Com seu legado cultural e histórico, cidade da Turíngia virou um disputado destino turístico. Ali viveram Goethe e Schiller. Visitá-la ajuda a entender por que Alemanha é conhecida como "país dos poetas e pensadores".
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Ao elevar o conjunto de prédios da Weimar Clássica a Patrimônio Mundial da Humanidade, em 1998, a Unesco reconheceu sua grande importância histórico-artística e destacou o marcante papel de Weimar como polo intelectual no final do século 18 e início do século 19.
Nessa época, a pequena cidade do estado alemão da Turíngia, que tem hoje 65 mil habitantes, vivenciou um impressionante desenvolvimento cultural e artístico. Weimar atraiu artistas e intelectuais, em particular os poetas Johann Wolfgang von Goethee Friedrich Schiller, num período também chamado de Era Dourada (Goldenes Zeitalter). Em Weimar, Goethe viveu por mais de 50 anos, marcando definitivamente a cidade do Leste alemão.
Weimar, de Goethe a Gropius
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Desde meados do século 16, Weimar se tornara capital do Ducado da Saxônia, mais tarde Grão-Ducado de Saxe-Weimar-Eisenach, como também do estado da Turíngia entre 1920 e 1952. O Classicismo de Weimar (Weimarer Klassik) corresponde à regência da duquesa Anna Amalia (1739-1807) e seu filho duque Carl August (1757-1828).
Foram eles que inicialmente trouxeram e mantiveram em Weimar importantes personalidades da época, como os poetas Christoph Martin Wieland e Johann Gottfried von Herder, além de Goethe e Schiller. Em particular o duque Carl August era considerado aberto e tolerante, dando aos artistas e intelectuais que trazia para sua corte a liberdade necessária para a realização de seu trabalho criativo. Ele foi o primeiro monarca alemão a outorgar uma Constituição para o seu Estado, em 1816.
Prédios como as casas onde viveram Goethe e Schiller (Goethes Haus e Schillers Haus), hoje transformados em museus, e a Biblioteca Anna Amalia são testemunhos da produção criativa e do espírito de uma era em que a cultura da corte se misturou com a burguesia. Esse desenvolvimento se reflete atualmente nos muitos edifícios e parques históricos de Weimar.
Mas foi também em Weimar que Friedrich Nietzsche passou os últimos anos de sua vida. Desde a morte do filósofo, a casa onde morava com a irmã se tornou o Arquivo de Nietzsche (Nietzsche-Archiv), um projeto do arquiteto Henry van de Velde, fundador da Escola de Artes e Ofícios de Weimar (Kunstgewerbeschule Weimar).
Com o início da Primeira Guerra Mundial, a instituição dirigida por Van de Velde foi fechada, abrindo somente em 1919 com o nome Bauhaus. O legado da mais importante escola de arte e arquitetura do século 20 está presente em Weimar na Universidade Bauhaus e no Museu Bauhaus (Bauhaus Museum), cuja nova sede está com inauguração marcada para abril de 2019, ano do centenário da Bauhaus.
Cidade de Weimar reúne muita história em pouco espaço
Weimar, na Turíngia, é considerada o berço da cultura alemã. Também aqui morou Goethe, foi criada a Bauhaus e a constituição da primeira república alemã. Mas também morreram muitas pessoas no campo de concentração.
Foto: picture-alliance/dpa
O centro histórico
Um dos prédios mais marcantes é a Stadthaus (à direita), em estilo renascentista. Ao seu lado fica o hotel Elephant, que acolhe os hóspedes ilustres da cidade.
Foto: picture-alliance/dpa
Castelo de Weimar
A partir de meados do século 16, o castelo de Weimar (Stadtschloss) serviu de residência para os duques da Saxônia e Weimar. No final do século 18, o duque Carl-August e sua mãe, Anna Amalia, transformaram a cidade em centro da história intelectual e cultural alemã. Hoje em dia, o castelo abriga a coleção de arte dos duques e é parte do patrimônio cultural mundial Weimar Clássica.
Foto: imago/photo2000
Teatro Nacional Alemão
O Teatro Nacional Alemão, que foi dirigido por Johann Wolfgang von Goethe a partir de 1791 como teatro da corte, também foi palco de um importante acontecimento político. Em 1919, aconteceu ali a Assembleia Nacional da República de Weimar, a primeira república alemã. Hoje em dia, o local serve de palco não só para o teatro, mas também para as apresentações da Orquestra Estatal de Weimar.
Foto: picture-alliance/dpa
Casa de campo de Goethe
Johann Wolfgang von Goethe foi para Weimar em 1775, a convite do duque Carl-August. Para morar e trabalhar, ele ganhou esta casa no meio do parque de Weimar, às margens do rio Ilm, um afluente do Elba. Mais tarde ele se mudou para uma casa maior, que hoje também é museu.
Foto: picture alliance/dpa
A casa onde morou Friedrich Schiller
Com moradia garantida por Goethe e o salário pago pelo duque, Friedrich Schiller mudou-se para Weimar em 1799. O escritor morou e trabalhou no segundo andar deste prédio, que hoje é um museu. Com exceção da "Virgem de Orleans", todos os dramas tardios de Schiller foram encenados no teatro da corte de Weimar.
Foto: picture alliance/ZB
Salão rococó da biblioteca Anna Amalia
A Biblioteca Anna Amalia, com seu famoso salão em estilo rococó, foi reaberta em 2007, após restaurações devido a um incêndio. A biblioteca foi uma das primeiras a permitir ao público os livros de um nobre. Também Goethe e Schiller trabalharam aqui. Schiller, aliás, a administrou durante vários anos. Hoje, ela é uma biblioteca para pesquisa, com foco em literatura alemã em torno de 1800.
Foto: AP
Gropius e a Bauhaus
Desde 1996, esta instituição em Weimar se chama Universidade Bauhaus. Ela foi fundada em 1919 por Walter Gropius, o sucessor de Henry van de Velde na direção da Academia de Belas-Artes do Grão-Ducado da Saxônia. O arquiteto Gropius elaborou o currículo e mudou o nome da instituição de ensino para Escola Estatal Bauhaus, onde ensinou a consonância entre arte e tecnologia.
No monte Ettersberg, perto de Weimar, um enorme memorial lembra as crueldades praticadas pelo regime nazista. Ali funcionou a partir de 1937 o campo de concentração Buchenwald, um dos maiores campos de extermínio na Alemanha. Aqui morreram 56 mil pessoas vítimas de tortura, experiências médicas ou fraqueza.
Foto: picture-alliance/dpa
Compromisso com a cultura
Em 1999, já após a queda do Muro de Berlim, Weimar foi a primeira cidade do antigo bloco europeu oriental a ser capital cultural da Europa. E isso por vários motivos: um deles é a festa das artes que acontece ali a cada verão europeu. O festival de arte contemporânea une literatura, música, teatro, dança e artes visuais.
Foto: picture-alliance/dpa
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Após a revolução que pôs fim à monarquia, em novembro de 1918, a Assembleia Nacional alemã se reuniu de fevereiro a setembro de 1919 no Nationaltheater em Weimar para eleger o primeiro presidente e elaborar a Constituição do período que ficou conhecido como República de Weimar(1919-1933), primeira vez que uma democracia parlamentar foi instaurada no país.
Mas em Weimar nem todas as lembranças remetem a um passado glorioso. A somente dez quilômetros do centro da cidade foi erguido entre 1937 e 1945 um dos maiores campos de concentração em solo alemão: Buchenwald, transformado hoje em centro de documentação e memorial em homenagem às vítimas do terror nazista e da posterior ocupação soviética.
Com tantas atrações culturais e históricas, Weimar se tornou um dos principais destinos turísticos e de excursões escolares na Alemanha. Além de educativa e relaxante, uma visita à cidade banhada pelo rio Ilm proporciona um olhar sobre um período que marca ainda hoje a imagem da Alemanha como "país dos poetas e pensadores".
E logo no fim do passeio bucólico pelo Parque do rio Ilm (Park an der Ilm), com suas ruínas românticas e a casa de campo de Goethe (Goethes Gartenhaus), Weimar reserva uma agradável surpresa: o Museu Alemão da Abelha (Deutsches Bienenmuseum), com loja de mel e restaurante.
Mas não pense que Weimar é somente passado, pois a presença da Universidade Bauhaus e da Universidade de Música Franz Liszt confere um lado bastante jovem à cidade. De 1848 a 1861, o compositor Franz Liszt viveu em Weimar. Esses foram os seus anos mais produtivos, pois foi na cidade da Turíngia onde ele compôs muitas de suas peças de piano.
E quanto à oferta gastronômica: na Praça do Mercado (Markt), é imperdível comer a tradicional salsicha da Turíngia (Thüringer Bratwurst), com mostarda, naturalmente. Se for durante o outono, não se esqueça de provar o saboroso Zwiebelkuchen (torta de cebola), e no inverno, um Schittchen, nome dado ao bolo de Natal Stollen em muitas partes do estado do Leste alemão.
Melhor época para visitar
Weimar: viagem pelo Classicismo alemão
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Weimar é uma cidade para conhecer a pé ou de bicicleta. Assim, os melhores meses para visitá-la vão de maio a outubro. O festival Kunstfest Weimar, por exemplo, acontece no final do verão (em 2018, de 17/08 a 02/09), oferecendo duas semanas de eventos e atividades culturais e artísticas. Já o outono é, para muitos, a época mais bonita para passear e apreciar o colorido das folhas nos parques da cidade.
Mas, para quem gosta do frio, a época natalina tem um charme bastante especial na cidade histórica. Além das feirinhas de Natal, também se pode andar de patins sobre os lagos congelados. É bom lembrar que o inverno na Turíngia pode ser mais frio que em outros estados da Alemanha e o verão europeu ali é relativamente seco.
Em Weimar, a temperatura média anual é de 17,3°C. Julho e agosto são os meses mais quentes, com temperaturas superiores a 20°C, enquanto fevereiro é o mais frio, com média de 0,7°C negativo. Ao longo do ano, as temperaturas em Weimar podem variar de 11°C negativos a mais de 30°C.
Onde se hospedar
Muitos dos turistas que visitam Weimar não pernoitam na cidade, pois fazem somente um bate e volta, já que cidades como Erfurt (capital da Turíngia) e Leipzig se encontram respectivamente a 30 minutos e a pouco mais de uma hora de carro.
Por outro lado, isso significa que você não terá problemas em encontrar uma hospedagem na cidade ou mesmo alugar um apartamento de temporada. Para os mais jovens ou para quem quer economizar, também não faltam albergues e hostels.
A maior parte das ofertas se encontra no centro histórico. Dê preferência a hospedagens menores e pensões, já que Weimar não é conhecida por seus grandes hotéis.
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Turíngia, estado de Lutero, Goethe e Bach
Conheça as atrações deste estado do Leste Alemão, berço de compositores, escritores, da Bauhaus e da Reforma, mas também de parques naturais. Além de ser a terra onde foi inventado o jogo de baralho skat.
Foto: Picture alliance/dpa/Patrick Pleul
Erfurt, a capital
Não se pode falar da Turíngia sem citar Erfurt. Uma das atrações da capital do estado é a ponte Krämerbrücke, a mais longa da Europa, com prédios habitados em toda sua extensão. Vale a pena visitar também o centro histórico medieval, a catedral de Santa Maria e a mais antiga sinagoga ainda preservada da Europa.
Foto: Picture alliance/dpa/Hendrik Schmidt
Parque nacional Hainich
Por causa de suas faias antigas, o Parque Nacional Hainisch foi reconhecido pela Unesco como patrimônio natural da humanidade. Uma trilha a 24 metros do solo construída sobre as copas das árvores permite conhecer locais de difícil acesso por terra. Com sorte, o visitante pode avistar morcegos, pica-paus e outros habitantes desta selva da Europa Central.
Foto: picture-alliance/dpa/Martin Schutt
Casa de Goethe
Nesta casa, um dos mais famosos poetas alemães trabalhou em obras como "As afinidades eletivas" e "Fausto". Em Weimar, pode-se visitar a casa em que Johann Wolfgang von Goethe morou por 50 anos, até sua morte, em 1832. A partir de 1792, ele residiu ali com a amante e mais tarde esposa Christiane Vulpius e o filho, Julius August.
Foto: picture-alliance/Mathias Michel
Casa de Schiller
Também a casa de Friedrich Schiller está aberta à visitação em Weimar. O escritor morou aqui com a família por três anos. Ele se encontrava regularmente com Goethe, até morrer em 1805, aos 45 anos de idade. Pode-se descobrir muito sobre os dois autores lendo as correspondências mútuas, guardadas no Arquivo Goethe e Schiller.
Foto: picture-alliance/dpa/Martin Schutt
Museu Bauhaus de Weimar
O movimento Bauhaus surgiu em Weimar nos anos 1920. A Bauhaus, fundada por Walter Gropius, foi uma das mais importantes faculdades de design do século 20. No Museu Bauhaus de Weimar, pode-se ver como arquitetura e design foram reinventados por artistas internacionais.
Foto: picture-alliance/dpa/Martin Schutt
Rostbratwurst, a salsicha da Turíngia
A especialidade local é a salsicha da Turíngia, ou thüringer rostbratwurst. Ela só pode ser chamada assim se tiver sido feita no estado. Durante algum tempo, até era obrigatório que metade dos ingredientes – carne de porco, sal, pimenta, manjerona, cominho e alho – viesse da Turíngia. A salsicha grelhada normalmente é comida com mostarda, dentro de um pãozinho.
Foto: picture-alliance/dpa/Hendrik Schmidt
Castelo Wartburg
Em 1521, no castelo Wartburg, em Eisenach, Martinho Lutero traduziu o Novo Testamento para o alemão em apenas 11 semanas. Por contestar a Igreja católica, ele foi proscrito e proibido, e teve que se esconder. Em 2017 completam-se 500 anos que Lutero pregou suas teses na porta da igreja do castelo de Wittenberg.
Foto: picture-alliance/dpa/Martin Schutt
Bach, gênio da música
Outra celebridade da Turíngia é o compositor Johann Sebastian Bach, que nasceu em Eisenach em 1685, vivendo lá por dez anos. Sua música está por toda parte na cidade, e também em outros lugares do estado, principalmente durante as Semanas Bach, um grande festival de música erudita na Turíngia.
Foto: picture-alliance/dpa/Martin Schutt
Caminhada pelo verde
A Floresta da Turíngia oferece numerosas possibilidades de excursões a pé. Uma delas é a trilha Rennsteig, preferida por quem gosta de caminhar em grandes altitudes, pois em alguns locais a cordilheira tem mais de mil metros. Para superar os 170 quilômetros da trilha, são necessárias, em média, seis etapas.
Foto: Picture alliance/dpa/Michael Reichel
Berço do skat
O jogo skat, muito popular na Alemanha, foi inventado em Altenburg, Turíngia, em 1813. Da cidade vem a carta de baralho de 1509, que é a mais antiga fabricada no país e ainda preservada. Até hoje são produzidos baralhos de skat em Altenburg, portanto esse é um perfeito suvenir para quem visita a Turíngia.