mais complicada, pois em vez de Wiesen (campos), eles não falam Wiese, o que seria análogo à pronúncia do infinitivo, mas sim Wisse.

Vinho de maçã é a especialidade localFoto: picture-alliance/dpa/A. Dedert

Outra tendência do dialeto de Hessen é encurtar as vogais. Quando uma palavra termina em "el" ou "en", a vogal anterior pertencente à raiz da palavra é breve. Isso significa que Hebel ("alavanca") acaba virando Hewwel, haben ("ter") se transforma em hawwe, e assim por diante. Uma coisa que faz o dialeto de Hessen soar mais suave é a substituição do fonema "b" pelo "v", algo que também se pode notar no espanhol. Em Hessen, Stube (aposento) é Stuwe.

Mania diminutiva

Algo que caracteriza não só o falar de Hessen, mas também os dialetos do sul da Alemanha, é o uso indiscriminado da forma diminutiva. Uma casa, independente do tamanho, é batizada de Häusje (casinha); carros têm Rädersche (rodinhas), homens usam Hütersche (chapeuzinhos).

Em Hessen, a expressão de relações de posse é um tanto complexa, parecida com o dialeto bávaro. Em vez de usar o genitivo do alemão padrão, por exemplo, Marias Auto ("o carro de Maria"), diz-se der Maria ihr Auto (traduzindo literalmente: "da Maria o carro dela"). Se for o carro da irmã do Klaus, a coisa fica ainda mais complicada: Klaus seiner Schwester ihr Auto (literalmente: "do Klaus sua irmã o carro dela").

Original mantido na Hungria

O centro linguístico de Hessen não é a metrópole financeira alemã, Frankfurt, mas uma área mais ao norte, nas imediações da cidadezinha de Fretzlar, na confluência dos rios Fulda e Eder. Só no século 16, quando os landgraves locais herdaram um condado perto de Darmstadt, é que o dialeto foi exportado para o sul.

O dialeto original é falado até hoje na Hungria, para onde muitos alemães de Hessen foram levados a emigrar por causa da pobreza, há 300 anos. As gerações mais antigas da colônia alemã conservaram até hoje certas variantes dialetais, como o Odenwälderisch ou o Stiftsfulderisch. Isso também se aplica, em parte, aos alemães emigrados para a Rússia.