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Dilma em Portugal

29 de março de 2011

Presidente brasileira acena com ajuda ao país europeu, que enfrenta grave crise financeira. Também Lula diz que o Brasil deveria fazer tudo o que puder para auxiliar Portugal.

Sócrates e Lula se encontraram num restaurante em LisboaFoto: picture alliance / dpa

A presidente Dilma Rousseff disse nesta terça-feira (29/03), ao chegar a Coimbra, que o Brasil poderá ajudar a economia portuguesa. "Poderá. O Brasil poderá ajudar Portugal como Portugal ajudou o Brasil economicamente", declarou.

Antes o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva havia feito declaração semelhante. "Eu acho que tudo que devêssemos fazer para ajudar Portugal deveríamos fazer. Acho que Portugal merece essa compreensão do Brasil", afirmou Lula na noite desta segunda-feira, durante um jantar com o primeiro-ministro demissionário José Sócrates, em Lisboa.

Mais tarde, Dilma retomou o assunto numa conversa com jornalistas. Ela disse que o Brasil "fará tudo o que for possível" para ajudar Portugal, estando disponível para negociar a compra de títulos da dívida portuguesa.

"No caso dos títulos, nós temos que cumprir os requisitos que dizem respeito ao uso das reservas do Brasil", declarou Dilma, após ter visitado a Universidade e o Museu Nacional Machado de Castro, no centro histórico de Coimbra. Ela lembrou que existem restrições impostas pelo Banco Central do Brasil, mas ponderou que se trata de uma questão de negociação.

Dilma salientou que “Portugal não é um parceiro qualquer do Brasil" e que existe há vários séculos uma relação especial entre os dois países. “Portugal é uma economia aqui da União Europeia, mas é também o país com o qual nós temos uma ligação umbilical no sentido literal da palavra", acentuou.

A presidente destacou que até o momento Portugal não fez ao Brasil qualquer pedido formal de ajuda, mas indicou que já houve várias discussões, nenhuma delas conclusiva.

Dilma está em Portugal para participar da entrega do título de doutor honoris causa pela Universidade de Coimbra ao ex-presidente Lula e para contatos políticos.

Crise financeira e política

Portugal enfrenta uma grave crise financeira e política. O país está endividado e precisa pagar juros cada vez mais elevados para conseguir dinheiro no mercado financeiro internacional. Diante dessa situação, analistas dão como certo que os portugueses pedirão ajuda ao FMI e à União Europeia.

Nesta terça-feira, a agência de rating Standard & Poor's cortou a avaliação de Portugal em um nível, de "BBB" para "BBB-", o que, na prática, deve fazer com que o país pague juros ainda mais elevados para conseguir dinheiro no exterior. Na segunda-feira, a taxa para títulos de dez anos subira para 8,17%.

A crise econômica se transformou em crise política. Após ver rejeitado seu pacote de austeridade, com o qual pretendia evitar que o país recorresse ao FMI, o primeiro-ministro Sócrates apresentou sua renúncia na semana passada.

Lula: não ao FMI

Lula desaconselhou Portugal a pedir ajuda ao FMI, afirmando que o fundo não resolverá o problema do país. "Toda a vez que o FMI tentou cuidar das dívidas dos países, o FMI criou mais problemas para os países do que soluções", afirmou o ex-presidente do Brasil.

Lula disse ainda que "a Europa é muito grande" e que, "se a Europa quiser, vai encontrar soluções para Portugal, para a Grécia, para a Espanha".

Sócrates recusou-se a comentar "os assuntos domésticos" de Portugal, afirmando apenas que "os problemas de Portugal resolvem-se com a confiança dos mercados", sublinhando que essa é "a única ajuda de que Portugal precisa" e que é nisso que o país está a trabalhar.

Sócrates destacou ainda "a excelente relação" de Lula e do Brasil com Portugal: "O presidente Lula foi um grande amigo do nosso país, que se empenhou desde sempre, desde que iniciou as suas funções [de presidente] em estreitar as relações não apenas políticas, culturais e históricas mas também econômicas entre Portugal e o Brasil", afirmou Sócrates.

AS/lusa/abr/rtr/dpa
Revisão: Carlos Albuquerque

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