Para surpresa dos que acham que na antiga região mineradora alemã não é possível fazer turismo, ali não faltam atrações. Em nenhum outro lugar da Europa há tantas opções de teatro, música, museus e arquitetura.
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Com mais de 5 milhões de habitantes, o Vale do Ruhr abriga a maior concentração demográfica da Alemanha. O nome dessa região densamente povoada no estado da Renânia do Norte-Vestfália remonta ao rio Ruhr, afluente do Reno que corta a antiga área de extração de carvão.
Com uma área de quase 4,5 mil quilômetros quadrados, a Associação Regional do Ruhr (Regionalverband Ruhr), com sede em Essen,engloba as cidades de Bochum, Bottrop, Dortmund, Duisburg, Essen, Gelsenkirchen, Hagen, Hamm, Herne, Mulheim an der Ruhr e Oberhausen, além dos municípios de Recklinghausen, Unna, Wesel e Ennepe-Ruhr.
O carvão já era explorado ali desde o século 13, mas a produção em nível industrial só teve início em meados do século 18. Com o carvão vieram também o aço, a importação de força de trabalho, a construção de ferrovias e uma imensa expansão econômica. É importante lembrar que, sem a mineração e a indústria do Vale do Ruhr, não teria sido possível reconstruir a Alemanha depois da Segunda Guerra.
Dez motivos para visitar a Renânia do Norte-Vestfália
O estado mais populoso da Alemanha é famoso por sua diversidade cultural. A Deutsche Welle selecionou dez dos principais pontos turísticos da região.
Foto: picture-alliance/dpa/Kalker
Nadar na Mina Zollverein
O Complexo Industrial da Mina de Carvão de Zollverein, em Essen, já foi a maior reserva carvoeira da Europa, mas hoje o centro cultural instalado no local atrai numerosos turistas. Desde 2001, a piscina faz parte da programação de verão. Assim como a Abadia de Corvey e a Catedral de Aachen, o complexo é Patrimônio Mundial da Unesco.
Foto: picture-alliance/dpa/Güttler
Catedral de Colônia
Símbolo da cidade, ela é conhecida internacionalmente. Com 160 metros de altura, a Catedral de Colônia se destaca às margens do Rio Reno. Sua construção começou em 1248, mas só foi finalizada no século 19. No interior da catedral gótica, vale a pena visitar o Santuário dos Reis Magos, delicado relicário de ouro medieval.
Foto: picture-alliance/dpa
Rheinturm de Düsseldorf
Próximo a Colônia, também às margens do Reno, está a pomposa Düsseldorf. Há uma rivalidade centenária entre as duas cidades, seja com relação aos negócios, à arte ou à cerveja. Em termos de arquitetura moderna, Düsseldorf sai na frente, com a torre da televisão Rheinturm, os edifícios Gehry (à direita) e o complexo midiático Medienhafen.
Foto: picture-alliance/dpa/Hitij
Ex- capital da Alemanha Ocidental
A pequena cidade de Bonn teve seus anos de glória como sede do governo da República Federal da Alemanha, entre a Segunda Guerra Mundial e a Reunificação. Alguns dos antigos prédios do governo alemão, localizados às margens do Reno, estão abertos para visitas, enquanto outros ainda são sedes de departamentos governamentais. O edifício do centro da foto é a sede da Deutsche Welle.
Foto: picture-alliance/dpa/dpaweb/Berg
Carnaval renano
Todos os anos, os desfiles de Carnaval tomam as ruas das cidades ao longo do Reno. Os foliões levam a data a sério, e vão até trabalhar fantasiados na "Weiberfastnacht", a "Quinta-Feira das Mulheres". Ruas e bares ficam lotados, especialmente em Colônia, onde 12 mil foliões participam do maior desfile carnavalescos da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Weihrauch
Catedral de Aachen
No oeste do estado da Renânia do Norte-Vestfália, está cidade de Aachen, com sua famosa catedral, que foi a primeira construção da Alemanha a receber o título de Patrimônio Mundial da Unesco, em 1978. A catedral começou a ser construída no ano de 796, por ordem do imperador Carlos Magno. Sua sala do tesouro abriga um busto do soberano e um sarcófago no qual teria supostamente sido sepultado.
Foto: picture-alliance/dpa/Berg
Região do Eifel
Para os amantes da natureza, a região do Eifel é um paraíso. Ideal para caminhadas e ciclismo, a paisagem local é bem diversificada. Não por acaso, o lema do Parque Nacional do Eifel é "Florestas, água e vida selvagem". Lá foram contabilizadas quase 8 mil espécies animais e vegetais, das quais um quarto está na lista de espécies ameaçadas de extinção.
Foto: R. Faymonville/Naturpark Eifel
De bicicleta em Münster
Münster é considerada a cidade das bicicletas, com cerca 500 mil veículos para 300 mil habitantes. As duas rodas são parte integrante da paisagem urbana, como no mercado principal, ou na Promenade, seu cinturão histórico, onde só podem circular bicicletas e pedestres. Com 55 mil estudantes, Münster também é uma das maiores cidades universitárias da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/Gentsch
Abadia de Corvey, Höxter
Até 1972, monges beneditinos viviam aqui. A Abadia de Corvey, em Höxter, é Patrimônio Mundial da Unesco desde 2014, e também um dos pontos turísticos mais famosos da Vestfália. Parte de sua arquitetura remonta à época carolíngia, e na biblioteca onde o poeta alemão Hoffmann von Fallersleben trabalhou como bibliotecário, há quase 75 mil volumes.
Foto: picture-alliance/dpa/Seidel
Futebol na Região do Ruhr
A Região de Ruhr é caracterizada não só por sua herança industrial, mas também por seus numerosos clubes de futebol. Lá se concentra o maior número de torcedores e de jogadores ativos da Alemanha. Os dois principais times regionais são o Schalke 04 e o Borussia Dortmund.
Foto: picture-alliance/dpa/Thissen
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Dortmund, Bochum, Essen e Duisburg são os principais núcleos urbanos da região. Essas cidades surgiram já na Idade Média, desenvolvendo-se de forma independente uma das outras com a industrialização e exploração de carvão nos últimos dois séculos.
Embora Dortmund, com pouco mais de 600 mil habitantes,seja a maior cidade da principal conurbação do país, Essen é o polo econômico do Vale do Ruhr, com seus mais de 1.150 anos de história e 590 mil moradores. Ali se encontra a sede de oito das cem maiores empresas alemãs.
Com o desmantelamento da indústria do carvão, o Vale do Ruhr ainda registra uma taxa de desemprego (10,4%) bem maior que a média alemã (5,6%). No entanto, isso não impede que seja apontado como região de futuro, já que a mudança do setor secundário para o terciário traz novas oportunidades num mundo globalizado.
O Vale do Ruhr ainda abriga um dos maiores parques industriais da Europa, mas, com a mudança estrutural das últimas décadas, as cidades estão se tornando cada vez mais centro de serviços, onde os arranha-céus substituem as chaminés.
Para surpresa dos que pensam que no Vale do Ruhr não é possível fazer turismo, em Essen, por exemplo, não faltam atrações. Seu legado medieval está presente em sua catedral (Essener Dom), como também no bairro de Werden, com suas ruelas e casas em enxaimel, sem esquecer a Igreja de São Ludgero.
Mas também a Villa Hügel,antiga mansão da família Krupp,oMuseu Folkwange a Zollverein, mina desativada transformada em monumento à cultura da mineração, são atrações imperdíveis que testemunham a opulência do passado industrial.
O novo museu alemão do futebol
A Federação Alemã de Futebol construiu um templo para si em Dortmund, ao custo de mais de 30 milhões de euros. Relíquias e um complexo multimídia apresentam uma minuciosa história do esporte no país.
Foto: DFM
36 milhões de euros
Foram precisos 36 milhões de euros, 800 toneladas de aço e nove anos de trabalho. O Museu Alemão do Futebol (Deutsches Fussballmuseum) vai dar um toque tricolor no antes sombrio centro de Dortmund.
Foto: Getty Images/Bongarts/C. Koepsel
A bola do primeiro título
Esta bola conseguiu esses arranhões na partida entre a Alemanha Ocidental e a Hungria, em 1954. À época, a Alemanha possuía três seleções – a ocidental, a oriental e do Protetorado do Sarre. Todos foram obrigados a ficar de fora da Copa de 1950 por causa das sanções pós-Segunda Guerra. O ano de 1954 marcou a volta dos alemães ao cenário esportivo – e o primeiro título mundial.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
O milagre de Berna
O "milagre de Berna" faz um tributo aos homens que conquistaram a primeiro Copa para a Alemanha, em 1954. E também ajuda a perceber como os corpos dos jogadores mudaram nas últimas décadas.
Foto: DFM
Pouco espaço para as mulheres
O intervalo de jogo chega cedo ao museu. Além de itens curiosos, como bagagens das antigas seleções, o museu reserva uma área para a discussão sobre o futebol no Terceiro Reich e na antiga Alemanha Oriental. O futebol feminino, apesar do sucesso da seleção alemã, conta com pouco espaço no museu.
Foto: DFM
Planeta futebol
Com quatro metros de diâmetro, essa bola gigante iluminada serve de ícone da Federação Alemã de Futebol e da sua seleção nacional. Na sua superfície, são exibidas imagens de partidas gloriosas da Alemanha.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
A câmara do tesouro
Após acompanhar cenas do último título mundial da Alemanha, o visitante se depara com "a câmara do tesouro" - a sala de troféus com réplicas de todas as grandes conquistas da seleção alemã.
Foto: picture-alliance/dpa/R. Vennenbernd
Como no estádio
O visitante que adentrar o espaço de exibição do museu não vai encontrar nenhum lugar para sentar-se e aproveitar os espaços multimídia. Ele pode parar um pouco nessas cadeiras semelhantes às encontradas nos estádios, mas vai ter que aguentar um passeio de carrossel - conforme as poltronas giram - e assistir a vídeos que reproduzem trapalhadas registradas no futebol alemão
Foto: DFM
Jogos inspirados no jogo
Os seus instintos futebolísticos são páreo para essas perguntas e respostas apresentadas por essas máquinas? Essa parte mais interativa do museu ainda vale a visita.
Foto: DFM
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Mas, para a alegria dos visitantes, o Vale do Ruhr é bem mais que uma cidade. Ali não faltam opções de passeios, como ao Museu Alemão do Futebol (Deutsches Fussballmuseum), em Dortmund.Numa região em que não se sabe exatamente onde termina uma cidade e começa a próxima, o esporte ajuda na identidade dos moradores, que se definem, por exemplo, como sendo torcedores do Schalke ou do Borussia Dortmund.
Em Oberhausen, um antigo Gasômetro (Gasometer) foi transformado num dos mais espetaculares espaços de exposições da Europa e, para quem curte arqueologia, Xanten abriga 2 mil anos de história, com reconstruções mostrando como era a vida na antiga cidade romana.
Melhor época para visitar
O Vale do Ruhr é uma região que pode ser visitada em qualquer época do ano, mas é claro que cada estação tem sua peculiaridade e beleza. Quem for entre maio a setembro pode curtir os meses mais quentes e com maior incidência solar. É a época dos piqueniques, passeios e restaurantes ao ar livre.
A região, no entanto, disponibiliza uma extensa oferta de atividades culturais e artísticas, assim, não importa se está frio lá fora, pois dentro do teatro ou do museu vai estar sempre quentinho. E, além da neve, o inverno também oferece as feirinhas de Natal e os confortos do inverno europeu.
De forma geral, o clima no Vale do Ruhr é mais ameno que em outras partes da Alemanha. Em média, a temperatura anual na região gira em torno dos 10°C. Janeiro é o mês mais frio, com temperatura média de 1,7°C. Julho é o mês mais quente, com média acima dos 18°C, mas também é o mês mais chuvoso.
Mina de carvão desativada guarda história do vale do Ruhr
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Onde se hospedar
Em termos de hospedagem, o Vale do Ruhr tem muito a oferecer. Essen, por exemplo, disponibiliza mais de 9 mil leitos para turistas e visitantes de feiras – numa oferta de que vai de pensões a hotéis de cinco estrelas, como em torno da estação central (Hauptbahnhof).
O Vale do Ruhr não é uma região tradicionalmente turística. Assim, é possível encontrar hotéis relativamente baratos em praticamente todas as cidades da região. Hospedar-se próximo à Estação Central tem a vantagem do deslocamento fácil entre as diversas cidades.
Uma dica para se movimentar na região é o SchönerTagTicketNRW, passagem que permite levar cinco pessoas em todos os trens regionais, ônibus e metrôs dentro do estado da Renânia do Norte-Vestfália, das 9h às 3h do dia seguinte.
Mas há também ofertas de hospedagens nada convencionais. Em Bottrop, por exemplo, você pode passar a noite num tubo de uma antiga canalização (Parkhotel Bernepark). Em Xanten você pode dormir no primeiro hotel trailer (WomoPark Xanten) da Alemanha – com nível 4 estrelas – ou numa casa flutuante (Floating 44 Xanten). E quem quiser pernoitar numa casa original de mineiro (Ferienwohnung Vierspänner) pode realizar esse sonho em Essen.
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Diversidade religiosa no Vale do Ruhr
A vida religiosa na região industrial do Vale do Ruhr, no oeste da Alemanha, é colorida e diversificada. A fotógrafa alemã Brigitte Kraemer capturou cenas de devoção e adoração para uma exposição em Bochum.
A vida religiosa e seus rituais podem ser coloridos e reluzentes. Esse é o tema da exposição "De Boa Fé: Diversidade Religiosa na Região do Vale do Ruhr", em cartaz em Bochum (oeste da Alemanha). A série de imagens da fotógrafa Brigitte Kraemer captura a devoção em uma das áreas de maior diversidade cultural da Alemanha. Na foto, o interior de uma igreja síria ortodoxa na cidade de Herne.
Por volta de 1900, muitas sinagogas foram construídas na região, que depois foram destruídas durante o regime nazista. Em 1945, após a perseguição e o extermínio dos judeus, as manifestações da vida judaica foram quase extintas. Nas últimas décadas, um grande número de judeus do leste europeu migrou para a região e o número de adeptos da religião é similar ao de antes da Segunda Guerra.
O número de muçulmanos supera, de longe, o de judeus no Vale do Ruhr. Nas regiões do Reno e do Ruhr, vivem cerca de 1,5 milhões de muçulmanos. Grande parte vive no Vale do Ruhr. Há 50 anos, quando os primeiros muçulmanos chegaram, eles improvisaram salas de oração em quintais e alojamentos. Desde então, diversas mesquitas foram construídas, como esta em Gelsenkirchen.
Talvez o imã da mesquita Mescid-i-Aksaa, em Gelsenkirchen, esteja preparando o sermão para a tradicional oração da sexta-feira. As mesquitas não são apenas um local para oração. Elas têm uma função social importante para a comunidade muçulmana. São ponto de encontro de membros da comunidade e também um espaço para o diálogo inter-religioso.
Procissões pelos campos são tradição na Igreja Católica há mais de 1500 anos. Os padres costumavam rezar pelo crescimento dos frutos e pela prosperidade da colheita. Hoje, os pedidos abordam temas como empregos para todos, o fim da fome, paz e melhoras sociais que afetam pessoas em todo o mundo. Na foto, uma procissão dos padres da Igreja de Santo Antônio em Essen.
Existem cerca de 150 igrejas e religiões diferentes na região do Vale do Ruhr. A diversidade reflete a globalização crescente. Com imigrantes vindos dos mais diversos países, a diversidade de tradições religiosas aumentou. A foto mostra o templo hindu Sri-Varasithi-Vinayagar em Hattingen.
O templo hindu Sri Kamadchi Ampal foi construído na cidade de Hamm em 2002 e é o maior templo dravidiano da Europa. A foto mostra uma procissão durante o festival anual promovido pelo templo, que atrai milhares de peregrinos de toda a Europa. Cerca de 100 mil hindus vivem na Alemanha. Eles frequentam os 40 templos hindus espalhados pelo país.
Relativamente jovem, o movimento Singh Sabha foi iniciado pela comunidade Sikh. O movimento reformista surgiu em 1873 na região indiana de Punjab. Os sikhs chamam seus locais de oração de "gurdwaras", que significa algo como "portão para o guru". Na foto, o portão na cidade de Moers. Assim como em outras comunidades, esses "gurdwaras" têm uma importante função social na comunidade.
Na Alemanha vivem cerca de 130 mil budistas de origem asiática e 120 mil de origem alemã ou europeia. Eles seguem diferentes correntes. Esse monge budista toca o sino do templo EKŌ em Düsseldorf. EKŌ significa "brilho suave" ou "dádiva de luz".
A fotógrafa Brigitte Kraemer descobriu e retratou a diversidade religiosa dos moradores da região do Ruhr. Como fotojornalista, seu trabalho ilustrou as páginas de importantes revistas como "Stern" e "Spiegel". "De Boa Fé: Diversidade Religiosa na Região do Vale do Ruhr" está em cartaz no Museu Industrial de Bochum até o dia 30 de junho.