Metrópole da música, das artes e das feiras, Leipzig é uma das cidades mais vibrantes e representativas da transformação pela qual o leste da Alemanha vem passando desde a Reunificação do país.
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Leipzig não é somente a maior cidade da Saxônia, mas também uma das metrópoles que mais crescem na Alemanha. Com 590 mil habitantes (cerca de 1,2 milhão na área metropolitana, que inclui Halle), ela é um centro cultural e econômico com mais de mil anos de história.
Desde que se tornou entreposto comercial no século 12, Leipzig se estabeleceu ao longo dos séculos como cidade de feiras, ciência, música e impressão de livros. Antes da Segunda Guerra Mundial, existiam mais de 400 editoras em Leipzig. Atualmente, a universidade e as artes ainda garantem essa tradição.
Foi na cidade saxã que Johann Sebastian Bach atuou por mais de um quarto de século. Nesse período, compôs peças importantes, como a Paixão segundo São Mateus e o Oratório de Natal, enquanto dirigia o mundialmente famoso coro de meninos da Igreja de São Tomás (Thomanerchor).
Além dos concertos do coral de meninos nas sextas, sábados e domingos na igreja Thomaskirche, o visitante pode sentir de perto a presença do célebre compositor alemão no Museu Bachou visitar seu túmulo dentro da própria igreja.
Em Leipzig também atuaram nomes como Felix Mendelssohn Bartholdy e, mais recentemente, Kurt Masur como maestro da Orquestra Gewandhaus, uma das salas de concertos mais conceituadas da Alemanha. E hoje o museu Mendelssohn-Haus também abriga o Instituto Internacional Kurt Masur em Leipzig.
O potencial criativo de Leipzig, no entanto, não se reduz somente à música erudita. Com a Nova Escola de Leipzig, a cidade assumiu um papel pioneiro no mercado mundial da arte do século 21. No Museu der bildenden Künste, os aficionados podem apreciar além de velhos mestres, como Rembrandt, Rubens e Monet, também grandes nomes da pintura alemã contemporânea, como Arno Rink e Neo Rauch.
Como polo econômico, Leipzig também olha para um passado de prosperidade que se reflete nos prédios históricos comerciais e suas famosas galerias de lojas (Passagen) no centro histórico da cidade, entre elas, a Speck Hof e a Mädlerpassagen.
Os mil anos de Leipzig
Cidade no leste da Alemanha comemora 10 séculos de sua primeira menção em um documento oficial, em 1015. Em comemoração ao aniversário, fatos mais marcantes e personagens mais famosos de sua história são relembrados.
Foto: Fotolia/industrieblick
Igreja revolucionária
No coração de Leipzig está a Igreja de São Nicolau, que começou a ser erguida em 1165, em homenagem ao padroeiro dos mercadores. A igreja foi palco de pregações do reformista Martinho Lutero e também de estreia da obra "Paixão segundo São João", do compositor Johann Sebastian Bach. O local ainda ganhou fama por ter sediado protestos pacíficos contra o comunismo, em 1989.
Foto: picture-alliance/dpa/P. Endig
Igreja de São Tomás
Segunda mais importante de Leipzig, a Igreja de São Tomás é famosa por ter sido principal local de trabalho de Bach, a quem é dedicado um memorial. Durante anos o músico atuou como diretor musical do coro de São Tomás ("Thomanerchor"). Lá se encontram os restos mortais de Bach.
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Feiras
Fundada na interseção de duas importantes rotas medievais – a Via Regia e a Via Imperii – Leipzig é um das mais antigas sedes de feiras do mundo. Até hoje o centro da cidade conta com casas comerciais grandiosas, edifícios e galerias. No século passado, as feiras ocorriam na periferia. Em 1996 foi inaugurado um novo espaço, onde desde então acontece a tradicional feira do livro.
Foto: picture-alliance/ZB/W. Grubitzsch
Gewandhaus
Além de Bach, outros grandes nomes da música vêm de Leipzig. Felix Mendelssohn Bartholdy, Edvard Grieg, Gustav Mahler, Clara e Robert Schumann, por exemplo, viveram e trabalharam na cidade. Hanns Eisler e Richard Wagner nasceram em Leipzig. Também mundialmente famosa é a Orquestra Gewandhaus de Leipzig, que se apresenta neste prédio (foto) desde 1981.
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Casa de Schiller
Em 1785, quando vivia nesta casa, o poeta Friedrich Schiller escreveu o poema "Ode à Alegria", cantado na 9ª Sinfonia do compositor Ludwig van Beethoven. Séculos depois, a ela se tornaria hino da União Europeia. Johann Wolfgang von Goethe também passou alguns anos em Leipzig e mencionou alguns lugares, como a taberna Auerbach, em sua peça Fausto.
Foto: picture-alliance/ZB/W. Kluge
Monumento da Batalha das Nações
Com 91 metros de altura, o monumento lembra a sangrenta batalha de 1813, quando as forças da Rússia, Áustria, Prússia e Suécia derrotaram o exército de Napoleão e tropas aliadas. Os confrontos deixaram milhares de mortos e feridos. Hoje, o memorial é aberto a visitantes que têm acesso a uma espetacular vista panorâmica da cidade e arredores a partir de uma plataforma de observação.
Foto: picture-alliance/dpa
Igreja de São Paulo
Em 2009, a Universidade de Leipzig, uma das mais antigas da Alemanha, celebrou seu 600º aniversário. Até 1968, porém, este local era ocupado pela Igreja de São Paulo, ligada à universidade, erguida ainda no século 13. O governo da então Alemanha Oriental a destruiu com a intenção de expandir o campus. Há alguns anos a igreja foi reconstruída, inspirada na original.
Foto: DW
Estilo alternativo
Não é a apenas a universidade que atrai jovens a Leipzig. Vinte e cinco anos após a unificação alemã, a cidade é oferece espaço fértil para artistas e para o desenvolvimento de empresas "start-up". O estilo de vida criativo marca algumas áreas, como a rua Karl-Liebknecht-Strasse (foto), onde se encontram pequenas lojas, bares e galerias de arte.
Foto: picture-alliance/dpa/T. Schulze
Baumwollspinnerei
Além de música, literatura e história, Leipzig também se tornou um centro de arte moderna. Mesmo antes da reunificação alemã, em 1990, artistas começaram a ocupar os prédios industriais abandonados no bairro de Plagwitz e fundaram a Nova Escola de Leipzig. Um de seus mais conhecidos representantes é Neo Rauch, cujas pinturas, hoje, são mundialmente conhecidas e muito valiosas.
Foto: picture-alliance/ZB/W. Grubitzsch
"Lago Cospuda"
Ao sul da cidade está localizado o Lago Cospuden, carinhosamente apelidado de "Lago Cospuda". Antigamente, no local funcionava uma mina a céu aberto, até que a área foi inundada para formar o lago em 1993. Em suas margens é possível relaxar nos inúmeros cafés, tomar banho de sol na praia de areia ou mesmo dar um mergulho. Os afeitos a esporte podem ainda praticar windsurf e canoagem.
Foto: picture-alliance/ZB
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E as compras podem começar já na própria Estação Central, o maior terminal ferroviário da Europa em termos de área e também um enorme shopping: a Promenaden Hauptbahnhof Leipzig abriga mais de 140 lojas abertas sete dias por semana.
Na história alemã, o nome de Leipzig também esteve ligado a grandes eventos, como a Batalha das Nações ou Batalha de Leipzig, que marcou o fim do domínio de Napoleão Bonaparte em 1813. Um século mais tarde, foi erguido o colossal Monumento da Batalha das Nações, até hoje uma das principais atrações turísticas da cidade da Saxônia.
Mais recentemente, outro fato de grande importância também teve seu início na cidade de Bach e Meldelssohn. Foi ali que ocorreram os chamados "protestos de segunda-feira", dando o passo decisivo para a revolução pacífica na ex-Alemanha Oriental. Esses protestos tiveram início em forma de orações pela paz, que aconteceram continuamente todas as segundas-feiras, a partir de 1982, na Igreja de São Nicolau (Nikolaikirche) em Leipzig.
Leipzig: um retrato fiel da antiga Alemanha Oriental
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Hoje, depois de guerras e revoluções, destruições e reconstruções, o nome de Leipzig ainda continua ligado à tradição e ao progresso. A paisagem urbana da cidade é prova disso. Prédios históricos restaurados, áreas vazias, arquitetura contemporânea ao lado de edifícios pré-fabricados da antiga Alemanha Oriental, guindastes e prédios ainda por restaurar.
Em antigos distritos industriais como Plagwitz, Lindenau e Schleussig, galpões de fábricas, como a Baumwollspineirei, deram espaço a galerias e clubes, um fenômeno que ganhou o nome de "Hypezig" (junção de hype com Leipzig). Tudo isso faz da cidade do leste alemão uma história de sucesso que merece ser conhecida mais de perto.
Melhor época para visitar
A melhor época de viajar para Leipzig depende do que o visitante quer fazer. Os meses mais quentes, de abril a setembro, são mais adequados para passear pela cidade e relaxar nos muitos cafés e restaurantes ao ar livre. Outra vantagem de Leipzig é que ali chove pouco em relação a outras cidades alemãs.
Uma viagem pelo mundo de Sebastian Bach
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O inverno, no entanto, é sempre uma estação interessante. Principalmente no período natalino, pois o Mercado de Natal na Marktplatz é um dos mais tradicionais da Alemanha, sem falar da oferta cultural e gastronômica na zona de pedestres do centro histórico.
É nessa época também que se podem assistir aos concertos de órgão e às apresentações do Oratório de Natal de Johann Sebastian Bachnas igrejas da cidade.
Julho é o mês mais quente, com temperatura máxima em torno de 33°C e média de 18,2°C, enquanto janeiro é o mais frio, com média de 0,3°C negativo. Em junho, é registrada a maior quantidade de precipitações, enquanto fevereiro é o mês em que menos chove.
Onde se hospedar
A maioria dos hotéis de Leipzig se localiza no centro histórico e nas proximidades da Estação Central. É a melhor opção para quem vem passar poucos dias, pois, além da facilidade de transporte urbano, o visitante pode conhecer muitas das atrações a pé. A região também é repleta de lojas, galerias e restaurantes.
É importante lembrar que Leipzig é uma cidade de feiras e que durante esses eventos a hospedagem é mais cara. É sempre bom reservar. A procura é menor durante os meses de alto verão europeu (julho e agosto) ou nos fins de semana.
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Um passeio virtual por Leipzig
Leipzig, no leste alemão, é uma cidade universitária com longa tradição de feiras e muito conhecida no meio musical. Foi lá que começou a revolução pacífica que levou ao fim da divisão alemã, em 1989.
Foto: Claus Bach
A ópera
Leipzig tem uma das mais antigas casas públicas de ópera na Europa. O primeiro prédio da casa de espetáculos foi construído no século 17. O de hoje, na bem localizada praça Augustusplatz, data dos anos 1950. Na lista dos grandes regentes que atuaram nela, aparecem Artur Seidl, Arthur Nikisch e Gustav Mahler.
Foto: DW
Sala de concertos Gewandhaus
Esta casa abriga a maior orquestra profissional do mundo, criada em 1781 e hoje com 175 músicos. O prédio original da Gewandhaus ficou completamente destruído na Segunda Guerra Mundial, e o novo foi inaugurado em 1981. A enorme pintura no teto de seu foyer é iluminada à noite, podendo ser vista através da fachada de vidro.
Foto: picture-alliance/dpa
Paulinum
Até 1968 ficava aqui a igreja Paulinerkirche, das freiras paulinas, datada do século 13. O prédio da igreja universitária mais antiga da Alemanha foi implodido pelo regime socialista alemão-oriental, a fim de ampliar o campus da universidade. A reconstrução da igreja, iniciada após a reunificação alemã, deve ficar pronta em 2014.
Foto: DW
Igreja Nikolaikirche
A Igreja de São Nicolau, no centro da cidade, ficou famosa em 1989 por ter sido palco dos "protestos das segundas-feiras". Os alemães-orientais insatisfeitos com seu regime se reuniam todas as semanas para rezar e depois saíam em passeata pelas ruas de Leipzig. Essa revolução pacífica marcou o início do fim da Alemanha Oriental. A história é lembrada por um pilar branco na frente da igreja.
Foto: DW
Restaurante Auerbach
Graças ao poeta Johann Wolfgang von Goethe, o restaurante Auerbachs Keller é conhecido em todo mundo. Durante seu tempo de estudo em Leipzig, Goethe frequentava o local, ao qual dedicou uma cena de "Fausto", a obra da literatura alemã mais citada no mundo.
Foto: AP
Prefeitura antiga
A prefeitura antiga (Altes Rathaus) é um dos prédios mais importantes do Renascimento alemão. Desde que a administração municipal se mudou para outro prédio no início do século 20, fica aqui o Museu de História da Cidade, com o único retrato autêntico de Johann Sebastian Bach.
Foto: DW
Igreja Thomaskirche
Um dos principais locais de atuação do compositor Johann Sebastian Bach foi a Igreja de São Tomás. Aqui ele dirigiu, a partir de 1723, o Thomanerchor, um dos coros de meninos mais antigos da Alemanha. Ao longo dos séculos, a igreja foi restaurada várias vezes. Em 1539, o reformador Martinho Lutero pregou aqui.
Foto: DW
Parque Clara Zetkin
Os parques e espaços verdes de Leipzig, como o parque Clara Zetkin, convidam a relaxar. Daqui se pode ver o prédio mais alto da cidade, a City Hochhaus. Também são populares os lagos dentro e fora do perímetro urbano, conectados através de ciclovias.
Foto: DW
Parque zoológico
O Jardim Zoológico de Leipzig abriga mais de 800 espécies, numa área de 26 hectares. Ele é um dos zoológicos europeus de maior diversidade. Uma das atrações é o pavilhão Gondwanaland, que reproduz a atmosfera das florestas tropicais da África, Ásia e América do Sul.
Foto: DW
Parque de exposições
Leipzig, que em 2015 comemora 850 anos, é um dos mais antigos centros de feiras do mundo. Por ela marcar o encontro de duas importantes rotas comerciais da Europa medieval, a Via Regia e a Via Imperii, o comércio florescia na cidade já na Idade Média. Hoje, um de seus principais eventos é a Feira do Livro de Leipzig.
Foto: DW
Monumento à Batalha dos Povos
O Monumento à Batalha dos Povos lembra a vitória das tropas da Prússia, Áustria, Rússia e Suécia sobre Napoleão, em 1813. Com 91 metros de altura, ele foi inaugurado 100 anos mais tarde. Imponente marco visual da cidade, o monumento pode ser também visitado por dentro.
Foto: DW
Arquitetura preservada
Na Segunda Guerra Mundial, Leipzig sofreu menos destruição do que outras cidades alemãs. Muitos prédios históricos do século 19 ficaram preservados, como estes na rua Gottschedstrasse. O Waldstrassenviertel é hoje um dos maiores bairros contíguos europeus da chamada "Gründerzeit", de meados ao fim do século 19.
Foto: DW/F. Forberg
Fachadas coloridas
A arte mural de Michael Fischer-Art pode ser admirada na fachada de vários edifícios na cidade – como aqui, na rua Karl Liebknecht. Este bairro, repleto de bares e pubs, é muito apreciado pelo meio universitário.
Foto: DW
Plagwitz
O bairro de Plagwitz, na zona oeste de Leipzig, por muito tempo foi dominado pela indústria. Os edifícios antigos, nos quais quase não se investia nos tempos da Alemanha Oriental, estavam ameaçados de ruir. Após a reunificação alemã, artistas e outras cabeças criativas ocuparam o local e tornando-o mais vivo e colorido.
Foto: DW
Velha fábrica reaproveitada
A antiga fábrica de algodão transformou-se no centro da cena artística de Leipzig. No antigo complexo industrial, artistas como Neo Rauch abriram seus ateliês. Ali há também escritórios de arquitetura, oficinas, espaços para exposições e um teatro temporário.